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Como funciona o seguro de vida resgatável?

A modalidade, além de garantir a cobertura de um seguro convencional, possibilita que parte (ou todo o valor investido) seja recuperada em vida

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Seguro de vida: contratação de modalidade resgatável cresceu (37,3%) entre janeiro e fevereiro deste ano (Sukanya Sitthikongsak/Getty Images)

Seguro de vida: contratação de modalidade resgatável cresceu (37,3%) entre janeiro e fevereiro deste ano (Sukanya Sitthikongsak/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2022, 09h00.

Última atualização em 5 de agosto de 2022, 10h58.

Proteger financeiramente a família, caso ocorra um imprevisto, é o principal objetivo de um seguro de vida. Porém, esse produto ganhou novos contornos com o surgimento do seguro de vida resgatável.

O que é seguro de vida resgatável?

Como já indica o nome, essa modalidade, além de possuir as coberturas tradicionais de um seguro de vida comum, oferece também a possibilidade de resgate do valor investido (parcial ou total) pelo próprio segurado, em vida, após um período de carência

Essa flexibilidade agradou o mercado e o modelo é hoje um dos mais bem-sucedidos do segmento. De janeiro a fevereiro deste ano, enquanto os seguros de pessoas cresceram 3,8%, especificamente os seguros de vida resgatáveis registraram ampliação quase dez vezes maior, de 37,3%, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). 

Só na Prudential Brasil, uma das primeiras seguradoras a ofertar essa opção em grande escala no país, as vendas desse produto aumentaram, em média, 20% nos últimos cinco anos (2017 a 2021). 

Como funciona o seguro de vida resgatável?

A planejadora financeira pessoal Silvia Benucci explica que há dois tipos de seguro nesses moldes, um com prazo de vigência determinado e outro vitalício. 

Na primeira opção, há uma data de validade. As mensalidades são pagas e os beneficiários ficam protegidos. No término desse prazo, entretanto, se nada tiver acontecido, o titular recebe de volta a quantia aplicada, com as devidas correções, e a proteção do seguro é encerrada.

“Há um prazo definido de pagamento na contratação. Após essa data, o segurado está apto para resgatar os valores conforme a tabela de resgates previamente fornecida pela seguradora no momento da contratação”, diz a especialista. 

Já na alternativa vitalícia, o cliente mantém o seguro quitado e é ele quem decide quando (e se) quer resgatar o capital. Nesse caso, basta cancelar a apólice e solicitar os recursos. Caso não faça isso, a proteção continua valendo até que o sinistro ocorra, como um seguro de vida convencional.

Resgate do valor pago

As condições do seguro variam de acordo com cada seguradora. A cobertura de algumas oferece, por exemplo, o resgate em caso de doença grave ou invalidez, o que vai influenciar o percentual de retirada do capital e os custos de manutenção. 

Um ponto em comum no segmento, entretanto, é a carência de pelo menos 24 meses para resgate. Lembrando que o dinheiro recuperado é diretamente proporcional ao tempo que ele ficou aplicado. Ou seja, somente mantendo o seguro por vários anos é que será possível, de fato, reaver uma quantia maior ou talvez o total gasto. 

Silvia destaca que os valores que compõe a tabela de resgate são baseados numa avaliação do segurado no momento da contratação, que considera a idade, o sexo e a saúde da pessoa. “Portanto, dependendo da análise, os valores a serem resgatados podem ser maiores, menores ou iguais aos valores pagos.”

Vantagens x desvantagens

Uma das vantagens da modalidade, em especial no prazo vitalício, está exatamente na questão da avaliação: com ela, será determinado o pagamento do seguro por toda a sua vigência, sem reenquadramento por idade depois (apenas reajuste pela inflação). 

“O seguro não vai aumentando de valor conforme o segurado fica mais velho. Também não há reavaliação de saúde e risco agravado após a contratação. Risco agravado pode significar uma questão de saúde piorada ou mesmo alteração de profissão, hobby ou esporte radical”, esclarece a planejadora financeira.

Por isso, adquirir o seguro vitalício ainda jovem é mais vantajoso. “Quando se contrata com baixa idade e normalmente a saúde está mais dentro das referências esperadas, menor o valor financeiro de pagamento”, salienta. 

Além desse ponto, a grande vantagem desse tipo de proteção é certamente a flexibilidade. “A contratação de um seguro de vida é baseada em uma fotografia financeira. Mas, como sempre digo, a vida não é uma foto, é um filme. Se no futuro aquele seguro que no passado fazia todo sentido não fizer mais, pode ser resgatado, reincorporando os valores ao patrimônio”. 

Por outro lado, a principal desvantagem do seguro de vida resgatável está nas mensalidades/anuidades, que são mais altas do que o modelo tradicional. 

Assim, é bom avaliar bem o peso delas no orçamento. O cálculo sugerido pela especialista é o seguinte: se o valor pago anualmente ultrapassar 6% da renda líquida anual ou 1% do patrimônio bruto, quando não há geração de renda, essa modalidade pode não ser a ideal para o cliente naquele momento. 

Seguro de vida não é investimento

Diferentemente do que muitas pessoas pensam – ou muitos corretores levam a crer –, esse formato de seguro não é uma espécie de previdência privada nem tem conotação de investimento financeiro.

Ele pode sim ser uma reserva útil em uma situação emergencial, mas não é a opção ideal para complementar a aposentadoria do INSS ou ser usado como aplicação. 

“Os seguros dessa modalidade não têm ‘rendimento’. Têm atualização monetária anual baseada no índice de inflação IPCA. Quando um corretor diz que o seguro é atualizado pelo IPCA + 3% ou 2%, esses percentuais são atuariais e já estão calculados na tabela de resgate”, diz Silva. 

E alerta: “Existe uma curva do resgate dos valores pagos quando ocorre antes do prazo de quitação. Por isso, pode haver, na verdade, uma perda financeira significativa”. 

Seguro de vida resgatável:

(ARTE/Exame)