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Decisão de Fed e Copom: o que esperar da última Super Quarta do ano

Bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos informam suas decisões de política monetária na próxima quarta-feira, 21

Taxa de juros deve continuar subindo nos EUA; no Brasil, decisão está aberta (Towfiqu Photography/Getty Images)

Taxa de juros deve continuar subindo nos EUA; no Brasil, decisão está aberta (Towfiqu Photography/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 19 de setembro de 2022 às 06h02.

Última atualização em 19 de setembro de 2022 às 11h45.

O Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) informam na quarta-feira, 21, suas decisões de política monetária. Será a última vez no ano em que as decisões são divulgadas no mesmo dia – data conhecida no mercado brasileiro como ‘Super Quarta’. 

Esta também pode ser a última vez no ano que as decisões dos bancos centrais americano e brasileiro caminham na mesma direção. Por lá, a expectativa é de que as taxas de juros continuem subindo, enquanto, no Brasil, boa parte do mercado acredita que a Selic será mantida no mesmo patamar. Vale lembrar, no entanto, que o BC deixou a porta aberta para uma última alta residual na reunião desta semana.

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O que esperar da decisão do Copom

O mercado está precificando que a trajetória de alta da taxa básica de juros, a Selic, chegou ao fim em agosto. Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa em 0,5 ponto percentual (p.p.), de 13,25% para 13,75% ao ano

A expectativa é que o arrefecimento da inflação seja suficiente para frear a escalada da taxa. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou negativo em 0,36% – no segundo mês seguido de deflação amparada na queda dos preços de combustíveis e energia.

Os analistas do Itaú BBA esperam que o Copom indique o fim do ciclo de alta, mas permaneça com tom contracionista, mantendo os juros altos por um período mais longo de tempo, com cortes apenas no segundo semestre de 2023.

“Apesar da redução da inflação de itens voláteis, ressaltamos que as medidas de inflação subjacente seguem elevadas e que o ritmo de desinflação adiante será lento, o que reforça a necessidade de uma política monetária contracionista ainda por algum tempo”, afirmam, em nota, os analistas do banco.

A opinião é compartilhada pelo Goldman Sachs, que vê chance de 60% na manutenção da taxa seguida de discurso mais duro. Os outros 40% de probabilidade indicariam uma alta final de 0,25 p.p. na reunião desta semana. 

“Uma nova elevação em setembro poderia ocorrer para reforçar o tom contracionista como sinal de orientação monetária. Porém, tal sinal também poderia ser enviado por um forte compromisso de manter a política monetária significativamente restritiva por um período prolongado de tempo”, ponderam os analistas.

O mercado de DI reduziu a aposta na estabilidade da Selic, com a precificação de alta rondando os 10 pontos básicos na última sexta-feira. A precificação ainda indica uma chance pequena de nova elevação na taxa. Isso porque os investidores têm sido mais cautelosos após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar no início do mês que uma nova alta ainda estava na mesa

A decisão do Copom será divulgada na quarta-feira, 21, após o fechamento do mercado. 

O que esperar da decisão do Fed

O Fomc, comitê do Fed responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos, deve elevar novamente os juros do país em 0,75 p.p. na reunião que termina na quarta-feira. Alguns analistas já defendem, no entanto, uma alta ainda mais dura, de 1p.p. – principalmente depois que os dados de inflação voltaram a surpreender para cima.

Na última semana, o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) não revelou deflação da economia americana como era o esperado para agosto – e ainda adicionou uma nova alta mensal de 0,1%. Na comparação anual, o CPI desacelerou menos do que o projetado por economistas, saindo de 8,5% para 8,3%. O consenso era de queda para 8,1%.

Após a divulgação do CPI, as taxas de juros americanas passaram a precificar em torno de 20% a chance para uma alta de 1 p.p., que levaria o juro americano para o intervalo de 3,25% e 3,5%. A análise do monitor de probabilidades do CME Group, também aponta que os outros 80% esperam uma elevação de 0,75 p.p., para o intervalo entre 3% e 3,25%.

Para os analistas do Bank of America (BofA), o Fed deve elevar a taxa em 0,75 p.p. nesta reunião, alcançando um patamar de 3,75% a 4% até o final de 2022.  A trajetória de alta contaria ainda com uma elevação residual de 0,25 p.p. no início do próximo ano.

“Suspeitamos que o Fed deixará claro que a política monetária estará se movendo para um território restritivo. Além disso, achamos que o Fed vai querer enviar o sinal de que uma postura de política restritiva será necessária ‘por algum tempo’ para se proteger contra as expectativas do mercado de uma rápida virada para cortes de juros quando a inflação começar a cair”, avaliam os analistas.

O Fomc divulga sua decisão de política monetária às 15h da quarta-feira, 21. Na sequência, Jerome Powell, presidente do Fed, discursa às 15h30.

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