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Chernihiv é bombardeada apesar de promessa russa; veja últimas notícias

A Rússia afirmou após negociações de paz que iria "reduzir drasticamente" ataques no norte ucraniano, mas potências ocidentais e Ucrânia estão céticos. Veja as notícias desta quarta-feira, 30 de março

Trostianets, perto da fronteira com a Rússia, no nordeste: uma das primeiras cidades a cair foi recapturada no fim de semana (AFP/AFP)
Drc

Da redação, com agências

Publicado em 30 de março de 2022 às 07h19.

Última atualização em 30 de março de 2022 às 09h26.


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"Situação não muda em Chernihiv", diz governador

A cidade de Chernihiv, no norte da Ucrânia, foi alvo de bombardeios durante "a noite inteira", segundo autoridades ucranianas.

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"Chernihiv foi bombardeada a noite inteira com artilharia e aviões", afirmou no Telegram o governador da região, Viacheslav Chaus, que mencionou a destruição de infraestruturas civis e destacou que a cidade continua sem água e energia elétrica.

A guerra na Ucrânia chega nesta quarta-feira, 30, a 35 dias, após os primeiros ataques em 24 de fevereiro.

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Após negociações em Istambul, na Turquia, a Rússia havia prometido na tarde de ontem reduzir "drasticamente" as operações militares nas regiões de Kiev e Chernihiv, ambas no norte da Ucrânia. O objetivo, segundo o Kremlin, seria "aumentar a confiança mútua" para futuras negociações.

Depois de Mariupol, no sul, Chernihiv é a cidade mais afetada por bombardeios desde o início da guerra.

A cidade, que tinha 280.000 habitantes antes da guerra, está "sem comunicação e não conseguimos mais repará-las", acrescentou o governador, que também citou ataques contra Nizhyn, na mesma região.

"A situação não muda, Chernihiv é alvo de bombardeios de artilharia e aéreos", afirmou Chaus.

Em entrevista à rede de televisão americana CNN, o prefeito de Chernihiv, Vladyslav Atroshenko, disse que os ataques na verdade teriam "aumentado". "Esta é mais uma confirmação de que a Rússia sempre mente", disse.

Mulher em frente a prédio residencial destruído em Kiev, em 28 de março (foto de arquivo): foco da Rússia tem mudado em direção ao leste (Anastasia Vlasova/Getty Images)

Zelensky: não somos "ingênuos"

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em fala nesta quarta-feira que, embora as conversas com a Rússia tenham sido "positivas", as negociações "não abafam as explosões de bombas russas".

Zelensky disse também que a Ucrânia não reduzirá seus esforços militares e que ucranianos "não são um povo ingênuo". Segundo ele, por ora, não há "razão para confiar nas palavras de representantes de um Estado que continua lutando por nossa destruição".

Na mesma rodada de negociação em Istambul, a Ucrânia formalizou sua proposta de neutralidade na Otan, a mais detalhada oferecida até agora. A proposta de Kiev seria não entrar na Otan em troca de garantias de segurança (veja aqui).

As conversas foram vistas como um avanço por ambos os lados, mas um cessar-fogo ainda não foi acordado.

Em entrevista à agência russa Tass após as negociações, o negociador-chefe da Rússia, Vladimir Medinsky, disse que ainda há "um longo caminho pela frente" para um acordo.

Sanções continuam

Os países do Ocidente se mostraram céticos em relação às promessas russas de redução de ataques após as negociações de terça-feira.

Delegação ucraniana após negociações em Istambul: proposta de neutralidade na Otan em troca de cessar-fogo e garantias de segurança (Lokman Akkaya/Anadolu Agency/Getty Images)

O vice-premiê britânico, Dominic Raab, disse nesta quarta-feira à rede de TV Sky News que as sanções continuarão até que o presidente russo, Vladimir Putin, encerre toda a invasão à Ucrânia.

"Nós julgamos a máquina militar russa por suas ações, não só por suas palavras. Obviamente, há algum ceticismo de que [a Rússia] se reagrupará, atacará novamente, em vez de se envolver seriamente em diplomacia", disse.

