ESG

Canudo inteligente feito com resíduo de babaçu 'avisa' se a bebida estiver vencida

Produto usa apenas sobras agroindustriais na sua formulação e foi tema de pesquisa de mestrado; material dispensa o uso do plástico, material poluente que leva muito tempo para se decompor

Pesquisa: sobras agroindustriais da polpa do babaçu podem ganhar nova utilidade (Getty Images)

Pesquisa: sobras agroindustriais da polpa do babaçu podem ganhar nova utilidade (Getty Images)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 29 de maio de 2024 às 07h30.

Um produto biodegradável aproveita os resíduos que iriam para aterros e pode servir como alternativa ao plástico, que pode levar décadas ou até centenas de anos para se decompor por completo na natureza, segundo suas características.

Resultado da pesquisa de mestrado de Luís Fernando Zitei Baptista, orientado pela professora Delia Rita Tapia Blácido, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP), o canudo é feito com sobras agroindustriais da polpa do babaçu, um fruto da região amazônica, e combina ainda o uso de extrato de uva.

O canudo feito com babaçu combina as propriedades mecânicas e funções bioativas dos materiais. Segundo o pesquisador informou ao Jornal da USP, outras características importantes são a boa atividade antioxidante e antimicrobiana. O fruto, ao final do estudo, mostrou oferecer maior insolubilidade aos materiais em comparação com o uso de amidos, como o de batata e o de milho.

Canudo inteligente

Mas onde entra o extrato de uva? A substância, além de reforçar os benefícios do babaçu, deu aos canudos a capacidade de mudar de cor conforme o contato com o pH do líquido. Isso ocorre graças a componentes da uva, como a antocianina - substância natural que apresenta um amplo espectro de cores.

Segundo a pesquisa, a mudança de cor dos canudos permite a identificação rápida da condição do alimento. O pesquisador cita o  aumento de acidez da lactose quando o produto está envelhecendo. “Se ele [canudo] ficou rosado, por exemplo, é porque o leite estragou”. Entre as bebidas usadas no teste, com seus diferentes pH, estão o refrigerante, o suco de laranja, o leite e a água.

Baptista aposta no uso de resíduos na criação de biomateriais que tenham como base os princípios da química verde. Apesar do otimismo, há desafios na substituição de plásticos tradicionais. O pesquisador cita em particular os produtos de uso único, como embalagens de alimentos que utilizam isopor ou filme plástico. O futuro, no entanto, passa pela mudança de hábito dos consumidores, que vai possibilitar o ganho de escala de soluções como o canudo biodegradável inteligente.
Acompanhe tudo sobre:infra-cidadãPesquisaUSPContaminação por materiaisPlásticosPetróleoPoluiçãoQuímica (ciência)

Mais de ESG

Contra o plástico nos oceanos, remadores treinam sob chuva artificial para enfrentar o Ártico

Prosamin+: programa reassenta famílias de igarapés em risco de desastres climáticos em Manaus

ESG: o que é a sigla que virou sinônimo de sustentabilidade

Brasil é o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo

Mais na Exame