Ciência

Pandemia de covid-19 pode durar até 2022, diz professor de Harvard

Para a previsão, Timothy Springer se baseou na Gripe Espanhola. Professor também é investidor da Moderna, que anunciou testes de uma vacina

Timothy Springer: professor afirma que coronavírus "é uma guerra" (Scott Eisen/Bloomberg/Getty Images)

Timothy Springer: professor afirma que coronavírus "é uma guerra" (Scott Eisen/Bloomberg/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 28 de maio de 2020 às 16h55.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 17h26.

Para o imunologista e professor da universidade americana Harvard, Timothy Springer, a pandemia do novo coronavírus deve durar, com toda certeza, até o ano que vem e provavelmente continuar por um período de 2022. Em entrevista à EXAME, Springer afirmou que "a atual crise da covid-19 é parecida com uma guerra e que ela "será ainda mais severa do que qualquer outra que tivemos neste século, e vai durar mais, provavelmente três anos". "E isso vai atingir, principalmente os países subdesenvolvidos", diz Springer.

No mundo todo, quase 6 milhões de pessoas estão infectadas pela doença e 357.929 morreram, segundo o monitoramento em tempo real da Universidade Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o epicentro do vírus, com 1.711.313 de doentes e 101.129 mortes. Em segundo lugar, está o Brasil, país que vem aumentando diariamente o número de infectados e de óbitos, com 25.598 mortos e 411.821 doentes, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde.

Para fazer essa predição, Springer se baseou na epidemia de Gripe Espanhola, que aconteceu no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e se espalhou entre as concentrações dos exércitos e deixou 50 milhões de mortos no mundo em dois anos. "Foi uma epidemia mundial horrível e nós perdemos a memória coletiva do quão ruim o vírus foi.

Nos Estados Unidos, mais pessoas morreram da gripe em 1918, 1919 e 1920 do que em todas as guerras dos EUA em 1900", explica. "E o mesmo é verdade ao redor do mundo. Muita gente morreu pela doença. E, enquanto tínhamos muitos memoriais para aqueles que morreram nas guerras, não temos nenhum para quem faleceu por causa da gripe. E isso criou um ponto cego na nossa consciência coletiva", diz.

Springer é um dos investidores da empresa americana de biotecnologia, a Moderna, que divulgou na última semana testes bem-sucedidos de uma potencial vacina contra o vírus. Segundo a Forbes, o professor tem uma fatia de 3,5% da companhia, que comprou com um aporte inicial de 5 milhões de dólares em 2010. Partindo do total de ações que a empresa tinha em fevereiro, no último balanço divulgado, o professor teria quase 13 milhões de ações. Assim, entre o primeiro investimento e os papéis em 2020, o retorno foi de mais de 17.000%.

Para ele, a vacina deve ficar pronta "em algum momento no outono" dos Estados Unidos, estação que dura de setembro a novembro no hemisfério norte. "Mesmo assim, infelizmente, vai demorar mais um ano para essa vacina escalar, porque a manufatura será limitada", explica.

A vacina do ebola, por exemplo, foi aprovada duas décadas depois do início dos estudos de uma prevenção ao vírus e demorou cinco anos para ser produzida. Já a do sarampo começou a ser estudada em 1945 e foi produzida somente na década de 60 --- períodos de tempo que não são tão otimistas do ponto de vista social, mas sim do ponto de vista científico.

Para Springer a única forma de parar o contágio do vírus até uma vacina ser criada é o distanciamento social. "Todos devem usar máscaras, porque isso protege não só que a usa, mas protege ainda mais quem está em volta da pessoa. Lave as mãos frequentemente, não toque seus lábios, seu nariz, seus olhos, porque as suas mãos vão ter entrado em contato com superfícies nas quais pessoas com o vírus podem ter tocado. Isso tem que ser levado a sério", garante.

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