Future of Money

Projeto para criar "reserva estratégica de bitcoin" do Brasil é apresentado na Câmara

Proposta segue projeto semelhante nos Estados Unidos e faria governo brasileiro adquirir bitcoins como reserva de valor

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 16h10.

Tudo sobreBitcoin
Saiba mais

O deputado federal Eros Biondini (PL-MG) apresentou nesta terça-feira, 26, um projeto de lei na Câmara dos Deputados que tornaria realidade a criação de uma "reserva estratégica de bitcoin" por parte do governo federal. A ideia é que a criptomoeda seja adotada como um ativo de reserva de valor, buscando proteger a economia nacional e as reservas brasileiras.

O projeto foi apresentado no Congresso em meio à intensificação de debates sobre o tema ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024 impulsionou a expectativa de que o país poderia adotar a mesma estratégia, adquirindo unidades de bitcoin para criação de uma reserva.

No caso do Brasil, a tramitação do projeto ainda não começou. Após a apresentação na Câmara, o projeto precisará ser analisado pelas comissões que englobem os temas da iniciativa e, caso seja aprovado, passaria pelo plenário da Casa. Em seguida, ainda há toda a tramitação no Senado Federal e, por fim, o veto ou sanção presidencial.

Reserva estratégica de bitcoin

De acordo com a proposta, a aprovação do projeto obrigaria o governo a criar uma Reserva Estratégica Soberana de Bitcoins (RESBIt), adquirindo unidades da criptomoeda com esse objetivo.

Na justificativa da proposta, o autor afirma que a reserva seria destinada a "diversificar os ativos financeiros do Tesouro Nacional", "proteger as reservas internacionais contra flutuações cambiais e riscos geopolíticos", "fomentar o uso de tecnologias blockchain no setor público e privado" e "garantir lastro para a emissão da moeda digital brasileira", o Drex.

A implementação da reserva envolveria a "aquisição planejada e gradual de criptomoedas" com um limite de 5% das reservas internacionais. Haveria a obrigatoriedade, ainda, da divulgação de relatórios semestrais sobre a gestão dos ativos e a necessidade de conciliar a construção da reserva com o "equilíbrio das contas públicas".

A proposta estabelece ainda que o Banco Central seria obrigado a "conceber sistemas avançados de monitoramento e controle, com o uso de inteligência artificial e tecnologias de blockchain" e garantir a custódia dos ativos nos "mais
altos padrões de segurança".

Na justificativa do projeto, o deputado Eros Biondini afirma que a proposta busca "modernizar a gestão financeira e tecnológica do Brasil" e "diversificar os ativos do Tesouro Nacional e posicionar o país na vanguarda da economia digital".

  • Uma nova era da economia digital está acontecendo bem diante dos seus olhos. Não perca tempo nem fique para trás: abra sua conta na Mynt e invista com o apoio de especialistas e com curadoria dos melhores criptoativos para você investir

"Diversos países vêm adotando estratégias inovadoras para integrar criptomoedas à gestão financeira nacional, com resultados positivos", destaca.

"Incorporar bitcoins como parte das reservas do Tesouro Nacional reduzirá a exposição do Brasil a flutuações cambiais e riscos geopolíticos, ampliando a resiliência econômica", defende ainda o deputado, ressaltando o caráter "estratégico" da medida.

E nos Estados Unidos?

A proposição do projeto ocorre em meio às intensificações das discussões sobre o tema nos Estados Unidos. A senadora republicana Cynthia Lummis, do mesmo partido de Trump, criou um projeto de lei que também obrigaria a criação de uma "reserva estratégica de bitcoin".

Nele, o governo poderia acumular até 200 mil unidades de bitcoin nos cinco anos seguintes à aprovação da proposta, resultando em uma reserva de 1 milhão de unidades. Na cotação atual, o valor da reserva chegaria à casa dos US$ 85 bilhões.

Segundo Lummis, "nossa meta é criar um paralelo moderno às reservas de ouro, servindo como uma proteção na era digital contra a incerteza econômica mas mantendo o papel histórico do Tesouro de proteger as reservas nacionais críticas".

O presidente eleito Donald Trump chegou a compartilhar sinalizações favoráveis à medida durante a campanha, mas não se posicionou sobre o tema após sua vitória nas eleições. A expectativa é que ele crie um Conselho Consultivo sobre Criptomoedas que irá avaliar essa e outras ideias referentes ao setor.

O principal exemplo citado por aqueles favoráveis à medida é El Salvador, que adquire 1 unidade de bitcoin por dia desde que transformou a criptomoeda em uma moeda de curso legal. Graças à medida, o país acumula um lucro milionário em suas reservas devido à valorização do ativo.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | TikTok

Acompanhe tudo sobre:BitcoinCriptomoedasCriptoativos

Mais de Future of Money

Bitcoin vai manter alta em 2025? Mercado mostra otimismo, com Trump e institucionais como incógnitas

Natal do bitcoin: criptomoeda ronda US$ 100 mil, mas devolve ganhos e estaciona em US$ 96 mil

Brasil pode ser o primeiro país a tokenizar sua economia, diz Valor Capital Group

Bitcoin a US$ 200 mil e recordes de Ethereum e Solana: as previsões de gestora para 2025