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As dicas da ciência para ganhar R$ 1 bilhão na Mega da Virada

À BBC News Brasil, matemáticos explicam quais são as chances de ganhar e comparam com eventos raros

Mega da Virada: prêmio chega a R$ 1 bilhão (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Mega da Virada: prêmio chega a R$ 1 bilhão (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 25 de dezembro de 2025 às 12h19.

A expectativa pelo resultado da Mega da Virada, principal sorteio das Loterias Caixa, se tornou uma tradição na última noite do ano entre os brasileiros. Em sua 17ª edição, o prêmio alcançou R$ 1 bilhão, 57% acima dos R$ 635 milhões do ano passado, que até então era o maior valor já projetado em todas as edições.

Mas há formas de aumentar a probabilidade de ganhar? Existem números ou combinações com mais chance? O que é mais provável: ser atingido por um raio, nascer com seis dedos ou ganhar na Mega da Virada?

Segundo o estatístico Euler Alencar, em entrevista à BBC Brasil, em cálculo divulgado no site da Caixa, a probabilidade de acertar os seis números e ganhar o prêmio principal é de 1 em 50.063.860 — ou seja, 0,000001997%. O total de combinações possíveis com os 60 números disponíveis passa de 50 milhões. É como colocar 50 milhões de nomes em um saco e sortear o seu.

Diego Marques, professor do departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB), afirmou à BBC que o que determina as chances é o número de combinações possíveis em cada sorteio. "Quanto mais jogos possíveis, menor a chance de ganhar", disse.

A única forma de aumentar as chances, segundo os matemáticos, é jogar mais: seja fazendo vários bilhetes de seis números ou apostando em mais dezenas na chamada aposta múltipla. Obviamente, quanto mais números, mais caro o jogo. Apostar em seis números custa R$ 6; em sete, R$ 42.

"Quanto mais jogos você faz, mais chances tem de ganhar. E a chance ao apostar em mais números é a mesma [do que fazer mais jogos]", afirmou Marques. "Por exemplo, se você aposta em sete dezenas, é a mesma coisa que fazer sete apostas de seis dezenas. A probabilidade nos dois casos cai de 1 em 50 milhões, para 1 em 7 milhões. Então, de fato, essa é uma boa estratégia."

A aposta múltipla aumenta a chance porque permite errar uma dezena. "Quando você aposta em sete números, você tem que acertar só seis deles. Você tem uma 'gordurinha', uma dezena que você pode errar e isso aumenta muito a chance. Você pode errar qualquer uma delas e acertar as outras seis, isso multiplica sua chance por sete", disse.

Costa, da UFMG, concorda e recomenda: melhor investir em um único sorteio de R$ 42 do que vários menores.

Quais números jogar?

Quanto às combinações com mais ou menos chances, a resposta é clara: não existe diferença. "A chance de qualquer combinação de seis dezenas é a mesma. Tanto faz jogar os números que você sonhou ou 1, 2, 3, 4, 5 e 6. A probabilidade é a mesma: 1 em 50 milhões. Não vai mudar", afirmou Marques.

Segundo Marques, "a verdade é que não faz a menor diferença". "O que aconteceu no passado não influencia no sorteio futuro. Essa é uma premissa fundamental de um sorteio aleatório honesto", disse.

Costa por sua vez, alerta que apostar em datas de aniversário concentra números até 31, aumentando a chance de dividir o prêmio com outros apostadores — e participar de bolões realmente aumenta a probabilidade de ganhar.

"Em geral, em bolões, o pessoal junta muitas pessoas para poder fazer essas apostas com dez, onze dezenas. Então aumenta a chance porque cada um dá um pouquinho, você junta algumas centenas ou milhares de reais e consegue fazer muito mais jogos", disse Marques à BBC.

Mega-sena e outros eventos raros

"É bem mais provável que você seja mordido por um tubarão do que ganhe na Mega-Sena", alerta Régis Varão, matemático da Unicamp. Segundo ele, há 1 chance em 10 milhões de ser atacado por um tubarão, ou seja, cinco vezes mais provável do que se tornar milionário no dia 31.

"Levar um raio na cabeça é outro exemplo: a chance é de 1 em 1 milhão, ou seja, 50 vezes maior do que ganhar na Mega-Sena", calcula Varão. Já nascer com seis dedos ocorre em cerca de 1 em 10 mil pessoas. "Quer dizer que é em torno de 5 mil vezes mais fácil nascer com seis dedos do que ganhar na Mega-Sena", afirmou Marques.

Quando questionados se jogam na loteria, os matemáticos divergem. Para Marques, "a loteria é um imposto para quem não sabe matemática".

"Não é para desmotivar ninguém, mas realmente, do ponto de vista matemático, as chances são muito pequenas. Mas eu já joguei, acho legal o aspecto psicológico de sonhar com o que você faria, isso faz bem à gente. Por trás da frieza dos números, tem coisas que nos ajudam."

Já Alvim, da FGV, alerta: que "quem acha que, se for esperto o suficiente ou investir muito dinheiro, tem chance de ganhar, está fazendo bobagem". "Não é investimento, o jogo é todo feito para a grande maioria das pessoas perder dinheiro", disse.

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