As principais aquisições do mercado de tecnologia em 2020
Ano não foi o maior em volume, mas teve negócios importantes.
Thiago Lavado
Publicado em 30 de dezembro de 2020 às 07h00.
Última atualização em 30 de dezembro de 2020 às 10h32.
Às vezes, não é quantidade, mas a qualidade dos negócios que importam. O ano de 2020 não foi simbólico em termos de montantes de aquisições no mercado de tecnologia: de acordo com dados da consultoria PwC, houve queda de 12% no valor total gasto em aquisições de tecnologia.
Apesar disso, houve negócios importantes para o setor e os dados apontam que o valor médio por negócio aumentou, ainda que pouco (0,8%). A pandemia de covid-19 foi especialmente dura, principalmente no primeiro semestre, quando empresas cortaram fecharam a carteira.
Houve uma recuperação no segundo semestre e o ano chega ao fim com 226 bilhões de dólares em aquisições no mercado.
Para 2021 fica o alerta de um mercado em xeque. Com investigações antitruste contra gigantes como Google e Facebook , este com autoridades querendo que a empresa se desfaça de duas de suas principais compras, WhatsApp e Instagram, 2020 foi marcado por dificuldades regulatórias. Grandes executivos também foram figuras marcadas em audiências no Congresso americano: Mark Zuckerberg, Sundar Pichai, Jeff Bezos, Tim Cook e Jack Dorsey compareceram a audiências com legisladores.
A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca em janeiro mantém as empresas em alerta, após promessas de maior escrutínio sobre as fusões e aquisições do setor de tecnologia.
Confira algumas das principais aquisições do mercado de tecnologia no ano:
1. Nvidia compra ARM
O mercado foi especialmente quente para as empresas de semicondutores e microchips em 2020.
A principal compra do ano foi feita pela companhia de placas gráficas e inteligência artificial Nvidia , que anunciou em setembro a intenção de compra daARM Holdings, pertencente ao conglomerado japonês SoftBank , por 40 bilhões de dólares. Se confirmado, o acordo será um dos maiores do mercado de tecnologia, atrás apenas da compra da EMC pela Dell por 67 bilhões de dólares.
A ARM é a fabricante das CPUs utilizadas na grande maioria dos celulares à venda mundialmente hoje em dia. Em 2016, ela foi vendida ao SoftBank por 32 bilhões de dólares. O negócio pende aprovação regulatória nos Estados Unidos.
2. AMD adquire a Xilinx
Em um negócio de 35 bilhões de dólares anunciado em outubro, a AMD (sigla para Advanced Micro Devices) acertou a compra da Xilinx, empresa americana que também atua com a fabricação de chips de processamento e tem como um de seus principais clientes a chinesa Huawei .
Com sede em San Jose, na Califórnia, a Xilinx foi fundada em 1984 por Victor Peng. A empresa produz chips semicondutores para dispositivos wireless e opera ainda com datacenters e com processadores automotivos. A companhia não revela números de faturamento, mas sabe-se que 8% da receita vem da Huawei.
3. Salesforce compra o Slack
A Salesforce, líder global em software de gestão corporativa adquiriu em dezembro o mensageiro Slack, bastante utilizado por empresas e startups. A compra é a maior aquisição da gigante de São Francisco, que desembolsou 27,7 bilhões de dólares no negócio e uma das maiores do mercado de tecnologia.
Com a expertise de comunicação da Slack, a Salesforce, uma gigante com faturamento anual de 20 bilhões de dólares, pode competir de frente com empresas como a Microsoft, que registrou bastante sucesso em implementações e no uso do Teams, sua plataforma de comunicação corporativa.
4. Stone compra a Linx
A proposta da adquirente Stone para comprar a Linx por 6,7 bilhões de reais foi aprovada por acionistas em novembro, após um imbróglio que marcou o mercado brasileiro e pela entrada da concorrente Totvs, maior companhia de software de gestão brasileira, na compra.
Quando a novela começou, a Linx detinha 42% de participação de mercado na cadeia de varejo, de restaurantes a locadoras de carros, passando por supermercados e drogarias. Por isso, era tão importante e foi disputada por Totvs e Stone. Quando a briga pelo ativo começou, valia 4,5 bilhões de reais na bolsa e chegou a valorizar mais de 40% nas semanas seguintes.
A disputa durou até as horas finais, antes da votação da assembleia de acionistas da Linx, quando a Stone aumentou a oferta em quase 270 milhões de reais, deixando a concorrente sem reação.
5. Os negócios em torno dos apps de entregas
Com o isolamento social causado pelo pandemia de covid-19, o ano foi de intensa atividade no mercado de entregas de comida e de compras feitas em supermercados. Uma das mais simbólicas aquisições foi a compra da Postmates, um aplicativo de entregas americano, pela Uber.
O negócio foi anunciado em julho deste ano e envolvia o pagamento de 2,6 bilhões de dólares pelas ações da concorrente da Uber Eats. Findado em dezembro deste ano, a Postmates se juntou a outra aquisição importante da Uber neste mercado — a empresa já havia comprado a Cornershop, de entregas de compras de supermercado, em outubro de 2019.
Esse mercado também ficou aquecido no Brasil, onde gigantes varejistas como Magazine Luiza e B2W (que detém Americanas, Submarino e Shoptime), fizeram aquisições de aplicativos de entregas em 2020. O Magazine Luiza comprou o app Aiqfome, especializado em fazer entregas de restaurantes em cidades no interior do Brasil, enquanto a B2W fechou negócio pelo Supermercado Now, de entregas de compras.
6. OLX adquire a ZAP Imóveis
A OLX realizou, em outubro, a compra da plataforma de classificados online Zap Imóveis. Com a transação, no valor de 2,9 bilhões de reais. A empresa já tinha um histórico no anúncio de classificados imobiliários, quando lançou a OLX Stories.
A transação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e cerca de 60 milhões de acessos mensais da empresa se somam aos 50 milhões do Zap Imóveis e da Viva Real.
7. Intel compra a Moovit
Em maio, a Intel anunciou a compra da Moovit, um aplicativo de mapas e localização, criado pelo fundador do Waze. O negócio foi de 900 milhões de dólares e deve ajudar a gigante de tecnologia a criar táxis autônomos que poderão sair às ruas no início de 2022.
A Moovit permanecerá independente, enquanto sua tecnologia e os dados coletados de mais de 800 milhões de usuários em 102 países serão integrados à unidade de veículos autônomos da Intel, chamada Mobileye.
8. Facebook vai às compras
Apesar do escrutínio regulatório sobre aquisições do Facebook no final de 2020 a empresa não deixou de comprar empresas significativas este ano.
Em um negócio que chamou atenção por tratar-se de um serviço presente em outras redes sociais, como o Twitter, a empresa anunciou a compra da plataforma de gifs Giphy, por estimados 400 milhões de dólares. O Giphy se tornará parte do Instagram.
Outra compra importante para a rede social foi a da Kustomer, por um valor maior, de cercad e 1 bilhão de dólares. A Kustomer é uma startup de Nova York, focada em construir plataformas de relacionamento com cliente e manejo de canais de atendimento.
De olho em aumentar a presença de negócios e vendas em suas redes sociais e apps, como Instagram, WhatsApp e Messenger, o Facebook se posiciona para facilitar a relação entre negócios e clientes na rede da empresa.