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The Town: tudo sobre o primeiro dia do festival em SP

Lentidão nas filas, chuva e grandes artistas marcam o 1° dia da história do evento paulista

Post Malone no The Town: cantor trouxe energia e carisma mesmo sob chuva (Diego Padilha/I Hate Flash/Divulgação)

Publicado em 3 de setembro de 2023 às 10h33.

Última atualização em 4 de setembro de 2023 às 12h52.

Irmão do Rock in Rio, o paulista The Town teve um primeiro dia agitado. O festival, que promete transformar o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, na "Cidade da Música", teve o início de sua primeira edição marcado por filas longas na entrada,tumulto nas estações da Linha-9 Esmeralda e trânsito na região.

“Colocaram Tasha e Tracie e Karol pra abrir o The Town mas é simplesmente impossível chegar e entrar no festival”, escreveu o podcaster e influenciador Duda Dello Russo via Twitter.Há relatos de horas de espera para entrar e uma fila com cerca de 2km de extensão.

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Por volta das 10h, os trens da Linha-9 Esmeralda passaram a operar com maior tempo de parada após uma falha no sistema elétrico na região de Jurubatuba/Autódromo. A operação voltou ao normal por volta das 17h.

Dentro do festival, filas nos bares, estandes e restaurantes também se acumulavam. Relatos do público indicam que a lentidão, tanto na entrada quanto dentro do festival, pode ser pelafalta de uma pulseira cashless.

Usada no Lollapalooza, a tecnologia permite que o consumidor pague só encostando a pulseira na maquininha do cartão. Ela também garante fluidez na hora de entrar no festival, já que é só encostá-la para que o ingresso seja validado, sem necessidade de procurar pelo ingresso no celular ou no bolso.

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Em nota, o The Town afirma que o motivo do atraso nas filas foi por conta de uma demanda reprimida. "A operação do festival trabalha intensamente para que o público acesse o local, porém, é necessário garantir a segurança de todos", explicou.

Para finalizar, a chuva que começou no fim da tarde e durou até o final do evento deixou tudo um pouco mais difícil. No chão, correntes de água se formavam e lama aparecia mesmo por baixo da grama sintética.

Mas quem olhava para os palcos dificilmente iria se decepcionar: Tasha & Tracie, Racionais, Demi Lovato, Post Malone e mais artistas garantiram que, molhados ou não, o público do The Town teria seu dia na "Cidade da Música". Veja tudo sobre os principais shows:

Show do Post Malone no The Town: cantor usava camiseta da seleção brasileira (Diego Padilha/I Hate Flash/Divulgação)

Post Malone

Com a energia nas alturas, um traço comum de seus shows, o cantor Post Malone fez um show inesquecível no The Town. Mesmo debaixo de chuva forte durante todo o tempo da apresentação, o rapper entregou uma performance energizante e até um momento mais próximo do público. “Parece que toda vez que eu venho aqui, chove”, brincou ele.

Vestido com a camisa 10 de Neymar, ele também chamou ao palco o sobrinho da cantora Priscila Alcântara, que tocou “Stay” no violão ao lado do rapper. O instrumento, inclusive, foi um grande destaque do show: Post Malone trouxe versões acústicas de algumas de suas músicas, como “Feeling Whitney".

Carismático, o artista se sente cada vez mais em casa em terras brasileiras e entregou um show recheado de muita dança e piadas. O artista volta ao país exatamente um ano depois de se apresentar no Rock in Rio de 2022. Sua estética se mantém: Malone sustenta a curiosidade da plateia com muita voz em um show onde estava sozinho no palco para apresentar a turnê "If y’all weren’t here, I’d be crying" (do inglês, "se vocês todos não estivessem aqui, eu estaria chorando").

Demi Lovato

De volta em solo brasileiro cerca de um ano após sua apresentação no Rock in Rio, Demi Lovato animou o palco principal com uma mistura do seu último álbum "Holy Fvck" e os hits mais famosos da carreira, como "Neon Lights", "Skyscraper" e "Give Your Heart a Break". Inspirada nas músicas mais recentes, a cantora trocou o instrumental pop das canções mais antigas por uma melodia de rock.

Em um dos momentos mais aguardados do dia, Demi Lovato convidou a brasileira Luísa Sonza para subir ao palco e cantar "Penhasco 2". Na música, Lovatocanta em português. "Saudades não tem tradução", diz ela em um dos versos. O feat entre as duas foi lançado na última semana, no álbum "Escândalo Íntimo" de Sonza. A cantora brasileira se apresenta neste domingo, 3, no The Town.

