A proposta do autor é "mudar a visão míope sobre os nossos centros de lazer, cultura e entretenimento" (Arte/Bússola)
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Publicado em 16 de outubro de 2023 às 11h12.
Última atualização em 5 de abril de 2024 às 17h22.
Por Vander Giordano*
Qual seria o impacto nas cidades brasileiras se fossem instalados centros de lazer, arte, cultura, gastronomia, serviços e entretenimento, democráticos, bem estruturados, climatizados, abertos ao público gratuitamente sete dias por semana? Espaços ergonomicamente favoráveis à circulação e interação de crianças, jovens e idosos. Locais organizados, de uma limpeza impecável, onde os pais pudessem deixar os filhos sem se preocupar com a violência. Estruturas que periodicamente apresentam atrações de primeira linha, muitas vezes, com portões abertos. Isso tudo em um ambiente com profissionais da saúde, vigilantes e brigadistas de prontidão para qualquer emergência.
A boa notícia é que tais estruturas não dependem do dinheiro público e já existem nas principais cidades brasileiras.
Apesar de terem a imagem historicamente ligada exclusivamente ao consumo, eles exercem um papel social e cultural extremamente relevante que se confunde, em algumas ocasiões, com o dever do próprio estado. Esse é o convite proposto aqui neste texto: mudar a visão míope sobre os nossos centros de lazer, cultura e entretenimento. O fundador do grupo Multiplan, José Isaac Peres, sempre sustentou: “Nosso negócio é dar prazer às pessoas”. Aos gestores desses empreendimentos cabe a missão de criar um ambiente propício para que os 200 milhões de visitas/ano (somente nos shoppings da Multiplan), possam circular felizes e querendo passar uma parte do tempo possível lá. Os shoppings passaram a fazer parte do cotidiano de muitas pessoas e sempre resgatam passagens da vida que estão fortemente ligadas à memória afetiva. As vendas ficam a cargo dos lojistas, nossos parceiros fundamentais.
É nesse sentido que fica o convite ao leitor de fazer um exercício simples: ir até um shopping numa tarde qualquer durante a semana e contar quantos idosos, pessoas com dificuldade de locomoção ou cadeirantes estão no local. A ergonometria do piso, perfeitamente assentado, sem desníveis como nas calçadas das ruas, o ambiente climatizado, a boa iluminação e a certeza do atendimento imediato por um socorrista em qualquer eventualidade dão a essa parcela da população, muitas vezes ignorada pela sociedade, a segurança de circular, conhecer e conversar com pessoas, levar os netos para passear e, em última instância, sentir-se vibrantes novamente. Já ouvi pessoalmente depoimentos de idosos que moram sozinhos dizendo que ficam mais tranquilos nos shoppings que em casa, no cotidiano das tardes semanais, porque, caso tenham um mal súbito, sabem que serão prontamente socorridos.
Com base no mesmo sentimento de segurança também é comum, principalmente em período de férias escolares, milhares de pais nos delegam temporariamente, sem qualquer contrato, a tutela dos filhos menores de idade, o pátrio poder, ao deixarem eles frequentarem os nossos espaços desacompanhados.
Quantos shows, exposições de alto nível e peças de teatro já tiveram os espaços comuns dos shoppings Brasil afora como palco? E quantos outros eventos e atividades com entrada franca? Em meio à vida corrida e árida das megalópoles, a população é, muitas vezes, agraciada gratuitamente com cultura e arte. Mais uma vez, os shoppings tornam-se válvulas de escape ao caos urbano.
Observem que até aqui estamos tratando de questões sociais, bem-estar, culturais, de entretenimento e, em última instância, relacionadas à felicidade das pessoas. Mas, não menos importante é a geração dos cerca de 100 mil empregos (muitos deles como o primeiro emprego para jovens) e o desenvolvimento econômico ordenado que historicamente os shoppings geram para as cidades em que se instalam.
Equipamentos que dialogam com as cidades, promovem conceitos de cidadania, crescimento ordenado, valorizam seu entorno, e mudam positivamente a dinâmica urbana, diminuindo a circulação de veículos na medida em que as pessoas podem resolver diversas questões num só lugar. Equipamentos que, se pararmos para analisar, são verdadeiros antidepressivos urbanos, catalisadores do desenvolvimento sustentável e que transformam o dia a dia das pessoas.
*Vander Giordano é vice-presidente Institucional da Multiplan
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