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Como o Eataly quer resgatar a essência da marca: R$ 20 milhões em dívidas quitadas e novas operações

Nova gestão aposta em reestruturação e resgate da essência da marca para equilibrar finanças e impulsionar o crescimento

Eataly: 2.000 pessoas passam pelo local diariamente. (Gabriel Reis/Divulgação)
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 17h21.

Última atualização em 18 de novembro de 2024 às 17h56.

Há quase dez anos no Brasil, a rede italiana Eataly viveu um período de auge, com faturamento anual de R$ 100 milhões. O espaço atraiu amantes da gastronomia com aulas-show de chefs renomados e a chance de provar pratos de estrelas como Alex Atala e Massimo Bottura, um dos chefs italianos mais respeitados da atualidade. Porém, a pandemia de covid-19, combinada a problemas de gestão, levou a marca a enfrentar um cenário difícil, incluindo dívidas de R$ 55 milhões.

É o brilho dos tempos áureos que Marcos Calazans, novo CEO da rede no Brasil, busca resgatar. Ele assumiu a operação há um ano junto com o fundo Wings, formado por investidores, entre médicos, contadores e publicitários, e um Family Office. A transação retirou a South Rock , que está em recuperação judicial, do controle da operação. Pelo acordo, o fundo investiria R$ 15 milhões e assumiria dívidas acumuladas de R$ 45 milhões.

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Contudo, ao finalizar os balanços, Calazans descobriu que a dívida era maior: R$ 55 milhões. O acordo precisou ser revisado e aguarda homologação judicial, mas os resultados já começaram a aparecer. Segundo ele, R$ 20 milhões foram pagos e o restante foi renegociado com credores, que retomaram o fornecimento de produtos e insumos. "O amor dos fornecedores pelo Eataly é muito grande. Todos eles já voltaram", diz o CEO em entrevista exclusiva à EXAME Casual.

Sob nova direção

A mudança na gestão é a marca que Calazans quer deixar. Ele reestruturou processos, cortou custos e otimizou recursos, acompanhando de perto o cotidiano da operação. Os esforços já aparecem nos números: no terceiro trimestre deste ano, a marca atingiu o break even, o ponto em que as despesas e receitas se equilibram. “Até o fim do ano, o objetivo é arrumar a casa para 2025 ser o ano do crescimento. Já estamos faturando acima de R$ 5 milhões por mês”, afirma Calazans.

Embora o faturamento ainda esteja distante dos R$ 10 milhões mensais da média anterior, o CEO aposta na operação de mercado como principal oportunidade de crescimento. Atualmente, 75% da receita vem dos restaurantes, mas a meta é equilibrar essa proporção, trazendo de volta produtos exclusivos que só se encontram no Eataly. "Pesquisas internas mostram que a credibilidade da marca perante o consumidor é muito alta", afirma ele. Hoje, cerca de 2.000 pessoas circulam pelo espaço diariamente.

Novos restaurantes e escola de gastronomia

Parte da reestruturação inclui a renovação dos restaurantes. No último andar, foi inaugurado recentemente o Nice to Meat U, especializado em carnes. Já o restaurante Giro, que ficava no térreo, deixou o Eataly e abrirá em breve uma unidade no Itaim. "Era a única operação que não era nossa, o que causava problemas de gestão. Agora, vamos abrir um novo restaurante no mesmo espaço até o fim do ano", diz o CEO.

Na terça-feira, 19, o Eataly inaugurará uma escola de gastronomia com capacidade para 20 pessoas, voltada tanto para aulas abertas ao público quanto para eventos corporativos. Grandes chefs serão convidados a ministrar aulas presenciais e também no formato digital, agregando mais uma fonte de receita à operação.

Calazans também explica que, dentro do Eataly, funcionam 15 unidades de negócio. Nessa estrutura estão os restaurantes, a adega, a sorveteria, o café e a escola de gastronomia. Cada uma dessas operações possui metas específicas para contribuir com o aumento da receita total, reforçando a sustentabilidade financeira da marca.

Vida longa ao Eataly

Com 12 anos de mercado, Marcos Calazans aposta que essa nova fase do Eataly dará vida longa à marca no Brasil. Com as dívidas controladas e a operação em equilíbrio, há planos para expandir o negócio para outras cidades. “Ainda não está nos planos imediatos, mas, se surgir uma oportunidade imperdível, vamos adiantar o planejamento”, revela.

O contrato com a matriz italiana é de 30 anos, contados desde 2022, e o fundo Wings não tem planos de vender o ativo. O objetivo é tornar a operação lucrativa a longo prazo antes de iniciar qualquer expansão.

E, como em uma receita bem preparada, o Eataly busca o equilíbrio entre os ingredientes: tradição, inovação e proximidade com seu público. Resgatando a essência que fez da marca um ícone, a nova gestão aposta em um futuro de sabor e longevidade.

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