Mundo

O esquema de guerra montado para garantir a transição pacífica de poder nos EUA

Efetivo militar na capital americana supera contingente do país no Afeganistão e no Iraque; alguns soldados foram afastados por ligação com grupos extremistas

Um membro da Guarda Nacional caminha em frente ao prédio do Capitólio dos EUA dois dias após um protesto contra a certificação do Congresso dos EUA para os resultados das eleições presidenciais de 2020 dos EUA, em Washington, EUA, 8 de janeiro de 2021. (Jim Urquhart/Reuters)

Um membro da Guarda Nacional caminha em frente ao prédio do Capitólio dos EUA dois dias após um protesto contra a certificação do Congresso dos EUA para os resultados das eleições presidenciais de 2020 dos EUA, em Washington, EUA, 8 de janeiro de 2021. (Jim Urquhart/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 09h36.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 11h12.

Após a invasão do Capitólio no início do mês, os EUA reforçaram a segurança do "Inauguration Day" (dia da posse) como nunca antes, fazendo do centro de Washington DC uma zona militarizada. Para evitar que as cenas de baderna e violência se repitam, assim como qualquer ato de terrorismo doméstico, a capital federal americana terá hoje mais soldados do que público para dar as boas-vindas à Joe Biden como o 46º Presidente dos EUA. "Abundância de cautela" são as palavras de ordem.

Toda a força policial de DC foi destacada para o evento, incluindo ainda efetivos de cidades vizinhas. Desde o último sábado, as pontes de acesso e muitas ruas dos arredores do National Mall - onde ficam a Casa Branca e o Capitólio - foram bloqueadas, permitindo que apenas moradores e trabalhadores possam circular na região nesse período. Baltimore, Nova York, Nova Jersey, Chicago, Nova Orleans, Houston, Denver e San Francisco enviaram guardas de trânsito para reforçar a fiscalização dos bloqueios e pelo menos 15 estações de metrô foram temporariamente fechadas.

Além do efetivo de polícias, outros 21 mil membros da Guarda Nacional foram enviados à DC - um contingente maior que o total de soldados americanos hoje no Iraque e no Afeganistão, e que pode chegar a 30 mil caso as autoridades julguem necessário. Ainda sob o trauma de 6 de janeiro, cada um desses soldados passaram pelo escrutínio do FBI, que removeu 12 deles do esquema de segurança da posse. Segundo o Pentágono, ao menos dois tinham ligações com grupos de extrema direita.

Eu vivo em DC há 12 anos e nunca vi esse nível de militarização na nossa cidade. As tropas da Guarda Nacional estão pelo centro com veículos militares pesados, checkpoints... Realmente, parece uma zona de guerra. É perturbador.

Mintaro Oba, escritora e moradora de Washington D.C., ao site CTVNews.ca

A preocupação com manifestações e ataques de extremistas armados não se restringe apenas a DC. O movimento miliciano de extrema direita bogaloo declarou estar preparado para uma nova guerra civil. Por isso, o FBI emitiu alertas nesse sentido para quase todos os estados do país, em especial àqueles em que a vitória de Biden aconteceu de forma bastante acirrada, como Michigan e Pensilvânia. Estados tradicionalmente republicanos, como Texas e Kentucky, já protegem o acesso aos seus prédios legislativos.

 

 

País em alerta

O esquema de segurança da posse inclui também procedimentos especiais na avião comercial e no setor do turismo. Em voos que partem ou chegam nos aeroportos próximos à Washington, ficou proibido o transporte de armas de fogo - ainda que descarregadas e despachadas em embalagens trancadas, como normalmente é permitido.

Algumas companhias que voa para a região de DC, como a Alaska Airlines, estão exigindo que os passageiros permaneçam sentados na primeira e na última hora dos seus voos. Já outras, como a American Airlines, suspendeu as bebidas alcóolicas do serviço de bordo durante todo o período de "alerta" relacionado à posse, que vai até esta quinta (21).

Também para evitar a presença de extremistas e possíveis ataques, há uma recomendação de oficiais federais para que ninguém viaje à Washington nesta semana. Com isso, o Airbnb cancelou todas as reservas na cidade até depois da cerimônia de posse, oferecendo reembolso aos clientes e uma ajuda monetária aos anfitriões durante esse período.


Veja tudo sobre a posse de Joe Biden nos EUA

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Joe BidenTerrorismo

Mais de Mundo

Mais de 60 são presos após confronto entre torcedores de Israel e manifestantes na Holanda

Milei tira monopólio em aeroportos e alerta Aerolíneas: “ou privatiza ou fecha”

Sinos da Notre Dame tocam pela primeira vez desde o incêndio de 2019

França busca aliados europeus para ativar veto ao acordo UE-Mercosul