Ibovespa cai com 2% em meio a temores de Fed mais duro contra a inflação
Ações de commodities sobem após relaxamento de restrições na China, mas dados do ISM ainda preocupam
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 10h44.
Última atualização em 5 de dezembro de 2022 às 18h23.
O Ibovespa recuou na tarde desta segunda-feira, 5, com temores de taxas de juros e inflação mais altas nos Estados Unidos ofuscando o otimismo com a reabertura da China. O dólar, que tende a se fortalecer com altas de juros nos EUA, sUBIU contra o real, seguindo sua valorização no exterior.
Vale lembrar ainda que o pregão tem o volume de negócios reduzido devido ao jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo 2022, que acontece às 16h. Nos dias de jogos do Brasil na primeira fase do mundial, as negociações caíram 40%. A B3 mantém seu horário de funcionamento, com as negociações se estendendo até às 18h.
- Ibovespa: - 2,30%; 109.349 pontos
- Dólar: + 1,25%, R$ 5,283
Leia também: Negócios na bolsa caem 40% em jogos do Brasil na Copa do Mundo
Com as atenções divididas com a Copa, o movimento do Ibovespa acompanhou os índices de Nova York. Por lá, o indicador ISM de serviços de novembro veio acima do esperado, sinalizando que a economia americana segue forte.
Uma economia fortalecida, por sua vez, pode abrir espaço para que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continue com uma política fiscal contracionista, aumentando a taxa de juros.
- Dow Jones (EUA): - 1,40%,
- S&P 500 (EUA): - 1,79%
- Nasdaq (EUA): - 1,93%
O saldo nas bolsas ocidentais veio na contramão do registrado em bolsas asiáticas. Nesta madrugada, o Hang Seng, principal índice de ações de Hong Kong, disparou 4,71%, após as principais cidades da China, Xangai, Pequim e Wuhan (onde surgiu o vírus) terem anunciado flexibilização das medidas anti-Covid no fim de semana.
- Stoxx 600 (Europa): - 0,39%
- Hang Seng (Hong Kong): + 4,71%
As novas regras, que passaram a valer nesta segunda, incluíram o fim da necessidade de apresentar testes de covid para utilizar transportes públicos.
Os sinais de reabertura da China surgem uma semana após a onda de protestos pelo fim da política de covid zero. O desejo é compartilhado por investidores, que esperam pela aceleração da economia chinesa com a queda de restrições. A expectativa de maior demanda sustenta as altas do mercado de commodities, contribuindo para ações do setor na B3.
Commodities em alta
As ações das siderúrgicas CSN e Usiminas, que tem a China entre seus principais clientes, estiveram entre as poucas altas do dia e não conseguiram segurar a queda do Ibovespa. Vale chegou a subir ao longo do dia, mas virou para a queda.
As maiores altas ficaram com as exportadoras de celulose Klabin e Suzano, acompanhando a alta do dólar.
- Klabin ( KLBN11 ): + 2,22%
- Suzano ( SUZB3 ): + 2,20%
- Usiminas ( USIM5 ): + 1,07%
- CSN ( CSNA3 ): + 0,14%
- Vale ( VALE3 ): - 0,10%
Maiores perdas
As bolsas dos Estados Unidos aprofundaram as perdas após a divulgação dos dados, com o movimento sendo acompanhado pelo mercado brasileiro. Ações de empresas ligadas ao ciclo de juros lideraram as perdas na B3, com investidores precificando um cenário de taxas mais altas por mais tempo. Entre as companhias que mais sofreram neste pregão, estiveram as de tecnologia e de setores de consumo.