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Para espantar rivais, Netflix faz oferta em dinheiro pela compra da Warner

Nos bastidores das negociações, a dona da franquia "Harry Potter" pediu aos interessados US$ 30 por ação

Netflix: plataforma de streaming é uma das mais interessadas na compra da Warner Bros.Discovery (Imagem gerada por IA/Freepik)

Netflix: plataforma de streaming é uma das mais interessadas na compra da Warner Bros.Discovery (Imagem gerada por IA/Freepik)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 15h15.

Última atualização em 2 de dezembro de 2025 às 15h17.

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Em uma nova rodada de propostas pela Warner Bros. Discovery, a Netflix decidiu dar um passo ousado ao apresentar uma oferta majoritariamente em dinheiro. A tática da companhia de streaming é se posicionar como a principal candidata à compra da gigante de mídia.

Os valores das ofertas, tanto da Netflix quanto dos concorrentes, não foram divulgados. As negociações, lideradas por grandes nomes da indústria cinematográfica dos Estados Unidos, podem resultar em uma escolha do comprador nos próximos dias ou semanas, relataram fontes próximas ao processo à Bloomberg.

Equipes responsáveis pelas propostas da Paramount, Comcast (controladora da NBCUniversal) e Netflix trabalharam durante todo o feriado de Ação de Graças para melhorar suas ofertas, que envolvem a compra total ou parcial da Warner Bros.

Na semana anterior, a Warner Bros. solicitou aos potenciais compradores que apresentassem novas propostas com valores mais elevados. A Paramount apresentou uma oferta que inclui financiamento por meio de dívidas da Apollo Global Management, com a colaboração de fundos do Oriente Médio.

As vantagens da Netflix na disputa

As ofertas feitas são vinculativas, o que significa que o Conselho de Administração da Warner pode aprovar rapidamente o acordo se os requisitos forem atendidos, embora a empresa tenha indicado que as propostas atuais ainda não são finais, estando abertas a novas ofertas, caso as condições sejam favoráveis.

A Netflix, líder no mercado de streaming, está buscando um empréstimo-ponte que somaria dezenas de bilhões de dólares, segundo fontes envolvidas no processo.

A Warner Bros. Discovery está pedindo US$ 30 por ação, valor que o presidente emérito da empresa, John Malone, considera “possível”. As ações da companhia fecharam em US$ 23,87 nesta segunda-feira, 1º de dezembro, o que atribui à empresa um valor de mercado de US$ 59 bilhões.

A Warner se colocou oficialmente à venda em outubro, após receber diversas ofertas não solicitadas, tanto pela totalidade da empresa quanto por partes dela. A Paramount, agora liderada por David Ellison, filho do fundador da Oracle, fez três propostas pela empresa e por todos os seus ativos, incluindo suas redes de TV a cabo.

Já a Comcast e a Netflix demonstram interesse apenas nos estúdios da Warner e no serviço de streaming HBO Max. Caso uma dessas ofertas seja aceita, a Warner seguiria com seus planos de separar os canais de TV a cabo sob a marca Discovery Global, com a cisão podendo ocorrer até o meio do próximo ano.

A pedra no caminho para compra da Warner

Apesar das expectativas do mercado e a pressão das companhias de mídia, os três pretendentes à Warner Bros. apresentam uma série de preocupações regulatórias que podem complicar a compra da empresa.

Em relação à Netflix, uma fusão com a Warner Discovery poderia instigar uma investigação por parte do Departamento de Justiça, afirmou Blair Levin, consultor de políticas da New Street Research e ex-funcionário da Comissão Federal de Comunicações (FCC), ao Wall Street Journal. Ele explicou que, devido ao envolvimento de Reed Hastings, presidente e cofundador da Netflix, no apoio a Kamala Harris (do Partido Democrata) nas eleições presidenciais de 2024, o Departamento de Justiça poderia considerar a oportunidade de Donald Trump, presidente dos EUA, interferir nas negociações e inviabilizar o acordo.

Por sua vez, a Comcast, proprietária da NBC News e do canal MS NOW (conhecido por sua linha editorial progressista), também tem enfrentado críticas públicas por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus aliados, o que gerou dúvidas em Wall Street sobre a viabilidade da aprovação do acordo.

No entanto, na teleconferência de resultados da semana passada, Mike Cavanagh, co-CEO da Comcast, minimizou os obstáculos regulatórios em Washington, sugerindo que, ao contrário do que alguns acreditam, a empresa tem opções viáveis para superar esses desafios.

A Comcast está atualmente desmembrando o MS NOW e outros ativos de TV a cabo em uma nova empresa chamada Versant. Brian Roberts, CEO da Comcast, não ocupará nenhum cargo executivo ou parte do conselho da Versant, mas será proprietário de um terço das ações com direito a voto. Recentemente, a Comcast também fez uma contribuição para a reforma da Ala Leste da Casa Branca, iniciativa promovida por Trump.

No entanto, David Ellison, CEO da Paramount, se mostrou confiante diante da competição pela compra da Warner ao afirmar, em um evento em outubro, que tem um bom relacionamento com o governo de Donald Trump.

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