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Estudo investiga se maconha pode proteger contra coronavírus

Pesquisadores ainda não sabem qual componente da planta pode funcionar como prevenção à covid-19. Estudo ainda não foi avaliado por outros cientistas

Maconha: equipe aponta que componente da erva pode impedir chegada do vírus às celulas pulmonares (Simona Granati/Getty Images)

Tamires Vitorio

Publicado em 12 de maio de 2020 às 10h32.

A maconha é capaz de proteger as pessoas do coronavírus ? Pesquisadores Universidade de Lethbridge, no Canadá , estão investigando a hipótese de que princípios ativos da erva podem ter o efeito contrário à nicotina, o que pode elevar a proteção das células contra a covid-19.

Os resultados fazem parte de uma pesquisa sobre tratamentos para a artrite, a doença de Crohn, e o câncer. No site pireprints.org, a equipe de cientistas sugeriu que uma "variedade especialmente desenvolvida da canabis" poderia reduzir a capacidade do vírus de chegar nas células pulmonares, área mais comprometida pela doença.

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O estudo ainda é preliminar, ou seja, não passou pelo processo de revisão de pares (quando outros cientistas independentes fazem a avaliação).

Para Igor Kovalchuk, um dos autores do estudo, os canabinoides seriam capazes de modificar os níveis da enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2), que atua como um receptor da Sars-CoV-2, o que poderia reduzir o risco de infecção. "Em alguns casos, a maconha reduziu o número dos receptores do vírus em até 73%. Se isso acontece, o risco de ser infectado é muito menor", explicou Kovalchuk ao jornal canadense Calgary Herald.

Segundo os pesquisadores, o bloqueio do coronavírus pelos componentes THC (tetra-hidrocanabinol) e CBD (o canabidiol, componente não psicoativo da cannabis) ainda não são totalmente claros, portanto não se sabe, ainda, qual é o componente da planta que pode ajudar na prevenção contra o coronavírus. "Vai demorar para descobrirmos qual ativo é responsável pela redução -- podem ser vários", disse Kovalchuk.

Apesar disso, eles têm focado nas propriedades anti-inflamatórias do CBD, que é comumente utilizado em remédios. De acordo com Kovalchuk, o foco no componente se dá porque "as pessoas podem tomar doses maiores do canabidiol sem prejuízos".

A teoria ainda não foi testada em pessoas e todo o estudo foi feito usando um modelo 3D de tecidos humanos. "A falta de testes clínicos é uma barreira", afirmou o pesquisador.

Em Israel, pesquisadores também investigam a relação da maconha com o coronavírus e já começaram a testar clinicamente os efeitos da CBD na recuperação de células afetadas pela covid-19.

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