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Guedes: Brasil terá R$ 900 bi em investimentos privados em 10 anos

Em evento, Guedes afirmou que, com leilão de Congonhas nesta quinta-feira, investimentos esperados chegam a R$ 900 bi para a próxima década

Paulo Guedes: ministro participou do Macro Day em São Paulo nesta quinta-feira (BTG Pactual/Divulgação)

Paulo Guedes: ministro participou do Macro Day em São Paulo nesta quinta-feira (BTG Pactual/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2022 às 17h43.

Última atualização em 18 de agosto de 2022 às 17h52.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em evento nesta quinta-feira, 18, que o "Brasil está em situação ímpar" para crescer nos próximos anos e que a "arquitetura fiscal" está estruturada, apesar dos gastos recentes em programas como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e voucher-caminhoneiro.

Guedes participou nesta tarde do Macro Day, evento anual organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), em São Paulo.

O ministro apontou que o Brasil tem ao todo uma soma de R$ 900 bilhões em investimentos contratados na próxima década, citando o leilão de aeroportos que ocorreu nesta quinta-feira, 18, e que oficializou a concessão do aeroporto de Congonhas, entre outros ativos.

"São R$ 90 bilhões por ano. É dez vezes o orçamento de qualquer ministério", disse, sobre os investimentos esperados. Na fala, Guedes elogiou o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e pediu voto ao ex-colega, candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos.

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Em conversa com o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, Guedes comemorou a aprovação da reforma da Previdência, no primeiro ano de governo do presidente Jair Bolsonaro, a privatização da Eletrobras neste ano e o não aumento de salários do funcionalismo.

Guedes afirmou que sua gestão no Ministério da Economia foi capaz de reduzir os gastos fixos do governo e ampliar reformas e privatizações sem esquecer da "mão amiga para os mais frágeis".

"Fizemos em tempos de guerra o que nunca tivemos coragem de fazer em tempos de paz", disse o ministro.

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Mansueto, que fez parte do governo na gestão Guedes, destacou que "pela primeira vez no Brasil o gasto público federal como proporção do PIB vai cair", incluindo a despesa com pessoal ativo e inativo chegando a 3,5% do PIB, o que o economista classifica como uma notícia positiva para os próximos anos.

Apesar da crise econômica global com a guerra na Ucrânia, Guedes disse acreditar que as bases estruturais no Brasil estão lançadas para alavancar o crescimento de forma independente.

"O ambiente lá fora é de inflação, vai ser um pouco persistente", disse. "[Mas] Estamos com uma dinâmica propria de crescimento. Se fizermos o nosso caminho, vai dar certo. [...] Nós só dependemos de nós, basta não fazer besteira."

Tributação

Sem dar detalhes, Guedes disse que mudanças na tributação de renda estão em seu radar, incluindo lucros e dividendos, afirmando que "vamos tributar um pouco mais lá em cima".

"Quem sabe conseguir convidar quem tem mais força para nos ajudar a carregar o piano", disse sobre a tributação dos mais ricos.

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Por ora, o ministro disse que "está de olho na próxima reforma", que apontou como os cortes de ICMS (imposto estadual) e IPI (federal), sobre industrialização.

Guedes afirmou que o IPI é um "imposto sobre 'desindustrialização'" em meio aos efeitos considerados negativos na competitividade da indústria brasileira, e que segue sendo um dos objetivos do governo reduzi-lo.

Ainda sobre a reforma tributária, Guedes citou também que um objetivo é implementar o IVA, um imposto unificado sobre consumo em discussão no Congresso na PEC 110, mas que não avançou nos últimos anos.

Teto de gastos

Sobre a situação fiscal, o ministro disse que momentos como o calote nos precatórios e a aprovação de uma PEC para ampliação do Auxílio Brasil foram feitos "dentro da responsabilidade fiscal".

"Não tem nada de populismo", disse sobre o Auxílio Brasil em R$ 600. "Estava no nosso programa uma renda básica, mas o covid disparou o gatilho antes."

Guedes disse que "a arquitetura fiscal está robusta" e que a maioria das despesas na pandemia foram "transitórias".

"Quando fala que vai dar R$ 30 bilhões para o pobre todo mundo reclama. Agora, se for R$ 90 bilhões fora do teto, desde que seja pros fundos [...], aí todo mundo esquece", disse, sobre os recursos usados no Auxílio Brasil.

Acordo com a União Europeia e transição energética

No plano internacional, Guedes disse que o acordo do Mercosul com a União Europeia pode ser concretizado "ainda neste ano".

"[O acordo da] União Europeia pode ser que a gente feche antes do fim do ano. Já perceberam que dependendo dos votos as coisas podem ir para outro lado [...] é melhor fechar rápido, tratar a gente bem", disse.

A tarefa, no entanto, é difícil. O acordo foi fechado em 2019 mas aguarda aprovação nos parlamentos dos países-membros da UE.

O ministro disse ainda que o Brasil tem condições de liderar a transição energética, diante de um cenário de países desenvolvidos em crise energética com a Rússia e precisando de novos fornecedores.

"A coisa mais importante que está acontecendo no mundo é a recomposição das cadeias produtivas", diz. "Quem tem condições de produzir essa energia renovável barata é o Brasil."

Guedes afirmou que, segundo seus contatos recentes, as principais empresas estrangeiras têm planos de investir no Nordeste brasileiro em energia renovável. "Nós vamos sair de 10% para 20% de eólica e 5% para 10% de solar", disse.

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