Porsche (Porsche/Divulgação)
As ações da Porsche estrearam em alta nesta quinta-feira, 29, na Bolsa de Valores de Frankfurt, no primeiro dia de cotação após a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).
Os papéis da casa automotiva alemã - cujo ticker é P911 - registraram uma leve alta, de 0,82% as 10h30 horário de Brasília, cotadas a 82,50 euros. Um resultado ainda mais positivo considerando a tendência de queda da Bolsa de Valores de Frankfurt, com o seu principal índice, o DAX 30, caindo 1,78% no mesmo horário.
Com essa cotação, o valor de mercado da Porsche chega a 76,5 bilhões de euros, superando as capitalizações de 58 bilhões de euros da Mercedes-Benz e os 47 bilhões de euros da BMW.
O IPO colocou no mercado 114 milhões de ações preferenciais no teto da faixa de preços, por um valor total de 9,4 bilhões de euros. Essa foi a maior oferta pública inicial na Alemanha desde a listagem da Deutsche Telekom, em 1996, e é uma das maiores da história dos mercados financeiros da Europa.
"Hoje um grande sonho está se tornando realidade para a Porsche", disse o CEO da Volkswagen, Oliver Blume, "O nosso grau de autonomia nos coloca em uma posição muito boa para atingir os nossos ambiciosos objetivos nos próximos anos".
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O diretor financeiro da Porsche, Lutz Meschke, declarou estar confiante de que pode atingir a meta de faturamento de 39 bilhões de euros este ano, apesar da "difícil situação macroeconômica".
Para Meschke, a valorização da marca, cujos produtos serão cada vez mais voltados para um público de super-ricos, pode subir para "mais de 100 bilhões de euros até 2026".
Para Arno Antlitz, diretor financeiro da montadora alemã, “o alto nível de demanda demonstra a confiança dos investidores no futuro da Porsche”.
O executivo acrescentou que a Volkswagen não descarta a listagem da divisão dedicada a baterias para carros elétricos, agora que o IPO da Porsche foi concluído.
Também porque a crise dos microprocessadores vai continuar pelo menos até 2024, e a intenção é reduzir ao máximo os tempos de espera para veículos novos.
Um dos pontos críticos da operação é a governança, com participações de controle cruzadas e pouco claras. As famílias Porsche e Piech, controladoras histórica da montadora através da holding Porsche Automobil SE, têm a maioria dos direitos de voto na empresa-mãe Volkswagen AG.
Graças ao IPO, ganharão uma participação minoritária, porém determinante para os votos, na Porsche AG, retomando o controle total da Volkswagen, após a tentativa fracassada da Porsche em meados dos anos 2000 de adquirir a gigante alemã tomando emprestado mais de 10 bilhões de euros.
Após quatro anos de batalhas jurídicas, a Volkswagen pagou 3,3 bilhões de euros em 2009 para obter 42% da Porsche.
Outro aspecto polêmico: Oliver Blume é o CEO da Porsche e, há cerca de um mês, também do grupo Volkswagen. Um passo que não convenceu todos os investidores, que não acreditam seja possível manter o controle das empresas de Wolfsburg e Zuffenhausen ao mesmo tempo.