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Por que os mercados não gostaram do discurso de Jerome Powell

O discurso do presidente do Federal Reserve não apresentou elementos particularmente surpreendentes, mas os mercados reagiram muito mal

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell (Alex Wong/Getty Images)

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell (Alex Wong/Getty Images)

As Bolsas de Valores estão em queda, os juros sobre os títulos soberanos estão em alta e o euro volta a valer menos do que US$ 1. Essa foi a reação do mercado após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta sexta-feira, 26, após o simpósio de Jackson Hole.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos com vencimento em dez anos estão superando 3%, enquanto o Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 despencaram ao longo do pregão.

Uma queda repentina que ocorreu após uma abertura do mercado que demonstrava um otimismo cauteloso logo após a divulgação dos dados sobre o deflator do produto interno bruto (PIB) dos EUA, um dos indicadores mais seguidos pelo Fed para avaliar a inflação, que no mês de julho havia mostrado um crescimento abaixo do esperado: 6,3% ao ano em vez de 6,8%, com o indicador "núcleo" em 4,6%.

Discurso de Powell em Jackson Hole não foi uma surpresa

O discurso do líder do banco central mais importante do mundo não apresentou elementos particularmente surpreendentes. Eles apenas confirmou a direção da política monetária dos Estados Unidos, que vai continuar sendo restritiva para enfrentar a alta inflacionária.

Entretanto, os mercados perceberam a decisão de Powell de reiterar a importância central do combate à inflação sobre o crescimento como a disposição de manter uma trajetória ascendente das taxas mesmo diante de uma provável recessão econômica.

O discurso do presidente do Fed serviu para ressaltar o fato de que os Estados Unidos estão ainda muito longe de uma posição em que a inflação possa ser definida novamente como sob controle.

Powell, por sinal, não disse qual será a dimensão da alta dos juros que será decidida na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), o braço executivo do Fed que decide sobre o nível das taxas de juro, agendada para os dias 20 e 21 de setembro.

Segundo o presidente do Fed, o nível dos juros nos Estados Unidos dependerá dos dados macroeconômicos que serão publicados ao longo das próximas semanas.

Visões diferentes entre os membros do conselho do Federal Reserve

Entretanto, o mercado não gostou também da diferença de visões entre os vários componentes do conselho do Banco Central dos EUA.

Pouco antes do discurso do Powell, o presidente do Federal Reserve em Atlanta, Raphael Bostic, havia afirmado que estava inclinado para "um aumento das taxas de juro de 50 pontos base" ao invés dos 75 pontos base temidos pelo mercado.

Investidores, analistas e economistas estão olhando para os dados do mercado de trabalho de agosto, que serão divulgados no dia 2 de setembro, e com os dados sobre a evolução dos preços ao consumidor de agosto, que serão divulgados no dia 13 de setembro. Dependendo desses números, o Federal Reserve atuará de forma mais ou menos restritiva na próxima reunião do FOMC. Até lá, a única certeza é que a tensão entre os operadores, e a volatilidade nos mercados financeiros, vai continuar elevada.

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