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Taxa Selic: o que é, como funciona e qual o impacto

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia no Brasil, e quem a define é o Copom, Banco Central; hoje está em 10,5% ao ano

 (Getty/Getty Images)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 8 de maio de 2024 às 18h42.

Última atualização em 8 de maio de 2024 às 18h52.

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Quando se fala sobre investimentos ou de algum assunto relacionado à economia, existem alguns termos que são mais comuns de serem vistos. Um dos mais comuns é a taxa Selic, ela é a taxa básica de juros da economia e é usada para controlar o fluxo de emissão e de circulação de recursos financeiros no país, por isso muitos investidores procuram saber qual é a taxa selic hoje.

Entender o que é taxa Selic pode fazer com que se tenha decisões financeiras mais assertivas, seja quando for realizar algum empréstimo, ou no momento de investir. Isso porque ela pode influenciar grande parte das movimentações da economia, o que impacta diretamente nos demais produtos e serviços financeiros disponíveis aos brasileiros.

Qual a taxa Selic hoje?

Hoje, a taxa Selic está em 10,5% ao ano, ela foi reduzida em 0,25 ponto percentual após a última reunião do Copom, no dia 8 de maio de 2024.

O que é taxa Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear todos os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem está investindo.

O Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.

É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo que são feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.

Como é definida a Taxa Selic?

A taxa Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), que se reúne a cada 45 dias para analisar o cenário econômico e decidir sobre possíveis alterações na taxa.

A taxa Selic hoje é utilizada como referência para diversas transações financeiras e serve como instrumento de controle da inflação e estímulo à economia.

Quando o COPOM decide aumentar a taxa Selic, busca-se reduzir o consumo e o investimento, controlando a demanda e, consequentemente, a inflação.

Por outro lado, quando há a decisão de diminuir a taxa, busca-se estimular a atividade econômica, incentivando o consumo e o investimento.

A definição da taxa Selic leva em consideração uma série de fatores, como o comportamento da inflação, o nível de atividade econômica, as expectativas dos agentes econômicos, entre outros indicadores.

Essa taxa tem grande impacto em diversos setores da economia, desde empréstimos bancários até investimentos em renda fixa e variável. É uma das principais taxas de juros do país.

O que é a ATA do COPOM?

A ATA do COPOM é a Ata da Reunião do Comitê de Política Monetária. É um documento divulgado após as reuniões do COPOM que traz informações sobre as discussões, análises e decisões relacionadas à política monetária e à taxa Selic.

Ela apresenta uma visão mais detalhada do raciocínio e das projeções do Banco Central, sendo usada por muitos empresários, economistas e outros profissionais para suas atividades profissionais.

O que faz a Selic subir e cair?

A taxa Selic pode subir ou cair de acordo com a decisão do COPOM com base em uma análise do cenário econômico.

Ela tende a subir quando há preocupação com a inflação, indicando uma política mais restritiva para controlar a demanda. Por outro lado, ela pode cair quando há necessidade de estimular a economia e o consumo, indicando uma política mais expansionista.

Histórico da taxa Selic

O que significa a sigla Selic?

O termo Selic é uma sigla que significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia, o sistema utilizado pelo Banco Central para controlar a emissão, a compra e a venda de títulos públicos, conduzindo a política econômica e controlar a inflação. 

Para que serve a Taxa Selic?

A Selic é usada para controlar o fluxo de emissão e de circulação de recursos financeiros no país. O governo federal custeia seu funcionamento por duas formas principais: a arrecadação de impostos e a emissão de dívida. A Selic é usada para estabelecer o custo dessa dívida e de todas as outras operações de crédito do país.

O Banco Central monitora os indicadores de endividamento do governo e das famílias e a movimentação dos preços dos produtos e serviços. Quando há um descontrole em qualquer desses índices, o Copom pode intervir para controlar o volume de dinheiro em circulação.

