Esporte

NBA: título inédito e receita recorde de US$ 10 bilhões mostram a força da liga

A NBA conseguiu maximizar seus ganhos, entre outros fatores, pelo grande crescimento entre o público jovem e por ser uma modalidade de apelo global

A análise apontou que a NBA, além de outras ligas americanas, foca no equilíbrio financeiro entre as equipes (Justin Edmonds/Getty Images)

A análise apontou que a NBA, além de outras ligas americanas, foca no equilíbrio financeiro entre as equipes (Justin Edmonds/Getty Images)

Antonio Souza
Antonio Souza

Repórter da Home e Esportes

Publicado em 22 de junho de 2023 às 16h13.

Última atualização em 22 de junho de 2023 às 18h13.

Mais uma temporada da NBA se encerrou e com ela veio um campeão inédito. O Denver Nuggets, equipe dos astros Nikola Jokic e Jamal Murray, confirmou o favoritismo e conquistou o tão sonhado título da NBA.

A conquista inédita do Denver, time com o 22º faturamento da NBA, diz muito sobre os diferenciais que fazem a força da maior liga de basquete no mundo.

Uma pesquisa realizada pela Sports Value, empresa especializada em marketing esportivo, e dados da revista Forbes, mostrou que a NBA, com seus 30 times, gerou na temporada 2021-2022 um total de US$ 10 bilhões em receitas — é 11% a mais que no melhor ano, 2019, e quase 50% a mais que em 2022. Comparando com a NBB, liga de basquete brasileira, o faturamento é 3.000 vezes maior.

A análise apontou que a NBA, além de outras ligas americanas, foca no equilíbrio financeiro entre as equipes, a fim de gerar equilíbrio esportivo. Times fortes e competitivos fazem uma liga mais rica e o papel das competições é fortalecer economicamente os clubes.

Em entrevista para EXAME, Amir Somoggi, autor da pesquisa, afirmou que a NBA se tornou um modelo para outras competições. "A NBB e outras ligas europeias, inclusive de futebol, ainda trabalham muito no conceito de clube. A NBA, quando foi repensada como modelo de negócio especialmente a partir da década de 80, houve uma mudança nessa imagem e ela se globalizou. Ela soube trabalhar os ídolos, os contratos televisivos e se tornou um modelo para outras ligas de esporte" completou.

Patrocínios impulsionado por cripto

A pesquisa mostrou que em 2022, a NBA ultrapassou US$ 1,6 bi em patrocínios, crescimento de 12% em comparação com 2021. Desde 2019, os valores pagos por anunciantes subiram 26%, muito impulsionados pelo setor cripto, que sozinho investiu US$ 130 milhões em patrocínios na liga.

"O que chamou a atenção foi o cripto com vários players. A liga tem dois naming rights de arenas caríssimas, no caso dos Los Angeles Lakers com a Crypto.com Arena e a também tinha a FTX, que agora foi substituída por Kaseya Center. A Socios.com também foi muito importante, então esse US$ 1.6 bi foi muito impulsionado por esse mercado" destacou Amir Somoggi.

O valor de patrocínios nos últimos 12 anos. O crescimento foi decorrente do setor de cripto (SportValue/Divulgação)

Receitas dos clubes

Entre as maiores receitas da competição, dois clubes se destacam entre os 30. Golden State Warriors e Los Angeles Lakers, foram a equipes que mais faturaram em 2022. O GSW ficou em primeiro com um faturamento de US$ 765 milhões, enquanto os Lakers em segundo com US$ 465 milhões.

Segundo Carlos Maluf, Ceo e head de esportes da ESPN, o valor alto de receita para State e Lakers, foi graças aos jogadores que o clubes possuem. "Essas equipes tem dois atletas que são diferenciais, como o Stephen Curry e Lebron James. Quando você tem times com estrelas, a tendência é que tenha mais visibilidade".

Receita dos clubes da NBA em 2023 (Sport Value/Divulgação)

Em relação as arenas, os 30 times da NBA geraram US$ 2,2 bilhões com torcida. Chama a atenção a força da nova arena do Golden State Warriors (GSW), que gerou US$ 257 milhões, frente aos US$ 133 milhões do segundo colocado NY Knicks.

