“Vejamos o caso do Rio de Janeiro, onde uma obra de alta importância para o deslocamento de trabalhadores está há quase 9 anos paralisada” (Andrea Pistolesi/Getty Images)
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Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 07h00.
Por Antonio Florencio de Queiroz*
Comércio e prestação de serviços representam 60% do PIB no Brasil, gerando 70% dos empregos para a população ativa. O segmento terciário, o principal da economia no país, é estratégico em todo o mundo pela importância de sua produção – e a tendência é crescer mais, sob o impulso de inovações tecnológicas e aumento da urbanização. A intensidade dessa expansão, contudo, pode ser impactada pelas condições de mobilidade urbana.
Vejamos o caso do Rio de Janeiro, onde uma obra de alta importância para o deslocamento de trabalhadores está há quase 9 anos paralisada. A estação Gávea do metrô, única ainda inacabada da Linha 4, tem tudo para servir aos interesses de quem mais precisa: os milhares de empregados na região em estabelecimentos comerciais, escolas, hospitais, consultórios, escritórios, bares, restaurantes e na PUC, uma das principais universidades do país. São pessoas que não moram no bairro, mas comumente se deslocam por grandes distâncias para pegar no batente.
Por tabela, a estação beneficiará também os empregadores, visto a maior quantidade de pessoas circulando e fomentando os negócios. Metrô é um ativo fundamental para a mobilidade urbana, que é uma necessidade elementar para o segmento de comércio e serviços. Gera menos estresse e menos poluição que os engarrafamentos nas ruas, é sustentável e transporta muito mais passageiros de uma vez, de maneira ágil e segura.
Uma entrega desse porte, além de significar inclusão, vai apontar para uma simbólica virada de página no estado, com mais desenvolvimento econômico e social. Desde a criação de vagas de emprego para o término da obra a resultados da maior movimentação da economia com a expansão futura do sistema metroviário. A partir da estação Gávea, será possível traçar novas linhas de metrô no Rio, chegando a outros bairros e regiões hoje não atendidas.
Temos acompanhado a luta do governo nas questões de segurança pública, estamos atentos e somos solidários. São problemas que não surgiram agora, mas existem há anos. Importante ressaltar que, por isso mesmo, cabe ao estado atuar ainda mais fortemente para firmar seus ativos e devolver ao Rio o brilho que a sua rica natureza já nos oferece. Ao longo deste 2023, houve vários anúncios de que a estação seria concluída – inclusive, dias atrás, com a assinatura de memorando envolvendo os atores para a retomada das obras. Mas é necessária solução efetiva, ou seja, máquinas e operários trabalhando. Há questionamentos judicializados envoltos na obra – e é somente na Justiça que devem ser tratados. Já os termos relativos a cálculos de valores e entendimentos entre órgãos afeitos ao caso devem evoluir e oferecer uma resposta prática à população.
São raros os dias sem quaisquer notícias na mídia e nas redes sociais sobre obras de mobilidade urbana, incluindo o metrô, em diversos cantos do país. Mobilidade urbana é obra na veia da economia e o Rio tem uma chance singular. Terminar a estação Gávea no Rio de Janeiro será oportunidade para um avanço econômico, inclusivo, sustentável, na integração da cidade, e em um figurino cosmopolita que tanto interessa ao setor terciário e a todos os cidadãos.
*Antonio Florencio de Queiroz é presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro
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