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Primeiras doses da vacina de Oxford já estão a caminho de Manaus

As duas milhões de doses da vacina de Oxford chegaram ao Brasil nesta sexta-feira. Em meio à falta de vacinas, a Fiocruz discute se somente uma dose deve ser aplicada a princípio

Nisia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz, durante a chegada das doses da vacina de Oxford (ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/Agência Estado)

Nisia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz, durante a chegada das doses da vacina de Oxford (ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/Agência Estado)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 16h21.

Última atualização em 23 de janeiro de 2021 às 18h48.

Uma semana após ser aprovada, a vacinas contra a covid-19 de AstraZeneca/Oxford começa a ser distribuída aos estados neste sábado, 23. As doses chegaram da Índia na noite de sexta-feira, 22, e a equipe da Fundação Oswaldo Cruz -- que é parceira da AstraZeneca nos testes e futuramente na fabricação da vacina -- passou a noite preparando os lotes.

As primeiras doses já estão a caminho do município de Manaus, que passa por um colapso de saúde com a falta de oxigênio e um pico de casos gerados por uma nova variante do coronavírus.

Os caminhões com as doses no Rio para locais mais próximos também começaram a ser liberados nesta tarde, trafegando sob escolta. Desde a madrugada, as vacinas passaram por um processo de análise para checagem de segurança e as mais de 4.000 caixas foram etiquetadas em português.

As doses chegaram à noite no Rio, na base aérea anexa ao aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador (zona norte da cidade), trazidas em avião que partiu do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Foram duas milhões de doses prontas compradas do Instituto Serum, na Índia. Havia uma expectativa de que as vacinas chegassem antes de domingo, 17, mas a Índia optou por começar a vacinar primeiro sua população antes de iniciar a exportação.

O Serum, maior fabricante de vacinas do mundo, é parceiro da AstraZeneca para produzir 1 bilhão de doses da vacina e destinar parte a países de baixa e média renda, como o Brasil.

A vacina de AstraZeneca/Oxford é uma das principais esperanças para acelerar a vacinação em países mais pobres em todo o mundo, por poderem ser conservadas em temperatura de geladeira -- entre 2ºC e 8ºC -- e serem mais baratas do que as vacinas de RNA mensageiro de Pfizer/BioNTech e Moderna, as primeiras aprovadas.

Só uma dose da vacina?

A Fiocruz também passou a avaliar a possibilidade de que, para agilizar a vacinação inicialmente, os estados apliquem só uma dose da vacina da AstraZeneca a princípio, até que novos lotes de vacinas estejam disponíveis.

A aplicação em dose única foi sugerida pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, em entrevista a GloboNews. “Nós já temos uma comprovação da eficácia de 73% por 120 dias a partir da primeira dose. Tratamos a segunda dose quase como um reforço”, disse na quinta-feira, 21.

“Nossa recomendação, e é um programa que está sendo utilizado pela Inglaterra e pela maioria dos países, é realmente aproveitar essa característica da vacina e fazer uma vacinação mais rápida, para distribuir doses para mais pessoas num primeiro momento, para que a gente possa diminuir a carga viral populacional, e com isso diminuir a transmissão da doença”, sustentou Krieger.

O Ministério da Saúde defende que as duas doses sejam aplicadas, conforme nos testes da fabricante.

O Brasil começou a vacinar sua população no último domingo, 17, com a Coronavac, vacina da chinesa Sinovac testada em parceria com o Instituto Butantan.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de seis milhões de doses da Coronavac e das duas milhões de doses da vacina de AstraZeneca/Oxford. Nesta sexta-feira, 22, a Anvisa aprovou ainda outras 4,8 milhões de doses da Coronavac que já estavam prontas ou em fase final de produção.

A discussão sobre usar uma ou duas doses neste momento vem do fato de que, apesar dos novos lotes de vacina chegando, os imunizantes hoje disponíveis para o Brasil podem acabar em menos de uma semana.

Para fazer mais doses, as fábricas de Butantan e Fiocruz aguardam a vinda de insumos para a produção de mais doses internamente -- o chamado IFA, que, no caso dessas duas vacinas, vem da China. Diplomatas brasileiros, o governo federal, a Câmara e o estado de São Paulo estão todos em esforços para que a China libere o embarque do material.

No segundo semestre, o Brasil pode já passar a produzir o IFA internamente, o que facilitará a ampliação da capacidade de produção das vacinas.

Popularidade pelas vacinas

Para 56% dos brasileiros, o mérito pela aprovação das vacinas contra a covid-19 cabe à comunidade científica, e não a políticos específicos, segundo nova pesquisa EXAME/IDEIA. Dentro desse percentual da população, quase a metade reconhece o papel do Instituto Butantan e da Fiocruz na busca pelo imunizante no país.

Na corrida pela vacina no Brasil, os políticos são os que menos levam o crédito: 8% atribuem a conquista do imunizante ao governador de São Paulo, João Doria; 5%, a Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, e apenas 1%, ao presidente Jair Bolsonaro. Já para 13% dos entrevistados, a liberação do uso emergencial das vacinas se deve a pressão da própria população.

Os dados constam de uma pesquisa exclusiva EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.

(Com Estadão Conteúdo)

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