Rust-out é semelhante ao burnout, mas pouco falado (LumiNola/Getty Images)
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Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 10h00.
Por Erich Silva*
O mundo do trabalho tem discutido cada vez mais os impactos do burnout, mas existe um fenômeno igualmente prejudicial que cresce nas empresas: o “rust-out”.
Ele surge quando profissionais competentes passam boa parte do tempo presos a rotinas previsíveis, tarefas mecânicas e atividades que não representam um desafio real.
O resultado é a sensação de estagnação, perda de propósito e apatia, mesmo quando a carga de trabalho parece administrável.
Essa tendência fica ainda mais preocupante quando observamos os dados recentes do State of the Global Workplace 2025, da Gallup. A pesquisa mostra que o engajamento global caiu para 21%, enquanto apenas 27% dos líderes afirmam estar engajados.
O impacto financeiro dessa baixa motivação é gigantesco segundo o estudo: uma estimativa de US$ 438 bilhões em perdas de produtividade global em 2024.
Em um cenário como esse, a automação de tarefas repetitivas é uma ferramenta estratégica para liberar pessoas das tarefas que provocam desengajamento e recuperar motivação, foco e propósito.
Ao contrário do burnout, que nasce do excesso, o “rust-out” se manifesta na ausência de estímulo. Ele surge quando o trabalho se reduz a uma sequência interminável de ações operacionais: aprovar, conferir, formatar, responder, mover informações de um sistema para outro, atualizar planilhas e reunir dados.
Tarefas repetitivas diminuem o foco, reduzem a motivação, impedem o pensamento estratégico e travam a inovação. Os profissionais perdem seu propósito e as empresas perdem competitividade, velocidade e lucro.
Segundo o estudo da Gallup, se a força de trabalho global fosse 100% engajada, as empresas poderiam adicionar US$ 9,6 trilhões ao PIB global.
Ou seja: há um gigantesco potencial preso em equipes desengajadas, perdendo tempo com fluxos operacionais ineficientes.
Para combater o rust-out, não basta pedir mais engajamento ou oferecer benefícios. É necessário redesenhar o trabalho, e isso inclui automatizar tarefas que consomem muito tempo e energia.
Alguns exemplos de tarefas que podem ser automatizadas, diminuindo a sensação de estagnação (rust-out):
Tudo isso devolve ao profissional o espaço cognitivo para tomar decisões, criar soluções e pensar estrategicamente. E é nesse ponto que a automação deixa de ser apenas eficiência e se torna saúde organizacional.
Esses processos podem ser automatizados em praticamente todos os setores de uma empresa — de RH, com fluxos de admissão, avaliação e solicitações internas; ao Financeiro, com conciliações, aprovações e controles; passando por Compras, Suprimentos, Operações, Atendimento ao Cliente, Jurídico e até Vendas, com triagem de oportunidades, geração de propostas e integração de dados.
Quando áreas inteiras reduzem sua carga de tarefas mecânicas, as equipes passam a dedicar tempo ao que realmente gera valor: análise, estratégia, relacionamento e inovação.
2026 deve ser o ano definitivo de eliminação das tarefas repetitivas. Se o rust-out nasce da estagnação, a automação é o movimento que quebra esse ciclo.
Empresas que insistirem em modelos de trabalho baseados em esforço manual continuarão perdendo engajamento, produtividade e capacidade de inovação. Já as que adotarem automação inteligente devolverão propósito às equipes e velocidade ao negócio.
Em um mercado que não tolera desperdício, nem de tempo, nem de talento, automatizar é uma decisão estratégica e competitiva.
*Erich Silva é Diretor de Operações e Talentos e sócio da Lecom, com mais de 25 anos de experiência em consultoria e tecnologia.