Agenda de shows no Brasil: motor econômico e cultural (Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 11h15.
Lollapalooza, Rock in Rio, uma apresentação do Bad Bunny aqui, outra do AC/DC lá. Já não restam dúvidas: o calendário musical brasileiro de 2026 se desenha como um dos mais movimentados dos últimos anos, impulsionado pela combinação de grandes festivais e pela consolidação do país como rota estratégica para turnês internacionais.
Eventos como o Lollapalooza, em março, e o Rock in Rio, em setembro, funcionam como catalisadores desse movimento, criando as chamadas “ondas secundárias” de shows — quando artistas que já estão no Brasil anunciam datas extras em outros locais, além de outras turnês que passam por estádios como Allianz Parque, MorumBIS e Nilton Santos.
Esse fluxo constante de eventos acompanha um momento de expansão do setor. Segundo dados recentes da PwC/Live Entertainment, o Brasil é hoje o segundo maior mercado de shows ao vivo do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A indústria de eventos movimenta cerca de R$ 300 bilhões por ano, o equivalente a 4,3% do PIB nacional, segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) e o Sebrae. Isso explica a crescente atração por turnês cada vez maiores, produções mais robustas e públicos mais segmentados.
Além do cenário nacional, números regionais ajudam a dimensionar esse impacto. De acordo com o Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris, a cidade de São Paulo recebeu 30,5 milhões de visitantes entre janeiro e agosto de 2025, um crescimento de 54,04% em relação aos 19,8 milhões registrados em 2023, primeiro ano da série histórica. O dado reforça o papel da capital como principal polo de eventos do país e ajuda a explicar a concentração de grandes shows e festivais na cidade.
A Soccer Hospitality, uma das principais operadoras de espaços premium em estádios brasileiros, atua em arenas como Allianz Parque, MorumBIS, Nilton Santos e outros complexos multiuso. Reconhecida pela gestão de camarotes em grandes jogos, eventos corporativos e festivais, a empresa também opera esses espaços durante megashows e notou uma mudança no setor dos últimos dois anos para cá.
“Ser o segundo colocado global em entretenimento ao vivo não é casualidade; é reflexo de um público numeroso, apaixonado e disposto a investir em experiências. Quando um grande ano de turnês se aproxima, o impacto nas arenas brasileiras é imediato”, comenta Léo Rizzo, CEO da empresa.
Esse impacto se evidencia com o preço dos ingressos e venda de experiências mais personalizadas. Em 2026, com a alta concentração de turnês internacionais, os camarotes administrados pela Soccer Hospitality estarão em funcionamento nos principais estádios. A própria agenda do próximo ano evidencia essa mudança de comportamento: enquanto os ingressos comuns variam de R$ 97,50 a R$ 850, há forte procura por camarotes que chegam a R$ 3 mil, como nas apresentações do AC/DC.
O movimento econômico também dialoga com uma busca crescente por experiências presenciais em meio ao excesso de vida digital. Para Marcelo Frazão, vice-presidente da WTorre Entretenimento e responsável pela gestão do Allianz Parque, os shows, além dos jogos, passam a ocupar um papel social ainda mais relevante.
“Eu diria que o excesso de vida digital e de bolhas faz com que os shows e também os jogos de futebol promovam uma sensação de alívio. Hoje, momentos de shows e turnês são ocasiões para encontros reais”, avalia.
Para além dos grandes festivais e turnês internacionais, o crescimento do entretenimento ao vivo também se reflete em eventos culturais de grande escala espalhados pelo país, impulsionados por operações cada vez mais profissionalizadas. Um dos principais exemplos é o 40º Natal Luz de Gramado, que acontece entre outubro de 2025 e janeiro de 2026 e já caminha para bater recordes históricos.
Com mais de 100 mil ingressos vendidos antecipadamente e expectativa de superar 2,8 milhões de visitantes, o evento deve injetar mais de R$ 550 milhões na economia local. Todos esses números de vendas, público e impacto econômico são levantados a partir da operação da ElevenTickets, plataforma da Imply responsável pela bilhetagem, controle de acesso e gestão tecnológica do evento como um todo.
Outro termômetro desse avanço, também administrado pela empresa, são as Oktoberfests brasileiras, que em 2025 reuniram mais de 1,1 milhão de participantes em oito cidades do Sul e de São Paulo, movimentando R$ 96,9 milhões em vendas de ingressos, alimentos e bebidas.
“A tecnologia é o que viabiliza esse crescimento de forma sustentável, garantindo dados confiáveis, eficiência operacional e uma experiência fluida para o público”, afirma Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply.