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Sucessão de CEO da Disney é mais complexa do que parece para império bilionário

Bob Iger, conhecido por ser um dos mais vorazes executivos do entretenimento, está saindo pela segunda vez da posição de CEO

Disney: empresa enfrenta desafios na sucessão (	P_Wei/Getty Images)

Disney: empresa enfrenta desafios na sucessão ( P_Wei/Getty Images)

Paloma Lazzaro
Paloma Lazzaro

Estagiária de jornalismo

Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 06h14.

Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 06h25.

"Succession", a série de sucesso da HBO, acabou em 2023. Não há nenhuma relação institucional entre a HBO e a Disney, pelo menos até o momento. A obra nem mesmo foi inspirada pela empresa, sendo que o modelo mais provável foi a família Murdoch e a Fox. Apesar disso, o enredo de "Succession" tem muito em comum com os bastidores corporativos da Walt Disney Company.

Um CEO com legado robusto na indústria do entretenimento e uma reputação voraz está saindo de sua posição de comando após anos. Houve uma tentativa prévia de transição de poder, mas ela foi revertida em pouco tempo.

Agora, no momento definitivo de sucessão, há um impasse entre diversos candidatos à vaga. Bob Iger, o atual CEO da Disney, pode ser Logan Roy nessa complexa estrutura.

A Disney anunciou que a escolha de um sucessor deverá ser definida no início de 2026, ano em que o contrato de Iger acaba. Visões criativas e empresariais distintas poderão ser escolhidas pelo conselho da empresa, e a própria opinião do mandatário atual poderá ter peso na decisão.

Josh D'Amaro vs. Dana Walden

Os principais candidatos a CEO são Josh D’Amaro, chefe da divisão de experiências, e Dana Walden, co-presidente de entretenimento e streaming.

Ambos se reuniram com o conselho da Disney no meio do ano em Orlando, na Flórida, para discutir suas visões para a Disney, segundo o Wall Street Journal.

D'Amaro lidera a unidade de experiências da Disney, que inclui parques temáticos, produtos de consumo, navios de cruzeiro e videogames. Ele é considerado o principal candidato ao cargo.

Os parques temáticos se tornaram o negócio mais importante da Disney nos últimos anos à medida que a televisão tradicional perdeu espaço e o streaming não se mostrou tão lucrativo quanto o modelo antigo. D'Amaro supervisionou numerosos aumentos de preços nos parques e permaneceu popular entre os fãs.

A visão de D'Amaro para o futuro da Disney inclui dar aos videogames um papel maior na empresa e integrar a tecnologia de jogos em todos os seus processos criativos, segundo o WSJ.

O chefe de Experiências, que está na Disney desde 1998, defendeu um investimento de US$ 1,5 bilhão na Epic Games no ano passado e supervisionou o relacionamento com a criadora do "Fortnite".

Já Walden, vinda da aquisição da 21st Century Fox em 2019, é vista como a executiva criativa mais experiente da Disney. Seus apoiadores afirmam que conteúdo de sucesso em filmes e TV é o motor que impulsiona todos os negócios da Disney.

A trajetória dela inclui a gestão de disputas delicadas, como o impasse recente com a YouTube TV, o acompanhamento da reestruturação do streaming, que melhorou margens de lucro, e o afastamento e reintegração do apresentador de talk show noturno Jimmy Kimmel em setembro.

O embate entre os dois pode definir se a estratégia da Disney para os próximos anos será focada na área comercial ou no entretenimento.

Alan Bergman, Jimmy Pitaro e Andrew Wilson

Além de Walden e D'Amaro, outros nomes são citados, mas com menos força. Alan Bergman, chefe de marcas como Pixar, Lucasfilm e Avatar, não é considerado um candidato com chances reais.

Jimmy Pitaro, líder da ESPN, já afirmou estar em seu “emprego dos sonhos” e não é visto como candidato por falta de experiência com entretenimento roteirizado e parques.

O conselho também avaliou candidatos externos, como Andrew Wilson, CEO da Electronic Arts. No entanto, o WSJ apontou que a escolha deverá ser interna.

Sucessão na Disney (Montagem/Exame)

Quem escolherá o CEO da Disney?

O processo da seleção de um CEO é conduzido por James Gorman, presidente do conselho da Disney.

Ele foi elogiado por gerenciar uma transição de CEO no Morgan Stanley que, como a Disney, apresentou candidatos internos disputando a posição. Executivos que não conseguiram o cargo principal permaneceram na instituição financeira. A Disney espera fazer o mesmo com sua equipe de liderança.

Carolyn Everson, também integrante do conselho, declarou ao WSJ que o cronograma será cumprido e a escolha ocorrerá no início de 2026. Ela destacou que Iger continua sendo um “líder extraordinário” e que o foco é garantir uma sucessão estável, sem desgaste ou fuga de talentos.

Contratos de executivos da Disney geralmente duram de três a cinco anos.

Bergman, D'Amaro e Walden foram nomeados para suas posições atuais no início de 2023. Extensões contratuais podem incluir responsabilidades expandidas ou títulos maiores para executivos que não se tornarem CEO, bem como aumentos de remuneração para motivá-los a permanecer.

A intenção é garantir continuidade, independentemente de quem assuma a liderança. Afinal, a última transição de poder foi conflituosa.

O legado de Bob Iger

Iger assumiu o comando da Disney em 2005 após uma revolta dos acionistas contra Michael Eisner, seu antecessor na posição de CEO.

O primeiro mandato de 15 anos como CEO de Iger foi tão bem-sucedido que ele admitiu à Vogue que considerou concorrer à presidência dos Estados Unidos como democrata em 2020. Desde então, já adiou sua aposentadoria cinco vezes.

Ele foi responsável por revoluções internas na empresa, que fizeram da Disney a segunda maior no setor de entretenimento, atrás apenas da Comcast. Apesar disso, a história corporativa da Disney desde então é marcada por conflitos de poder.

Em 2020, Bob Iger saiu do cargo de CEO, pouco antes da pandemia de Covid-19 explodir. Em seu lugar entrou Bob Chapek, mas Iger não saiu da empresa e continuou em uma posição de alta liderança.

Por dois anos, eles travaram diariamente um dos maiores confrontos corporativos da história recente de Hollywood.

Esse período foi turbulento desde o início. Segundo reportagem do New York Times, Chapek expressou frustração apenas semanas após assumir o cargo. "Não consigo sobreviver a mais dois anos disso", disse a seu chefe de gabinete, Arthur Bochner. "Ele não vai sair. Estará aqui até morrer."

O clima interno da Disney era comparado a um “ninho de cobras”, marcado por disputas de poder desde a era Eisner.

Além da tensão interna, o fechamento temporário dos lucrativos parques temáticos da Disney devido à pandemia e a "bolha do streaming" pioraram a situação do novo CEO. Após anos de crescimento sob Iger, entre 2020 e 2022, a companhia enfrentou uma de suas piores crises.

O conselho demitiu Chapek pouco antes do Dia de Ação de Graças de 2022. Como ele temia, seu sucessor foi Iger.

De volta ao posto há mais de três anos, o contrato atual de Iger expira em dezembro de 2026.

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