O bitcoin valorizou mais de 150% em 2023 (Getty/Getty Images)
Repórter do Future of Money
Publicado em 28 de dezembro de 2023 às 14h35.
Última atualização em 28 de dezembro de 2023 às 14h44.
Em um cenário oposto ao de 2022, o ano de 2023 chega ao fim para o mercado de criptomoedas como um período marcado por grandes avanços, uma forte valorização de diversos ativos e com perspectivas positivas para os próximos meses. O maior destaque acabou sendo, também, o maior ativo do setor: o bitcoin.
Porém, a maior parte das boas notícias que o mundo cripto recebeu neste ano foram, na verdade, surpresas. Entre elas, especialistas citam o próprio desempenho do bitcoin, uma nova postura de grandes empresas e agentes institucionais em torno do setor e também avanços regulatórios.
Confira abaixo algumas das principais surpresas positivas para o mercado de criptomoedas em 2023:
Yuri Alter e Lucas Santana, analistas de research da Hashdex, acreditam que uma das principais surpresas positivas neste ano foi uma "forte adoção por parte de grandes players de finanças tradicionais" em relação aos criptoativos e à tecnologia blockchain.
Um dos principais símbolos dessa nova postura de grandes empresas tradicionais é o movimento de pedidos junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, para lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) de preço à vista do bitcoin, atualmente indisponíveis no país.
Ao todo, são 13 solicitações, com a mais importante sendo a da BlackRock, a maior gestora do mundo. Os pedidos surpreenderam e animaram investidores, sendo os grandes responsáveis pela disparada do bitcoin no segundo semestre. E, após derrotas da SEC nos tribunais em 2023, a expectativa é que eles sejam aprovados já em janeiro.
Os analistas avaliam que, caso sejam lançados, os ETFs conseguiriam "endereçar uma forte demanda reprimida de investidores institucionais" para as criptomoedas, se tornando um fator importante de valorização.
Outro ponto positivo citado pelos analistas da Hashdex é a "derrocada de players como Chanpeng Zhao Sam Bankman-Fried". Os dois são, respectivamente, os ex-CEOs das corretoras de criptomoedas Binance e FTX, e tiveram diversos reveses em 2023.
Zhao precisou renunciar ao cargo e se declarar culpado de acusações das autoridades dos Estados Unidos sobre violações de leis de prevenção contra lavagem de dinheiro, e ainda pode ser condenado e preso. Já Bankman-Fried foi condenado pela sua participação nos crimes que levaram à falência da FTX em 2022.
Para Alter e Santana, os dois casos "representam uma vitória para a regulação e as boas práticas que são necessárias para a administração e custódia de fundos de clientes", levando a avanços importantes para o mercado.
Bernardo Srur, presidente da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), cita como uma das principais surpresas positivas em 2023 no Brasil o avanço da regulamentação de criptomoedas, com o Marco Legal das Criptomoedas entrando em vigor e o governo publicando um decreto sobre o tema que definiu o BC e a CVM como reguladores.
"A legislação chegou como fator-chave para reconhecer o que são ativos digitais e tratar das responsabilidades, inclusive penais, dos intermediários e prestadores de serviço", afirma. Na prática, a lei cria "padrões de responsabilidade e transparência, além de cumprir e colaborar para um mercado mais responsável, transparente e inovador".
"Com regras claras, as empresas agora possuem maior segurança jurídica para trazer suas operações e investimentos para o Brasil, que vão desde os prazos para concessão de licenças até as exigências específicas para conceder a uma corretora o selo de serviços de ativos digitais regulado. A regulamentação traz benefícios significativos para o mercado, como o aumento da confiança dos investidores e a também a redução do risco de fraudes e atividades ilegais", ressalta.
Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, avalia que o próprio bitcoin foi uma grande surpresa positiva em 2023. Ele ressalta que o ativo "teve uma forte alta em 2023 e ultrapassou os US$ 40 mil, surpreendendo a muitos por ser o maior valor desde abril do ano passado, o que representou um crescimento de mais de 150% no período".
"Esse cenário foi muito oportuno para quem já estava investindo nesse ativo, pois viu a valorização do capital financeiro acontecer", pontua. Entre as causas para a alta, ele cita os pedidos de lançamento de ETFs e um alívio na postura do Federal Reserve, com previsão de cortes nas taxas de juros em 2024.
" cenário ainda aponta que o bitcoin deve seguir subindo e há grandes expectativas para o ano que vem, também por conta do halving de 2024, que deve ocorrer em abril", destaca. "É provável que o novo ciclo de alta traga novas tendências para o setor, o mercado e a comunidade, como mais integrações com inteligências artificiais, recursos criativos e formas inéditas de tokenização para ativos do mundo real".
Para Thales Freitas, CEO da Bitso, "mesmo sendo um ano desafiador no âmbito financeiro como um todo, o mercado cripto brasileiro teve alguns momentos positivos". Dados da Receita Federal apontam, por exemplo, um "crescimento exponencial do número total de investidores em criptomoedas no país, que atingiu 4,1 milhões de pessoas".
Houve, ainda, "um aumento expressivo no uso de stablecoins, que já representa mais de 80% do mercado local de criptomoedas, sendo uma importante ferramenta de reserva de valor, proteção contra inflação e desvalorização da moeda, e como meio de pagamento".
Outro destaque no ano foi o "uso cada vez maior de criptomoedas por instituições. O número de empresas operando com cripto no Brasil dobrou em relação ao ano anterior e ultrapassou 92 mil instituições", mostrando a vitalidade do mercado e a sua expansão no Brasil ao longo do ano.
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