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Bill Gates elogia SUS e Bolsa Família e diz que outros países podem aprender e imitar

Em artigo publicado em seu blog pessoal, o bilionário enfatiza a diminuição da mortalidade materna e infantil, além da redução da pobreza ocasionada pelo benefício social

Bill Gates: bilionário elogia SUS e Bolsa Família (Chip Somodevilla/Getty Images)

Bill Gates: bilionário elogia SUS e Bolsa Família (Chip Somodevilla/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 10h40.

O bilionário americano Bill Gates, fundador da Microsoft (MSFT34), elogiou o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil e o programa Bolsa Família em um artigo publicado na terça-feira, 12, em seu blog pessoal, o Gates Notes. No texto, o bilionário sugere o Brasil como exemplo a ser estudado e replicado ao redor do mundo. “Outros países podem aprender e imitar”, diz.

Gates relembra que a história do SUS começa no final da década de 1980, após a ditadura militar que “transformou o Brasil em um dos países menos equitativos do mundo”. Com o Brasil se tornando uma democracia, o SUS nasce e investimentos no sistema impulsionam o acesso da população mais vulnerável a cuidados de saúde.

Em seu artigo, Gates publica dois gráficos onde mostra, na primeira imagem, que o investimento em saúde ocasionou uma queda de 56% na mortalidade infantil. Já na segunda, ele ilustra que a expansão de programas sociais levou a uma diminuição de 18% da população que vive na pobreza.

“Em cerca de três décadas, o Brasil reduziu a mortalidade materna em quase 60%, reduziu a mortalidade infantil de menores de cinco anos em 75% – ultrapassando em muito as tendências globais – e aumentou a esperança de vida em quase uma década. Nenhuma dessas conquistas foi acidental. Em vez disso, são o resultado de investimentos de longo prazo que o Brasil fez no seu sistema de saúde primário.”

Trabalho de agentes comunitários de saúde são destacados

Na visão do bilionário, também existe uma diferença entre ter um sistema de saúde e financiar esse sistema, garantindo que ele chegue às pessoas mais vulneráveis. “Na virada do século, o governo acelerou os seus esforços e tomou medidas para preencher as lacunas no seu sistema de saúde, incluindo um aumento dramático nas despesas com saúde. Um dos passos mais importantes foi expandir massivamente a dimensão e o âmbito do seu programa de agentes comunitários de saúde.”

Como explica Gates, hoje o Brasil tem mais de 268 mil agentes comunitários de saúde que atendem quase 160 milhões de pessoas (dois terços da população). O trabalho desses profissionais consiste em visitar entre 100 a 150 famílias por mês, oferecendo orientações sobre saúde e higiene, defendendo cuidados preventivos, acompanhando consultas médicas, recolhendo dados socioeconómicos e ajudando as pessoas a navegar noutros serviços governamentais.

“No Brasil, os agentes atuam como porta de entrada para o maior sistema de saúde pública universal e gratuito do mundo, e seu impacto tem sido transformador. Eles são creditados por reduzirem ainda mais a mortalidade infantil e por levarem a cobertura vacinal a níveis quase universais.”

Bolsa família e cuidados com a saúde

Outra relação elogiada por Bill Gates é o impacto do programa Bolsa Família nos incentivos aos cuidados com a saúde, já que para ser beneficiado pelo auxílio monetário, as famílias precisam cumprir determinadas condições, incluindo a vacinação de crianças e cuidados pré-natais.

“Expandido em conjunto com os cuidados de saúde primários, o Bolsa Família é apenas um dos muitos programas sociais que o Brasil desenvolveu ao longo das últimas décadas que ajudaram a tirar quase um quinto da população do país da pobreza. Mas também ajudou a ampliar o acesso e a utilização dos cuidados de saúde, dando às pessoas um incentivo para ingressar no sistema de saúde – e foi assim que o Bolsa Família também contribuiu para a redução da mortalidade infantil.”

Não é perfeito, mas deve ser imitado

Gates comenta que o Brasil ainda enfrenta desafios, com crises financeiras e os orçamentos de austeridade que levaram a cortes nas despesas com cuidados e saúde. O resultado é que ainda há distritos onde pessoas de baixa renda não têm acesso à saúde. Apesar disso, ele escreve que o SUS não precisa ser perfeito para “servir como prova do que acontece quando um país investe estrategicamente no cuidado dos mais vulneráveis: os retornos são muitas vezes de longo alcance e mudam vidas.”

“Isso não quer dizer que qualquer país possa ou deva replicar exatamente a abordagem do Brasil, uma vez que não existem dois países iguais. Mas com a combinação certa de investimento e inovação, o Brasil fez grandes progressos para se tornar um lugar mais saudável para o seu povo. Se o país continuar nesse caminho e continuar fazendo o que já faz bem, e se outros países seguirem – ou simplesmente traçarem seus próprios caminhos com o Brasil em mente – também teremos um mundo mais saudável.”

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