300 mil brasileiros devem votar no exterior, de Nova York a Xangai
O número de brasileiros com domicílio eleitoral fora do Brasil e que compareceu às urnas no primeiro turno representa menos da metade daqueles aptos a votarem nas eleições gerais de 2022, de mais de 697 mil pessoas, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de outubro de 2022 às 11h50.
Última atualização em 30 de outubro de 2022 às 12h44.
De Xangai a Nova York, pouco mais de 300 mil brasileiros votaram no primeiro turno das eleições gerais no exterior e são esperados para voltar às urnas neste domingo, dia 30. A participação foi maior do que no pleito de 2018, quando cerca de 200 mil pessoas compareceram aos colégios eleitorais fora do País. Ainda assim, a elevada taxa de abstenção continua sendo um dos principais obstáculos da votação no exterior e pode aumentar no segundo turno.
Acompanhe AO VIVO a cobertura das Eleições 2022
O número de brasileiros com domicílio eleitoral fora do Brasil e que compareceu às urnas no primeiro turno representa menos da metade daqueles aptos a votarem nas eleições gerais de 2022, de mais de 697 mil pessoas, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A taxa de abstenção chegou a 56,24%. No Brasil, considerada elevada, foi de 20,89%.
A dificuldade de convencer os brasileiros que residem no exterior a votar reflete, dentre outros motivos, a baixa quantidade de zonas eleitorais distribuídas fora do País. Assim, além da questão do deslocamento, os colégios eleitorais acabam por receber uma quantidade grande de pessoas, o que causa a formação de filas, como ocorreu no primeiro turno em diferentes países.
No primeiro turno, as filas em Nova York davam a volta em todo o quarteirão da Cathedral High School, na região central de Manhattan, única zona eleitoral disponível. A cena se repetiu em outros locais dos Estados Unidos e também na Europa, como Lisboa em Portugal, Zurique, na Suíça, além de Londres, na Inglaterra.
Diante das cenas de longas filas no primeiro turno, o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), responsável pelas eleições no exterior, em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério das Relações Exteriores adotaram medidas como a substituição de urnas que apresentaram problemas e ainda o envio de equipamentos de contingência.
“O procedimento proporcionará maior agilidade na expectativa de que se formem menos filas nos locais de votação”, diz o presidente do TRE-DF, Desembargador Roberval Belinati. Para o segundo turno, foram enviadas 95 urnas aos colégios eleitorais no exterior para substituir aquelas que tiveram intercorrência no dia 2 de outubro. A maior parte, 27 no total, foi destinada aos Estados Unidos, seguidos por Portugal e Japão, que receberam nove, e Canadá, com 8.
Outras 125 urnas de contingência foram destinadas às zonas eleitorais no exterior. O objetivo é evitar o uso da tradicional urna de lona e cédula de papel, que atrasam a votação e também a apuração dos votos. Fora do Brasil, só é possível votar para presidente e vice-presidente.
As eleições gerais de 2022 no exterior ocorrem em 100 países, com colégios eleitorais distribuídos em 181 cidades. Lisboa é o maior deles, com 45,2 mil brasileiros aptos a votar. Miami e Boston, nos EUA, vêm na sequência, com 40,1 mil e 37,1 mil, respectivamente.
Disputa acirrada
No primeiro turno, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado no exterior, com 138.933 votos, ou 47,17% do total. O presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 122.548 votos, equivalente a 41,61% do todo. O petista venceu em Lisboa, mas perdeu para o seu rival em Miami e Boston, maiores colégios eleitorais fora do País. O cenário contrasta com o segundo turno das eleições gerais de 2018.
Na ocasião, Bolsonaro, com 131.671 votos, venceu o então candidato do PT, Fernando Haddad, com 53.730. Para bancos e especialistas internacionais, as campanhas na votação entre o primeiro e o segundo turno tornaram a corrida ao Planalto no Brasil ainda mais apertada.
O Eurasia Group, maior consultoria de risco político do mundo, inclusive, elevou novamente a probabilidade de vitória do ex-presidente Lula de 60% para 65%. O Goldman Sachs alerta para o risco de uma maior abstenção no segundo turno, mas, sobretudo, para a forte disputa e a elevada polarização nas eleições de 2022. A maior ausência de eleitores beneficia o candidato Bolsonaro, observa o gigante de Wall Street. “O corpo a corpo no dia da eleição provavelmente determinará o resultado da eleição presidencial”, conclui.
- Como votar no 2º turno das Eleições 2022? Saiba regras, documentos e data
- Eleições 2022: Não votei no primeiro turno posso votar no segundo?
- Quantos votos um candidato precisa para ganhar no segundo turno?
- Pode votar de bermuda, boné ou chinelo? Veja o que é permitido no dia da eleição
- Qual é o valor da multa se não votar no 2º turno? Saiba o que fazer caso não consiga justificar
- FIM DO PROTAGONISMO: A queda do PSDB em números
- CAMPANHAS: As 214 cidades decisivas para Lula e Bolsonaro
- EVANGÉLICOS: O elemento que impulsionou Bolsonaro no RJ
- ABSTENÇÃO: Veja os estados com maior abstenção no 1º turno
- BRIGA POR MG: Zema aposta em prefeitos para virar voto para Bolsonaro
- NORDESTE: Campanha de Lula mira em 70% dos votos válidos