Painel de cotações da B3: Qualicorp (QAUL3) dispara e é maior alta do dia (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 3 de janeiro de 2023 às 10h31.
Última atualização em 3 de janeiro de 2023 às 18h17.
O Ibovespa recua nesta terça-feira, 3, dia de queda em Wall Street e incerteza no cenário político local. Por aqui, temores fiscais em torno do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pesaram negativamente nas negociações depois de uma queda de mais de 3% na véspera.
Com a baixa desta terça, o Ibovespa teve seu terceiro pregão consecutivo de perdas. Preocupações sobre a sustentabilidade da dívida pública também afetaram os juros futuros e o câmbio. O dólar comercial fechou a sessão cotado a R$ 5,45, seu maior patamar desde julho do ano passado.
Apesar de promessas de responsabilidade fiscal por parte do novo governo, no mercado impera o ceticismo. O novo governo tem prometido responsabilidade fiscal, principalmente na figura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas o mercado espera indicações mais concretas do que será feito.
Outro problema é a isenção de impostos para os combustíveis, prorrogada pelo novo governo e promulgada hoje em medida provisória. A mudança diminui a arrecadação do governo e pode desequilibrar as contas na visão do mercado.
Para somar às incertezas, o ministro da previdência social, Carlos Lupi, disse hoje que a previdência não é deficitária e que pretende modificar a reforma da previdência aprovada por Bolsonaro. Lupi chamou o movimento de 'antirreforma da Previdência'.
“A grande pergunta que ainda não foi respondida é onde será o piso: o suporte que vai frear a queda do Ibovespa na semana. Alguns acreditam que pode ser em 100 mil pontos, mas até agora ainda não há sinalização de que a queda vai parar e o mercado vai reverter para alta”, avaliou Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
Neste momento de incerteza, as estatais voltaram a ser prejudicadas, com o mercado temendo interferência do governo na gestão das empresas. Banco do Brasil e Petrobras recuaram cerca de 2% – lembrando que a petroleira já havia caído 6% no dia anterior.
Investidores temem que a lucratividade da estatal esteja comprometida durante a nova gestão. Segundo o novo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a companhia deve aumentar o número de refinarias, indo em direção oposta aos planos da administração anterior.
O senador Jean Paul Prates, que deve ser indicado oficialmente nesta terça para o comando da companhia, também sinalizou que a política de preços da Petrobras passará por reformulações.
A estatal também reagiu à queda do petróleo no mercado internacional. A commodity caiu mais de 4% de olho no enfraquecimento da demanda chinesa.
Em mais um dia de queda generalizada do Ibovespa, as ações prejudicadas pela alta dos juros ficaram na lanterna do Ibovespa, com o Méliuz liderando as baixas. A fintech, que ontem ficou com a liderança do Ibovespa, hoje devolveu os ganhos conquistados com a venda de participação para o BV. Já a Prio (ex-PetroRio) acompanhou as baixas do setor de petróleo.
Das 89 ações do Ibovespa, 84 encerraram o dia no negativo.
Entre as altas, a Qualicorp se destacou e disparou mais de 7% após a após a Rede D'Or ter anunciado a redução de sua participação direta na empresa de 25,85% para 6%. A fatia restante de 19,85% será gerida pela gestora Prisma Capital de forma discricionária pelo prazo de seis anos.
Analistas do Credit Suisse avaliaram que a mudança reduz o conflito de interesse entre as empresas após a Rede D’Or adquirir a SulAmérica. Tanto SulAmérica quanto Qualicorp são empresas que atuam com planos de saúde.
O clima também foi de cautela em Wall Street, onde os principais índices de ações caíram no primeiro pregão do ano após o feriado estendido de Ano Novo na véspera. O viés negativo deu sequência ao clima do mercado americano em 2022, o pior ano de Wall Street desde 2008.