Para entender essa dinâmica, basta observar o que aconteceu em 2015. Naquele ano, o aumento da dívida do governo federal fez com que o volume de dinheiro em circulação aumentasse. A inflação subiu para mais de 10% e o Banco Central decidiu realizar uma série de reajustes na Selic, até que a taxa chegasse a 14,25% no final do ano.

O que acontece quando a Selic sobe

  • Quando o Banco Central aumenta a taxa Selic, a tendência é de queda na inflação e de desaceleração da economia, pois há um desestímulo ao consumo;

O que acontece quando a Selic cai

  • Quando o Banco Central reduz a taxa Selic, a tendência é de alta na inflação e aceleração da economia, pois há um estímulo ao consumo;

O exemplo que citamos é recente, mas a relação entre inflação e Selic é de longa data. A taxa básica de juros foi criada em 1979, período em que o reajuste de preços estava fora de controle no Brasil. Ao longo do tempo, a ideia de usar a taxa para controle monetário ficou ainda mais forte.

Como a Taxa Selic influencia a inflação?

A taxa Selic serve como parte estratégica de combate à inflação no Brasil, e de uma série de medidas de política monetária adotadas pelo Banco Central na tentativa de manter a economia do país estável.

Alguns membros do Banco Central fazem parte do Conselho Monetário Nacional (CMN), que se reúne para discutir e adotar metas para tentar arrefecer a inflação no Brasil, conforme o cenário que se tem no momento. Assim, a taxa Selic é novamente definida por um determinado período.

Quando se iniciou esse método de estabelecer uma meta de inflação no Brasil, ela foi definida em 8%. Passado algum tempo, esse número foi para 4,5%. Em 2020, essa meta foi para 4,5%.

Por que acompanhar o valor da taxa Selic hoje?

A Taxa Selic é alterara frequentemente pelo Banco Central, o procedimento para a mudança da taxa Selic ocorre após reuniões do Comitê de Política Econômica (Copom), que também faz parte do Banco Central do Brasil. O intervalo de tempo entre uma reunião e outra é de 45 dias, quando será determinada a manutenção ou a alteração da taxa básica de juro, conforme o momento econômico que o país vive e o cenário inflacionário.

A taxa Selic costuma embasar tendências dos juros de empréstimos e também dos rendimentos de ativos de renda fixa

Além disso, também acaba impactando os investimentos de renda variável, uma vez que quando os ativos de renda fixa oferecem um maior “prêmio” frente a um risco menor, o capital de investimento tende a migrar para eles, fazendo com que os ativos de mais alto risco geralmente sejam menos procurados em determinado período.

Quem define a taxa Selic?

A meta da taxa Selic é definida em uma reunião que acontece a cada 45 dias, do Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central. Nesse encontro são levados em conta as projeções e os estudos da atividade econômica e da inflação.

A cada reunião, o Copom publica uma ata explicando as razões que levaram o Comitê a manter, aumentar ou reduzir os juros. A Ata do Copom também explica qual é a visão da autoridade monetária para o cenário futuro, o que ajuda a prever as próximas movimentações da Selic.

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Como a Selic influencia os investimentos?

Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, ela serve de base para diversas taxas de abrangência nacional - não só as cobradas em empréstimos e financiamentos, mas também nas taxas de retorno em aplicações financeiras, como o CDI, que é o Certificado de Depósito Interbancário.

O CDI é um mecanismo de lastro (garantia) para operações realizadas diariamente por instituições financeiras. Ele reflete diretamente o custo dos empréstimos feitos entre os bancos, e por isso costuma acompanhar de perto a própria taxa Selic.

No mundo dos investimentos, o CDI é usado para calcular o retorno de diversas aplicações pós-fixadas de renda fixa. como:

  • Certificado de Depósito Bancário (CDB);
  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letra de Crédito do Agronegócio (LCA);
  • Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI);
  • Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
  • Recibo de Depósito Bancário (RDB);
  • Debêntures;
  • Fundos de investimento;
  • Poupança.

Em geral, o rendimento dessas aplicações é apresentado como um percentual do CDI - por exemplo: 110% do CDI. Levando em conta o cenário atual, em que os juros básicos estão na casa dos 2%, uma aplicação cujo retorno é de 110% do CDI irá render 2,2% em um ano.

