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Shanghai: Ethereum terá atualização que vai liberar saques e deve mexer em preço

Mudanças do blockchain, considerado um dos maiores do mercado de criptomoedas, estão previstas para o dia 12 de abril

Ethereum ganhará nova atualização em abril, batizada de Shanghai (Reprodução/Reprodução)

Ethereum ganhará nova atualização em abril, batizada de Shanghai (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 31 de março de 2023 às 09h00.

Última atualização em 13 de abril de 2023 às 10h24.

A Ethereum passou nesta quarta-feira, 12, por uma nova atualização, a Shanghai, que promete ser o primeiro grande conjunto de mudanças no blockchain desde as novidades trazidas pelo The Merge, em setembro de 2022. E os investidores aguardam ansiosamente pela nova funcionalidade que a atualização trará, enquanto especulam também sobre os possíveis impactos dela no preço da criptomoeda nativa da rede, o ether.

Atualmente, o blockchain é o maior do mercado em termos de valor total depositado (TVL, na sigla em inglês) por seus usuários, segundo dados do DefiLlama. Além disso, a rede também possui uma grande dominância nesse quesito, concentrando quase 58% de todo o TVL do mercado. A medida é considerada importante por mostrar a quantidade de projetos e usuários ligados a cada rede.

No mercado, a criptomoeda da Ethereum é a segunda maior em termos de capitalização total de mercado, de acordo com o CoinGecko. E o blockchain focado no sistema de contratos inteligentes acabou se tornando também uma base para diversas redes de segunda camada, que buscam aumentar a escalabilidade e a velocidade de transações sem perder toda a segurança do projeto.

Por todos esses fatores, cada atualização da Ethereum é acompanhada de perto pelo mercado. E não vai ser diferente com a Shanghai. Veja todas as informações sobre ela!

O que é a Shanghai?

Shanghai é o nome dado pelos desenvolvedores do projeto para a próxima atualização do blockchain Ethereum, que terá um foco na funcionalidade de saque de ethers atualmente depositados na rede. Ela foca na camada de execução do blockchain, a que efetivamente interage com usuários, e será executada em conjunto com a Capella, que trará as mudanças para a camada de consenso, um nível sem interação com o público em geral.

Por causa disso, os entusiastas mais ligados ao blockchain chamam o conjunto de mudanças de Shapella. Ela começou a ser planejada junto com o próprio The Merge, já que as mudanças que ela trará estão diretamente ligadas ao novo funcionamento da rede após a grande atualização de 2022. Além disso, ela foi testada entre 2022 e 2023 em três redes de teste diferentes: Zhejiang, Sepolia e Goerli.

Os testes foram feitos para garantir uma série de elementos essenciais para a atualização, como a efetividade dos códigos que trarão novas funcionalidades para a rede, a capacidade da Ethereum de aguentar essa atualização e a resposta que o blockchain teria às mudanças, prevendo possíveis erros e bugs para evitar surpresas no lançamento oficial.

A conclusão dos testes na rede Goerli permitiu que os desenvolvedores discutissem de forma mais concreta a implementação da atualização. Inicialmente, ela estava prevista para março de 2023, mas acabou sendo adiada para abril do mesmo ano. Pouco depois da decisão, foi anunciada a data de 12 de abril para a implementação das mudanças.

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Como funciona o staking?

Antes de entender as mudanças que a Shanghai trará para a Ethereum, é importante conhecer o staking. O termo se refere ao depósito de uma determinada quantidade de criptomoedas em uma rede blockchain em troca de uma recompensa. Pouco depois do surgimento dessa modalidade, corretoras e projetos de finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) criaram seus próprios produtos de staking, uma espécie de renda passiva mensal onde o depósito é feito na corretora ou protocolo, e não no blockchain.

O staking se tornou uma parte central da Ethereum em setembro, graças ao The Merge. A atualização introduziu um novo mecanismo de consenso na rede - a forma como as transações são verificadas e validadas para garantir sua veracidade. Com isso, houve a troca da prova de trabalho (proof-of-work, em inglês), modelo do bitcoin, para a prova de participação (proof-of-stake, na sigla em inglês).

Nela, os mineradores se tornam validadores, mas apenas assumem a função quando depositam uma determinada quantidade de ether na rede, em staking. Em troca das validações, eles recebem recompensas, que também ficam depositadas no blockchain. O grande problema é que, atualmente, os validadores não conseguem sacar nem os ethers depositados e nem os recebidos como recompensa.

Quais mudanças a Ethereum vai ter?

E é aí que entra a Shanghai. A atualização vai liberar os saques de ethers depositados na chamada Beacon Chain, a "área" da Ethereum em que as criptomoedas dos validadores estão localizadas e que foi lançada antes do próprio The Merge ocorrer. No momento, cerca de 15% de toda a oferta do ether está travada no blockchain, o que representa mais de US$ 30 bilhões, mas nem tudo isso será sacada de uma vez.

Os desenvolvedores responsáveis pela Shanghai criaram uma fila para processar os pedidos de saque, e também estabeleceram uma quantidade máxima que poderá ser cada diariamente no blockchain. Os validadores vão precisar passar por um processo de duas etapas, envolvendo uma fila de saída e um período para retirada efetiva do ether solicitado. O número de saques permitidos em um período de 24 horas vai ser o equivalente a 0,4% do total atualmente em staking.

Além dessa grande mudança, a Shanghai também vai incluir algumas atualizações menores na Ethereum. As principais estão focadas em reduzir as taxas que os desenvolvedores do blockchain atualmente precisam pagar para realizar transações.

Quais os possíveis impactos para a Ethereum?

Samir Kerbage, CIO da Hashdex, acredita que a atualização é um "marco" no roteiro de evolução da Ethereum. Entretanto, a Shanghai tem sido associada a uma "certa preocupação de que, ao liberar os saques no staking, poderia gerar uma onda de resgates que poderia aumentar a oferta de ether e pressionar o preço para baixo, junto com o fato de que, se o percentual em staking cair muito, poderia prejudicar o funcionamento da rede".

O resultado foi um aumento no prêmio de risco do ether, que segundo Kerbage fez com que a criptomoeda subisse menos que o bitcoin nos últimos meses. Mas o especialista acredita que essa preocupação não deve se concretizar: "a gente acha que não deve ter uma fila muito grande de resgates logo depois da Shanghai e, mesmo que tenha, a própria rede só vai permitir uma saída limitada de ether, e isso por si só já controla para não ter uma saída a ponto de prejudicar a rede ou fazer o preço cair".

A expectativa da Hashdex é que a atualização trará mais dinamismo para a atividade de staking, ajudando a atrair players institucionais e levando a um aumento no percentual da oferta do ativo em staking. E isso pode trazer um "potencial grande de crescimento, já que aí reduziria a oferta e aumentaria a segurança da rede, então ajudaria nos preços".

Já Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset, observa que "a atualização retira do horizonte um risco tecnológico significativo, e deve incentivar mais participantes a participarem do staking. Atualmente cerca de 15% do ether está em staking, enquanto diversas redes proof-of-stake têm participação acima de 60%". É uma visão semelhante à da gestora de patrimônio Bernstein, que vê a atualização como o próximo "grande catalisador" de preço para a rede.

"Pode ter alguma volatilidade nos dias que antecedem à Shanghai, os investidores vão estar de olho na fila de saída para ver quantos ethers serão retirados, mas vemos como um desenvolvimento super positivo para a rede e que aumenta nosso otimismo com relação à Ethereum mais para o médio prazo", comenta Kerbage.

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