Saber ficar quieto é uma virtude de que poucos sabem usufruir (foto/Thinkstock)
Bússola
Publicado em 11 de setembro de 2021 às 14h00.
Por Ana Busch*
Não está fácil pra ninguém. Os números de casos e de mortes por covid-19 no Brasil continuam em consistente tendência de queda. Mas isso não quer dizer que a pandemia acabou. Muita gente, apostando na vacinação, começa a tirar a máscara, e isso pode custar caro no futuro.
Some-se que estamos em plena infodemia. Em um minuto, acreditem, 2.700 pessoas instalam o TikTok. Usuários postam mais de 350 mil posts no Instagram e mais de 42 milhões de mensagens são compartilhadas via WhatsApp. Sim, em 60 segundos. É muita informação. Pra quem, como eu, faz lista de livros, filmes e séries, isso gera uma ansiedade enorme. Não tem lista que dê conta de todo o conteúdo disponível. (Ah! Os dados acima são de 2020. Já cresceram muito.)
E a vontade de sair comentando tudo… Para! Vamos lembrar que as redes sociais vêm se tornando ambientes cada vez mais tóxicos, como escrevem Alexandre Loures e Flávio Castro na Bússola Trends. E que, na internet, nada se apaga, nada se perde, mas pode se transformar, e para pior. Por mais que você volte atrás, alguém sempre pode ter feito um print, gravado sua fala — e o conteúdo muda de mãos. Não é mais seu. O movimento das redes de cuidar da chamada “Privacidade Social” não ocorre agora sem motivo.
Então tem hora que a gente precisa ficar quieto para processar tanta informação. Rodrigo Pinotti tratou do tema em sua coluna desta semana na Bússola. Quando não conseguimos parar e nos ocupar de alguma calmaria, fica mais difícil agir. Porque, com tantos estímulos e tanta informação, acabamos nos esquecendo de pensar.
A semana
Na semana dos biomas, a Bússola deu ainda mais atenção ao tema do ESG. Danilo Maeda fala da interdependência entre sustentabilidade e democracia. Renato Krausz apresenta seis inovações para deixar as cidades mais inteligentes. Uma série especial mostra iniciativas do setor privado em prol da Amazônia e do Cerrado, na preservação e recuperação ambiental e sobre impacto social.
João Kepler revela as cinco coisas que analisa ao avaliar uma startup. Isabela Rahal mostra como a crise econômica é especialmente dura para mulheres e, mais ainda, com as jovens e negras.
Novas virtudes
No fim, tanta informação, somada a tanta informação falsa que rola por aí, vira ruído. Ruído entre lados, entre torcidas, entre gerações, que impactam nossa vida pessoal e profissional. Como bem diz Mauro Wainstock, habilidades e competências não têm vínculo com idade, signo, gênero, raça, religião, etnia, estado civil ou profissão. Vamos encontrar nossos iguais por vivências e convivências comuns. Para isso, temos que parar um pouco. Entender nossos propósitos, aspirações, momento de vida, desejos e sonhos.
Saber ficar quieto é uma virtude. Pensar antes de falar, ler, estudar, fazer uma curadoria do conteúdo, treinar são outras tantas. Muitas vezes essas são as chaves para não ter que recuar depois. (Porque, pelo menos nas redes, o que passou nem sempre passou mesmo.)
*Ana Busch é jornalista, diretora de Redação da Bússola e sócia da Tamb Conteúdo Estratégico
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube