O varejo moderno exige adaptação rápida (iStock/Reprodução)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 15h00.
Por Leonardo de Ana*
Nos últimos anos, o varejo brasileiro passou por uma grande transformação, tanto tecnológica quanto comportamental e operacional. A velocidade das mudanças exigiu que empreendedores buscassem modelos de expansão mais flexíveis e mais alinhados à realidade do dia a dia.
Nesse movimento, uma pergunta vem ganhando força: qual modelo impulsiona melhor o varejo atual: licenciamento ou franquia?
Depois de observar de perto as dores dos operadores, os custos envolvidos e a dinâmica real das lojas, cheguei a uma conclusão clara: o Brasil precisa de modelos mais leves, menos engessados e que devolvam autonomia ao empreendedor.
Atualmente, não podemos negar que as franquias ainda ocupam um espaço relevante no mercado varejista. Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), o faturamento das franquias no Brasil chegou a R$ 273 bilhões em 2024.
Porém, o modelo de expansão por licenciamento vem ganhando espaço. Ele oferece vantagens que se conectam diretamente às necessidades atuais do varejo de proximidade, com inovação, agilidade e escalabilidade para empreendedores.
Mudaram o perfil do cliente, os hábitos de compra e as expectativas de serviço. Muitas vezes, a estrutura tradicional de franquias, com taxas elevadas e uma padronização rígida, não está alinhada com a velocidade de evolução.
Hoje, o operador não quer apenas seguir um manual, ele quer entender o bairro, ajustar o mix de produtos, testar novos formatos e mudar preços quando necessário.
E quando o empreendedor começa sua jornada já carregando taxas de franquia, royalties, fundo de propaganda e obrigações contratuais, ele parte com um déficit.
No mercado, encontramos modelos de licenciamento que reduzem drasticamente essas barreiras. Sem taxas extras, sem multas pesadas e com contratos mais simples, o empreendedor consegue investir mais em estoque, atendimento e tecnologia.
Isso não só aumenta a margem, mas também reduz o risco de mortalidade precoce nas empresas, que é um problema histórico no Brasil. Segundo a pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2022, do IBGE, cerca de seis em cada dez empresas (60%) não conseguem permanecer ativas após cinco anos de existência.
É a padaria do bairro, o mercadinho conhecido, o atendimento personalizado. Modelos mais rígidos frequentemente eliminam essa identidade local em nome de um padrão único.
Mas o varejo atual mostra o contrário: personalização e relevância local vendem mais do que padronização absoluta.
Ao permitir que o empreendedor utilize sua própria marca, especialmente quando ela já é forte, é possível criar uma conexão real com o cliente, algo que não se compra com manuais.
Pagamentos digitais, autosserviço, gestão de estoque e análise de dados são essenciais.
E para funcionar bem, a tecnologia precisa ser própria, integrada e ter suporte rápido. Não dá para depender de uma central distante ou de terceirizados que não entendem o negócio.
Alguns modelos de licenciamento facilitam esse acesso, oferecendo suporte direto, atualizações rápidas e ajustes feitos conforme o feedback das lojas. Isso significa tecnologia pensada para quem realmente opera, não apenas para quem supervisiona.
É assim que o varejo cresce. O Brasil precisa de modelos que libertem o empreendedor. As franquias continuam a desempenhar um papel importante no setor brasileiro, mas precisamos estabelecer estruturas no varejo de proximidade que reduzam o custo de entrada, devolvam autonomia ao operador, priorizem tecnologia e suporte, valorizem a identidade local e permitam evolução rápida.
No fim, a questão não é sobre “qual modelo é melhor?”, mas sim: “qual modelo prepara melhor o varejo brasileiro para crescer daqui pra frente?”
*Leonardo de Ana é CEO e Cofundador da InHouse Market, startup líder em tecnologia para minimercados autônomos 24/7 em condomínios e escritórios.