Demi Lovato e Luísa Sonza no The Town: artistas cantaram novo feat, "Penhasco 2" (Diego Padilha/I Hate Flash/Divulgação)

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Criolo convida Planet Hemp

Em meio a chuva forte que marcou o primeiro dia do The Town, Criolo subiu ao palco The One ao lado de Planet Hemp, grupo liderado pelo rapper Marcelo D2. Apesar da chuva, o público estava animado acompanhando o show, se reunindo em rodas de dança e curtindo os hits de rap.

A noite contou com sons como “Sobre Viver”, "Convoque Seu Buda" e “Nó na Orelha” do Criolo. Um dos auges – tão esperados – da apresentação foi o momento em que o rapper apresentou “Não Existe Amor em SP”. Em uníssono com o barulho da chuva, os fãs cantavam as letras do clássico a plenos pulmões.

Já Planet Hemp entrou se apresentando a ácida crítica de “Distopia”, faixa que é uma parceria com o Criolo. Durante a canção, o grupo questionou sobre o cultivo da maconha, afirmando que jardineiro não é traficante. Além disso, os cantores trataram sobre intolerância religiosa vividas pelas religiões de matrizes africanas. Esse foi o primeiro show de Criolo com Planet Hemp em 2023, eles já dividiram os palcos em 2022, no Lollapalooza e em outros eventos.

Tasha & Tracie

As irmãs gêmeas da Zona Norte de São Paulo abriram a primeira edição do festival The Town. A dupla de rappers estourou no último ano com hits como "TANG" e "Pisando Fofo", com Gloria Groove, e não deixou se abalar pelo público pequeno, que aumentou conforme o público conseguia entrar no festival.

Tasha & Tracie sobem ao palco em cima de uma moto e cantam sobre cultura preta, ostentação e a vivência nas favelas. A convidada Karol Conká cantou três músicas de autoria própria e, em um momento, chegou a tocar uma prévia de um feat que irá lançar com a dupla de gêmeas.

Os rappers e namorados de Tasha & Tracie, Kyan e Rapper Gregory, também cantaram com a dupla em alguns momentos do show. Por último, as artistas jogaram lip gloss personalizado para os fãs. Um detalhe pequeno, mas que mostra um interesse da dupla de ir além do som.

Racionais e Orquestra Sinfônica de Heliópolis

Um dos shows nacionais mais aguardados da noite foi o dos Racionais Mc's, acompanhados da primeira orquestra sinfônica do mundo vinda diretamente das favelas brasileiras. Mas quem passou por lá saiu um pouco frustrado: apesar da apresentação incrível dos MC's, o som da orquestra ficou quase invisível quando somado ao microfone dos rappers e aos sintetizantes, usados em conjunto. A chuva, que não deu trégua à noite toda, também obrigou alguns músicos a deixarem o palco.

Mesmo com o som prejudicado e com toda a aguaceira, a apresentação dos Racionais e da Orquestra foi proveitosa. O grupo tocou as conhecidas músicas "Negro Drama", "Jesus Chorou", "Vida Loka Parte 2", "Capítulo 4 Versículo 3", entre outras. Bailarinos e imagens de São Paulo ilustraram o palco do The One, assim como o nomes de quilombolas mortos e pessoas negras assassinadas por policiais no Brasil ao longo dos anos.

"Zona Sul de São Paulo. Interlagos. Pra falar a verdade, eu vim aqui só uma vez, quando tinha dez anos. O que o Marighella pensaria de mim agora?", perguntou Mano Brown. O rapper escancarou o elitismo dos festivais que acontecem no Autódromo e fez um show marcado por críticas sociais.

Esperanza Spalding

A contrabaixista e cantora estadunidense de 38 anos, Esperanza Spalding, marcou presença neste primeiro dia do festival. Spalding levou um pouco das suas referências de improvisação do jazz ao palco São Paulo Square, específico para o gênero e blues.

Intimista, o show parecia ter poucos fãs, em um dia onde a plateia competia espaço para ver Demi Lovato e Post Malone. Mesmo assim, o clima era de festa. Com uma estética minimalista, Esperanza trouxa ao palco, sua banda com uma backing vocal e quatro dançarinos contemporâneos, que expressavam através dos movimentos as batidas e contratempos das músicas apresentadas.

Com muito bom humor, carisma e uma proximidade com o público de impressionar, a cantora de “I Know You Know”, “You Have to Dance” e “Ponta de Areia” dedicou seu show aos povos indígenas e fez um comentário se posicionando contra o marco temporal, tese que tramita no STF e que, se aprovada, prevê a possibilidade de demarcação apenas dos territórios já ocupados quando foi promulgada a Constituição de 88.

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