Lula: ex-presidente é entrevistado pelo Jornal Nacional. (G1/Marcos Serra Lima/TV Globo/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 25 de agosto de 2022 às 20h31.
Última atualização em 25 de agosto de 2022 às 21h28.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o entrevistado do Jornal Nacional nesta quinta-feira, 25. A sabatina fez parte de uma série de entrevistas com os quatro candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. A primeira foi com o presidente Jair Bolsonaro (PL), e a segunda com Ciro Gomes (PDT).
Durante 40 minutos, Lula respondeu a perguntas dos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos sobre as principais propostas do candidato, como também questões sobre sua vida pública.
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O ex-presidente cancelou compromissos nos últimos dias para se preparar para a entrevista no Jornal Nacional. Também foi necessário poupar a sua voz, que estava muito desgastada depois de uma série de eventos pelo Brasil.
Aloizio Mercadante, que coordena o plano de governo de Lula, foi um dos responsáveis pelo treinamento. Lula abordou temas como economia, respondeu questões sobre os escândalos de corrupção durante a gestão do PT no governo federal.
Sobre os escândalos de corrupção durante o governo do PT, investigados pela Lava Jato, Lula disse que foi massacrado durante cinco anos. Garantiu que em um futuro governo, as instituições vão ter independência para investigar casos de corrupção.
“Se alguém comete erro, investiga, julga, condena e está resolvido. Na hipótese de cometer qualquer crime, essa pessoa será investigada, punida ou absolvida. Vamos criar mecanismos para investigar qualquer corrupção que possa existir”, disse.
Nos últimos meses, Lula tem evitado falar sobre a indicação do Procurador-Geral da República, se vai seguir a lista tríplice encaminhada pela entidade de classe do Ministério Público. Questionado por Renata Vasconcellos, o petista se esquivou de responder.
“Quero que eles fiquem com a pulga atrás da orelha. Não vou prometer o que fazer antes de ganhar a eleição. Não quero um procurador leal a mim, tem que ser leal ao povo brasileiros. Se eu ganhar as eleições, eu vou ter várias conversas com o Ministério Público”, afirmou.
Sobre economia, Lula reconheceu que durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a política de segurar os preços dos combustíveis foi “equivocada”. “A Dilma cometeu equívoco na gasolina, na desoneração fiscal e quando ela tentou mudar, tinha uma dupla dinâmica de Eduardo [Cunha], na Câmara, e o de Aécio [Neves], no Senado”, disse.
O ex-presidente afirmou ter uma receita para colocar o país na rota do crescimento e que envolve três pontos. “Tenho três palavras mágicas: credibilidade, previsibilidade e estabilidade. Tem que garantir que o que você fala é o que as pessoas vão acreditar, e não vão ser pego de surpresa”, disse.
No campo político, Lula defendeu o diálogo e disse que vai conversar com todos os partidos políticos caso assuma um novo mandato como presidente. “O Centrão não é um partido político. Quem ganhar vai ter que conversar com todos os partidos”, afirmou.
O petista também defendeu que o orçamento do governo fique sob responsabilidade do Executivo e não do poder Legislativo, como ocorre atualmente. Como uma mudança depende justamente de uma aprovação do Congresso, Lula disse que o fará “com diálogo”.
Além de Lula, a semana tem entrevista com os presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas.
As entrevistas ocorrem ao longo de toda a semana, na seguinte ordem:
22/8 (segunda-feira): Jair Bolsonaro (PL)
23/8 (terça-feira): Ciro Gomes (PDT)
25/8 (quinta-feira): Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
26/8 (sexta-feira): Simone Tebet (MDB)
A data da entrevista, assim como dos outros candidatos, foi definida por sorteio. Segundo o JN, o sorteio foi feito em 1º de agosto com representantes dos partidos.
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De acordo com a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada nesta quinta-feira, em uma pergunta estimulada, com os nomes apresentados previamente, Lula tem 44% das intenções de voto, mesmo número registrado na pesquisa feita há um mês. Já Jair Bolsonaro saiu de 33% para 36%. O aumento está no limite da margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A distância entre os dois caiu de 11 para 8 pontos.
Na série histórica da pesquisa, a maior distância entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno foi registrada em janeiro deste ano, quando estava em 17 pontos. O petista conseguiu crescer neste período, de 41% em janeiro, para os 44% agora. Bolsonaro, candidato à reeleição, também cresceu, mas em um salto maior, de 12 pontos percentuais - saiu de 24% no começo do ano.
Ainda na simulação de primeiro turno, Ciro Gomes (PDT) aparece com 9%, e Simone Tebet (MDB), 4%. Os demais candidatos fizeram 1% ou não pontuam. Brancos e Nulos somam 2%, e aqueles eleitores que dizem que não sabem são 3%.
Para a pesquisa, foram ouvidas 1.500 pessoas entre os dias 19 e 24 de agosto. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem foi registrada no TSE com o número BR-02405/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.