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Após megaoperação, Moraes abre inquérito sobre crime organizado no Rio

Ministro do STF também ordenou que a Polícia Federal apresente um relatório detalhado sobre a investigação, que já estava sendo realizada de maneira preliminar desde agosto

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 20h14.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira, 5, a abertura de um inquérito para investigar a atuação de grupos criminosos no Rio de Janeiro.

Ele também ordenou que a Polícia Federal (PF) apresente um relatório detalhado sobre a investigação, que já estava sendo realizada de maneira preliminar desde agosto.

Em abril, quando o STF concluiu o julgamento da ação conhecida como ADPF das Favelas, que estabeleceu diretrizes para operações policiais, foi decidido que a PF abriria um inquérito para investigar indícios e crimes com repercussão "interestadual e internacional".

De acordo com a decisão, a PF deveria investigar a "atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no Estado e suas conexões com agentes públicos".

A investigação foi iniciada em agosto no STF, tramitando de maneira sigilosa sob a forma de petição, que é usada para investigações preliminares. Nesta quarta-feira, 5, Moraes decidiu pela transformação do que o caso fosse transformado em um inquérito formal e que a PF apresentasse as "providências realizadas até o presente momento".

A investigação inicial foi relatada por Edson Fachin, responsável pela ADPF das Favelas. Quando Fachin assumiu a presidência do STF no final de setembro, seus processos foram transferidos para Luís Roberto Barroso, que também deixou o cargo.

Com a aposentadoria de Barroso em outubro, ambos os casos ficaram sem relator, sendo assumidos provisoriamente por Moraes para lidar com questões urgentes.

Ação integrada contra o crime organizado

Na semana passada, após a grande operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou na morte de 121 pessoas, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou que a PF iniciaria um "inquérito macro" para investigar as facções criminosas no Rio.

Lewandowski esclareceu que essa investigação reunirá outros inquéritos em andamento e será conduzida no formato da Operação Carbono Oculto, que mirou um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio do setor de combustíveis e fintechs.

"Ele (diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues) anunciou que vai abrir um inquérito macro, uma espécie de inquérito guarda-chuva, como aconteceu no caso de combustíveis. (Naquele caso) Nós fizemos um grande inquérito, abarcando todas as investigações e acabou resultando naquela operação Carbono Oculto, que se lavava dinheiro por meio do setor financeiro e bancária", explicou o ministro Lewandowski, em entrevista à Globonews.

Em uma audiência com representantes de entidades envolvidas na ADPF, realizada na manhã desta quarta-feira, Moraes anunciou a abertura do inquérito e declarou que a investigação deverá focar no funcionamento dos esquemas de lavagem de dinheiro no Rio de Janeiro, além da infiltração de organizações criminosas no Poder Público.

Durante a reunião, o ministro também ressaltou a importância de realizar perícias independentes e de garantir a fiscalização das ações das polícias pelo Ministério Público.

Balanço da megaoperação no Rio

Batizada de Operação Contenção, a ação realizada entre as polícias Civil e Militar nesta terça-feira, 28, foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com saldo de 121 mortos, 113 pessoas presas e mais de 90 fuzis apreendidos, de acordo com dados divulgados pelo governo do estado, na quarta-feira.

Os confrontos começaram após o cerco de forças de segurança às comunidades da Penha e do Alemão, áreas sob domínio do grupo Comando Vermelho. A ação desencadeou uma série de reações do tráfico, incluindo bloqueios em vias expressas e paralisações no sistema de transporte público.

Segundo o governo do Rio, o objetivo da operação foi conter a expansão territorial da facção. Em contrapartida, organizações civis e moradores relataram denúncias de execuções, remoção de corpos e uso excessivo da força por parte dos policiais.

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(Com informações de agências O Globo)

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