É importante lembrar que, em tempos de Selic baixa, os investimentos de renda fixa tendem a ter rentabilidade menor.

Se o Banco Central decidir aumentar ou reduzir a Selic, o rendimento da aplicação será diferente a partir do mês em que houve a mudança na taxa básica de juros.

Existem, ainda, ativos como os títulos do Tesouro Selic que são diretamente impactados pela variação da taxa básica de juros. 

Por fim, como a Selic tem relação direta com a inflação, os investidores que aplicam em títulos cujo rendimento é calculado pelo indicador oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), devem observar as movimentações da taxa básica de juros.

Alguns dos investimentos indexados pelo IPCA são o Tesouro IPCA+, debêntures, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e fundos de renda fixa.

Qual a relação entre Selic e a poupança?

A taxa básica de juros também tem relação direta com a caderneta de poupança. O rendimento da poupança pode ser calculado pelo CDI, mas isso depende do valor atual da taxa Selic. Veja abaixo a regra:

  • Quando a taxa Selic estiver abaixo de 8,5%, a poupança renderá 70% do CDI + a Taxa Referencial (TR), que é determinada pelo Banco Central. Atualmente a TR está zerada.
  • Quando a Selic estiver acima de 8,5%, a poupança renderá 0,5% ao mês + a Taxa Referencial.

Como a Selic influencia o consumo doméstico?

Existe uma relação direta entre a taxa básica de juros e o ritmo de crescimento da economia. Isso porque a Selic pode ser um grande fator para o estímulo ou desestímulo ao consumo das famílias e empresas.

Se a Selic é baixa, o governo tem um custo menor para endividar-se, e por isso pode transferir mais recursos para a população e fazer investimentos, como em obras de infraestrutura, saúde e educação, o que gera mais empregos e mais renda.

Os juros baixos também facilitam o crédito para as famílias, já que os financiamentos bancários para aquisição de bens e serviços ficam mais baratos.

No entanto, é importante lembrar que a alta no consumo gera uma pressão da demanda no país, o que pode resultar em uma inflação maior, algo prejudicial para o poder de compra da população.

Se esse efeito inflacionário foge do controle, o Banco Central pode aumentar a taxa Selic para desestimular o crédito e as despesas do governo, o que reduz o ritmo de crescimento de toda a economia.

Qual a diferença entre Selic e CDI?

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e a Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) possuem uma relação estreita. A taxa CDI é baseada na Selic e costuma acompanhar de perto as variações dessa taxa.

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária). Ela é utilizada para controlar a inflação e influenciar a economia como um todo. Quando o COPOM decide alterar a Selic, isso afeta diretamente o custo do dinheiro no mercado.

O CDI, por sua vez, é uma taxa utilizada no mercado interbancário para transações entre os próprios bancos. Ela é geralmente próxima à Selic e serve como referência para diversas operações financeiras, como investimentos em renda fixa.

Assim, é comum que investimentos atrelados ao CDI tenham seus rendimentos influenciados pelas decisões do COPOM em relação à Selic. Quando a Selic sobe, a taxa CDI também tende a aumentar, o que resulta em rendimentos mais atrativos para investimentos nessa modalidade.

Da mesma forma, quando a Selic cai, o CDI tende a acompanhar essa redução, afetando os rendimentos proporcionados por esses investimentos.

Tripé macroeconômico

Nas últimas duas décadas, diversos governantes brasileiros utilizaram a composição de juros e inflação em sua política econômica. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso surgiu o chamado tripé macroeconômico, que orientou a política fiscal do governo nas últimas duas décadas.

O tripé é composto por três fatores: juros, inflação e câmbio.

Basicamente, o BC equilibra a cotação do dólar pelos leilões de moeda estrangeira e pelos juros, que por sua vez influenciam diretamente a inflação. Por ser uma dinâmica em que um fator depende do outro para se manter estável, a política foi chamada de tripé macroeconômico.

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