China: Wuhan tem testado os 11 milhões de habitantes para controlar o avanço da covid-19 (Qilai Shen/Bloomberg)
Isabela Rovaroto
Publicado em 1 de junho de 2020 às 11h03.
Última atualização em 1 de junho de 2020 às 12h27.
Autoridades de Wuhan disseram que não identificaram novos casos de “transmissores silenciosos” pela primeira vez em quase dois meses, depois do amplo esforço da cidade para testar toda a população.
Das 60 mil pessoas testadas no domingo, não foram encontrados casos de infecções assintomáticas, disse a comissão municipal de saúde de Wuhan na segunda-feira. Em ambicioso plano para evitar uma segunda onda de casos, Wuhan tem testado toda a população de 11 milhões e registrou cerca de 200 casos assintomáticos nas últimas duas semanas.
A presença de indivíduos com o vírus que não mostram sintomas, mas que podem infectar outras pessoas, tem sido um obstáculo nos esforços mundiais para conter a pandemia e uma das principais razões pelas quais o Covid-19 se espalhou de maneira tão ampla e rápida. Nos países onde o número de testes ainda é insuficiente, não há como detectar esses transmissores e isolá-los antes que infectem outras pessoas.
Ao identificar portadores assintomáticos, a blitz de testes de Wuhan poderia permitir que a cidade, onde o vírus surgiu, erradique o patógeno entre a população. Mas o método pode estar fora do alcance para outros países e cidades chinesas ainda maiores, pois requer grande mobilização de recursos e cooperação total dos cidadãos.
Habitantes de Wuhan poderiam estar mais dispostos a se apresentar para os testes dadas as cicatrizes que a epidemia deixou na cidade, que foi isolada por quase três meses para conter a propagação do vírus. O sistema médico local quase entrou em colapso sob a pressão do surto. Das mais de 4,6 mil mortes relatadas na China por Covid-19, cerca de 80% delas ocorreram em Wuhan.
Durante o processo de testes em massa, Wuhan encontrou várias dezenas de casos assintomáticos diariamente. O número diminuiu para um dígito no período final de testes, de acordo com dados diários divulgados pela comissão local de saúde.
Apesar de ter controlado a epidemia, a China permanece em alerta máximo para infecções esporádicas que correm o risco de causar surtos secundários. Uma cidade na província de Heilongjiang, no nordeste do país, suspendeu a maioria dos serviços de trem na semana passada após o registro de cinco casos assintomáticos em um único dia.
Nas províncias vizinhas Jilin e Liaoning, um foco com mais de 40 casos levou autoridades a adotar medidas de isolamento em uma região de 100 milhões de pessoas. Como esse foco começou ainda é um mistério.
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