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Nosso foco agora é a remuneração do acionista, diz Taurus (TASA4)

Para o CEO, Salésio Nuhs, a empresa está muito mais rentável do que no passado e vai se concentrar em distribuir dividendos

Salesio Nuhs, CEO da Taurus (TASA4) (Ricardo Jaeger/Divulgação)

Salesio Nuhs, CEO da Taurus (TASA4) (Ricardo Jaeger/Divulgação)

A Taurus (TASA4) divulgou na última terça-feira, 8, seu resultado do terceiro trimestre de 2022.

O faturamento da fabricante de armas gaúcha caiu 10,9% na comparação anual, passando de R$ 718 milhões no terceiro trimestre de 2021 para R$ 650 milhões no mesmo período deste ano.

O lucro líquido também registrou uma contração, de 38%, passando de R$ 166,4 milhões em 2021 para R$ 103,1 milhões no mesmo período deste ano.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 181,7 milhões, queda de 38% em relação aos R$ 295 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

O mercado externo foi o que mais provocou a queda do faturamento da Taurus, com uma queda de 22,6% na comparação anula, passando de R$ 399,3 milhões para R$ 515,9 milhões.

Por outro lado, o mercado doméstico aumentou, passando de R$ 202,1 milhões para R$ 240,7 milhões na comparação anual.

Para Salesio Nuhs, CEO da Taurus, os resultados "ficaram de acordo com o que esperávamos: abaixo do registrado no período de auge do mercado, mas bem acima dos resultados anteriores à pandemia".

"Tivemos forte desempenho operacional. Mesmo com menores vendas e a maior participação de revólveres no mix de produção, além da pressão inflacionária e do reajuste salarial de 12% concedido para todos os funcionários da planta de São Leopoldo, mantivemos custos e despesas sob controle e alcançamos margens bem superiores às de concorrentes internacionais", explicou o executivo em entrevista exclusiva à EXAME Invest.

Nuhs salientou como a margem bruta da Taurus foi de 45,9% no terceiro trimestre, superior a de concorrentes como a Smith & Wesson, que foi de 37,3%, e da Ruger, que foi de 27,9%.

Segundo Sergio Sgrillo, CFO da Taurus, outra questão que afetou o resultado foi a variação cambial, com o dólar que fechou o trimestre em R$ 5,40, mesmo tendo uma média no câmbio em R$ 5,20.

"Dessa forma, a dívida acaba sendo precificada em R$ 5,40, mas as vendas ficam em R$ 5,22, então isso acaba afetando os resultados", disse Sgrillo à EXAME Invest.

Para Nuhs, o impacto da variação cambial vai ser menor a partir desse trimestre, pois a dívida foi reduzida consideravelmente. "Nos primeiros nove meses do ano a dívida foi reduzida pela metade, chegando a R$ 218,4 milhões. Somente no terceiro trimestre essa redução foi de 33,6%. Isso acabou afetando o resultado do ano. Se tiramos esses efeitos contábeis, aparece claro como em 2022 a empresa se tornou muito mais rentável do que em 2021", disse o CEO.

Produção de armas da Taurus (TASA4) diminui no 3T22

A produção de armas da Taurus diminuiu no terceiro trimestre do ano, passando de 615 mil unidades para 412 mil unidades. Segundo Nuhs, essa redução é "normal" pois "2021 foi um ano completamente atípico, com uma demanda muito superior as previsões".

"O ano passado foi completamente extraordinário. Em 2021 a Taurus produziu e vendeu um número recorde de armas, mas nem sempre esse resultado recorde é possível. Não podemos ter um 2021 todos os anos. Mesmo assim, em 2022 temos uma produção que é 50% maior do que todos os anos passados, usando como ano-base 2020", salientou o CEO.

Segundo Nuhs, a empresa continua tendo um resultado operacional muito forte e está se afirmando como grande distribuidora de dividendos.

"Em 2021 a Taurus distribuiu R$ 194 milhões em dividendos, com um Ebitda de R$ um bilhão. Esse ano também a distribuição vai ser expressiva, cerca de 35% do lucro líquido, que já é de R$ 400 milhões. É preciso considerar que nossos dois maiores acionistas, entre os quais o Luiz Barsi, investem olhando explicitamente para os dividendos", disse Nuhs.

Expansão internacional e mudança de governo no Brasil

O CEO lembrou como a Taurus está prosseguindo sua expansão internacional, se estruturando cada vez mais no mercado indiano, onde assinou uma joint-venture com uma empresa local.

"Vamos participar de uma licitação de 420 mil fuzis para as Forças Armadas indianas. Isso muda completamente a história da Taurus. Também vamos fornecer outras 100 mil armas para forças policiais locais. Estamos crescendo de forma orgânica, com aumento de produção e de vendas", disse Nuhs.

O executivo não exclui a possibilidade da Taurus incorporar outras empresas do setor, já que a nova condição financeira do grupo permitira esse tipo de operações. "Agora que resolvemos o endividamento da empresa e estamos crescendo operacionalmente, estamos pensando em aquisições", salientou Nuhs.

Sobre as possíveis mudanças nas leis para restringir a compra de armas para Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) em um futuro governo do Partido dos Trabalhadores (PT), Nuhs salientou como isso não preocupa a Taurus, pois essa porcentagem do mercado interno é muito pequena.

"Os CACs são um público que virou uma personagem importante para o brasileiro mais por causa da mídia do que por sua consistência numérica. Eles são muito poucos, não representam o mercado brasileiro, nem civil, muito menos o militar. Portanto, não estamos preocupados", disse o CEO da Taurus.

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