Segundo dados da ESPN, a média de público dos 30 times é de 18 mil por jogo, a pior média é do Oklahoma City Thunder com media de 15,5 mil por jogo e a maior do Chicago Bulls, com 20,1 mil por partida. O índice de ocupação das arenas vai de 87% a 100%.

O que o GSW gera de publicidade e licenças na nova arena, representa mais que qualquer outro time com gameday total. Apenas 6 times faturam mais de US$ 100 milhões por ano com as arenas. Denver Nuggets, por exemplo, gerou US$ 50 milhões em 2022.  A exploração comercial dos 41 jogos em casa (sem contar os playoffs) é o diferencial competitivo de um time em um modelo de liga com rígido controle como a NBA.

Casey Center arena do Golden State Warriors (Jane Tyska/Digital First Media/East Bay/Getty Images)

Por que a NBA tornou-se a liga mais disruptiva do esporte?

A NBA conseguiu maximizar seus ganhos, entre outros fatores, pelo grande crescimento entre o público jovem e por ser uma modalidade de apelo global e pioneira em muitos serviços.

A modalidade não apresentava bons investimentos na década de 90, porém incorporou um modelo de negócio americano onde tentava ser mais inovadora, mesmo sendo a menos rica. A NBA rompeu os padrões e explorou inovações na modalidade.

NBA League Pass

Um dos exemplos foi o NBA League Pass, plataforma de streaming própria para competição que foi uma das pioneiras na ideia. O serviço custa R$50,90 ao mês e o telespectador consegue acompanhar a temporada inteira até os jogos que não passam na televisão.

Após o lançamento do serviço, outros esportes também aderiram a ideia, como o UFC que lançou o UFC Fight Pass, a NFL com a NFL TV, e no Brasil com o Paulistão Play.

NBA House

Outro fator que a NBA se tornou uma das pioneiras foi a criação do NBA House. Trata-se de uma casa temática que oferece aos fãs a oportunidade de vivenciar experiências únicas relacionadas ao universo do basquete. O espaço conta com diversas atrações interativas, como quadras, exposições, lojas, restaurantes temáticos e muito mais.

Após a criação, diversas outras modalidades e ligas tiveram a ideia. Um exemplo foi no futebol europeu com a Champions League Experience, que possui a mesma ideia da NBA, com apresentação da taça e local todo temático da competição

Culto ao ídolo

A NBA também sabe explorar os seus ídolos históricos o que gera muita receita para a liga. Um dos exemplos foi o documentário "The Last Dance" que conta a última temporada de Michael Jordan no Chicago Bulls.

O documentário em dez episódios narra  a geração de Jordan, Pippen e Dennis Rodman com o treinador Phil Jackson, em 1998. Àquela altura, o time vinha de cinco conquistas desde 1991, na verdade, foram os únicos títulos da NBA dos touros de Chicago.

A série teve uma média de 5,6 milhões de telespectadores ao longo de sua exibição e foi trending topic no Twitter por cinco domingos consecutivos. De acordo com a Forbes, o documentário teve faturamento total de US$ 4 milhões.

Competitividade, Draft e times mais parelhos

A NBA também se mostra disruptiva na questão do fortalecimento das equipes. O Draft, onde as franquias da liga tem a oportunidade de escolher novos jogadores para reforçar seus elencos na próxima temporada, é um dos segredos para competitividade alta.

O Draft é realizado anualmente após o fim dos playoffs e trata-se de uma forma de reforçar as equipes e rebalancear. As franquias escolhem jogadores jovens de universidades, que geralmente disputam basquete universitário, para compor o elenco do próximo ano.

As equipes que tiveram a pior campanha tem prioridades nas escolhas, ou seja, é uma forma de equilibrar a força dos times e tornar a modalidade mais competitiva. Eles conseguem escolher os jogadores que mais se destacam, reforçando o elenco que não produziu na temporada.

Na NBA, assim como num time de basquete, ídolos importam, mas é a união faz a força.

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