Ludmilla na Rio2C: artista falou sobre o início da carreira (Wagner Meier/Getty Images)
Repórter de POP
Publicado em 13 de abril de 2023 às 16h10.
Última atualização em 13 de abril de 2023 às 16h15.
A cantora Ludmilla veio ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 13, para falar sobre sua origem e planos futuros da carreira na Rio2C, que acontece no bairro da Barra até o dia 16 de abril. No painel, porém, ela ressaltou que planeja diminuir o ritmo em breve: antes dos 40 anos.
"Hoje eu sou um foguete, eu 'tô' voando. Mas meu sonho mesmo é que com 35 anos, eu já quero estar muito milionária e já quero parar, ou pelo menos diminuir bem o ritmo, pisar no freio", brincou durante o painel, que foi o mais cheio do terceiro dia do evento.
Na ocasião, a artista revelou algumas dificuldades que passou no início da carreira, preconceitos e momentos de superação. Hoje, Ludmilla é um marco entre as cantoras negras do funk e até fora do gênero: seu álbum Numanice #2 recebeu o Grammy Latino de melhor álbum de samba/pagode no ano passado.
Já diz o ditado: "quem vê o close, não vê o corre". E com Ludmilla, foi exatamente assim. "Quem me vê hoje acha que eu sempre fui super confiante, mas eu levei muita 'porrada' na minha carreira. Foi muito preconceito, situações super desagradáveis no começo da minha carreira, com outros MCs, um 'perrengue' atrás do outrol", relatou a artista. "Foi duro e demorou dez anos, mas eu cheguei ao Rock in Rio, sabe? É isso, eu sai da minha zona de conforto e deu certo, e é isso que importa".
Ludmilla é uma mulher preta, bissexual, periférica e funkeira. Nas próprias palavras dela, uma "mochila gigante de preconceito para carregar". Ao longo de sua trajetória, ela comentou que vários discursos de ódio e ataques disfarçados de crítica foram fortes abalos no meio musical.
"Eu falo de sentimentos reais de mulheres, mas não era só em um nicho de funk. Eu consegui furar uma bolha, saiu do nicho e ficou mais global. Eu dei voz pra essa galera, mas isso me colocou em um espaço muito vulnerável. Recebi muita crítica, muito comentário ruim", ressaltou.
"Com 16 anos eu já passava umas coisas assim, uma violência nas redes sociais, preconceito explícito mesmo. Eu passei por poucas e boas, mas aprendi a me curar sozinha e conversar comigo mesma. Nesses anos todos, eu nunca perdi a minha essência. E eu sou assim, quem gosta fica comigo, quem não gosta, sinto muito", completou a cantora.
Na palestra, Ludmilla mencionou o sucesso de seu primeiro álbum de pagode, Numanice #2. E ressaltou as dificuldades que enfrentou com o novo álbum de pop, Vilã, lançado no dia de sua apresentação no Lollapalooza 2023.
"Eu acabei de lançar o Vilã, álbum de pop. Tem 15 faixas. E ele não estava com a estratégia alinhada com o que eu gostaria, não era minha ideia. Mas fomos lançar por uma questão de marketing, lançamos sem os profissionais prontos. E o resultado não foi o ideal, eu fiquei bem frustrada.", comentou. "Mas isso me fez aprender: tenho que confiar mais na minha intuição. Eu não queria isso e o resultado não foi bom, isso quer dizer alguma coisa, sabe?".
Para ela, confiar no próprio instinto é uma receita de sucesso. "Quando lancei o álbum de pagode, as pessoas super recusaram. Pessoal me achava maluca, mas eu queria fazer, porque tem tudo a ver comigo! E todo mundo me falou que não ia dar certo, então eu paguei tudo do meu bolso. Criei uma estratégia. É taí: foi um sucesso", concluiu.
Ludmilla tem 27 anos e completa 28 ao final do mês abril. Ela foi a primeira mulher negra a receber um Prêmio Multishow após 26 aos sem ganhadores pretos, recebeu um Grammy Latino e se apresentou, no ano passado, no palco do Catar para a Copa do Mundo de 2022.