Na mesma linha, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse durante viagem ao Marrocos que não viu "seriedade" nas promessas russas. "Uma coisa é o que a Rússia diz e outra é o que a Rússia faz. Nós olhamos para a segunda", disse.

Marcha para o leste

Apesar dos bombardeios de hoje, a tendência é que, com as falas sobre Chernihiv e Kiev, a Rússia siga mudando seu foco para o leste e sul, confirmando que Moscou pode ter desistido de tomar a capital.

O conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych disse nesta quarta-feira que a Rússia já está de fato movendo tropas do norte para o leste, de modo a cercar forças ucranianas nesses locais.

Ontem, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse em reunião televisionada na Rússia que a primeira fase do que chama de "operação" na Ucrânia estaria completa, e frisou que o principal objetivo é, segundo ele, "libertar Donbas".

A região de Donbas, no leste, é onde estão os territórios separatistas Donetsk e Luhansk, que tem apoio russo para se separar da Ucrânia. As chamadas "repúblicas" estão em guerra civil com o governo ucraniano desde 2014 - mesma época em que a Crimeia, ao sul, foi anexada pela Rússia após um referendo com a população local criticado por Kiev e pelo Ocidente.

O governador da região de Donetsk,Pavlo Kyrylenko, disse nesta quarta-feira que tropas russas estão bombardeando quase todas as cidades na fronteira que separa a parte de Donetsk controlada pelos separatistas e o resto da Ucrânia.

A extensão da área de Donetsk e Luhansk que a Rússia considerou como independente dias antes do início da guerra é maior do que a efetivamente controlada pelos separatistas.

No norte, nas regiões próximas a Kiev, o avanço russo tem ficado estagnado nas últimas semanas e forças ucranianas chegaram a recuperar cidades tomadas.

Relatório do governo do Reino Unido também apontou que tropas russas sofrendo pesadas perdas ao norte teriam voltado para a Rússia e Belarus (aliado russo na fronteira norte com a Ucrânia) para se reestruturar.

Não estão descartados, assim, eventuais novos ataques à capital. O Estado-Maior ucraniano disse em um comunicado na terça-feira à noite que "a chamada 'retirada de tropas' é provavelmente uma rotação de unidades individuais que busca confundir o comando militar" de Kiev.

Refugiados chegam a 4 milhões

O número de refugiados que fugiram da guerra na Ucrânia superou a marca de quatro milhões, disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) nesta quarta-feira.

Mais da metade buscou refúgio na Polônia, que recebeu mais de 2,3 milhões de pessoas até o momento.

O número já supera a projeção feita pelo Acnur no início da guerra. A Europa não registrava um fluxo de refugiados de tal intensidade desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Ao todo, mais de 10 milhões de ucranianos, o equivalente a 25% da população do país, foram obrigados a deixar suas casas devido à guerra - além dos que saíram do país, a maioria migrou dentro da própria Ucrânia para áreas menos afetadas.

O alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, também está na Ucrânia para acompanhar os trabalhos.

A população de refugiados é formado sobretudo por mulheres e crianças, uma vez que homens entre 18 e 60 anos estão impedidos de deixar a Ucrânia.

Encontro entre China e Rússia

Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da China, Wang Yi, se encontraram nesta quarta-feira em Tunxi, na China.

É a primeira visita de Lavrov à China desde o início da guerra em fevereiro. O Ministério das Relações Exteriores no Twitter publicou uma imagem dos dois representantes nesta madrugada.

Como reportou a agência Agence France-Presse (AFP), o ministro russo afirmou que o mundo está "vivendo uma fase muito séria na história das relações internacionais".

A China ainda não divulgou detalhes sobre o encontro, mas um porta-voz do governo chinês afirmou que os dois países vão seguir esforços para “avançar na multipolaridade global e democratização das relações internacionais”.

(Com AFP)

*Esta página será atualizada com novos desdobramentos da guerra na Ucrânia nesta quarta-feira, 30 de março. Última atualização às 8h42.


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