Emmy: premiação é considerada o Oscar da televisão norte-americana (Emmy 2021/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 10 de agosto de 2023 às 16h04.
A entrega dos prêmios Emmy, a cerimônia de maior prestígio da TV americana, foi adiada por quase quatro meses, anunciaram seus organizadores nesta quinta-feira, 10, enquanto as greves de atores e roteiristas de Hollywood se arrastam sem solução à vista.
A festa de entrega do equivalente televisivo ao Oscar devia ocorrer em setembro, mas foi transferida para janeiro do próximo ano, segundo nota da emissora Fox e da Academia de Televisão, confirmando informações prévias.Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente
"Alegra-nos anunciar que a 75ª entrega dos prêmios Emmy será transmitida na segunda-feira, 15 de janeiro de 2024", informou um porta-voz da Fox.
A cerimônia dos Emmy é o evento do setor audiovisual mais importante afetado até agora pelos protestos dos atores e roteiristas, um movimento de abrangência inédita em Hollywood desde 1960.
O adiamento mais recente da entrega destes prêmios remontava a 2001, no contexto dos atentados de 11 de setembro daquele ano.
Os roteiristas, em greve há mais de cem dias, contaram, em julho, com a adesão dos atores do poderoso sindicato SAG-AFTRA.
Devido à paralisação atual, a cerimônia seria celebrada com a ausência de astros renomados e celebridades convidadas, o que teria um efeito desastroso para a audiência na TV.
A diretoria do SAG-AFTRA, que representa 160.000 atores, dublês, bailarinos e outros profissionais do cinema e da TV, proíbe todos os seus integrantes de participar de filmagens, mas também de promover suas produções, seja presencialmente ou pelas redes sociais.
Os roteiristas, por sua vez, não poderiam escrever o discurso e as piadas do apresentador da festa.
O adiamento por quase quatro meses visa dar tempo para que as duas partes cheguem a um acordo, embora o racha entre o poderoso sindicato dos roteiristas (WGA) e os diretores de estúdios e plataformas de streaming ainda pareça longe do fim.
As greves em Hollywood levaram à suspensão de todas as produções cinematográficas e televisivas nos Estados Unidos, com algumas exceções, como 'reality shows' e concursos.
Desde o início deste movimento social, há mais de três meses, as duas partes mal se falaram.
Na sexta-feira, foi celebrada uma reunião entre roteiristas e estúdios. O encontro, no entanto, foi infrutífero.
A crise se aprofundou em meados de julho com a greve dos atores, que têm demandas similares, em particular por melhores salários e regras para o uso da inteligência artificial na indústria.
Na última década, a chegada do streaming já tinha interrompido seus ganhos "residuais", que resultam de cada repetição de um filme ou série e lhes permite pagar as contas entre um projeto e outro.
A emergência da inteligência artificial, capaz de escrever roteiros ou clonar a voz e a imagem dos atores, agravou o panorama.
A possibilidade de um adiamento dos Emmy já tinha sido evocada semanas atrás, com a extensão da mobilização social. A nova data em janeiro permitirá sua realização em plena temporada de prêmios.
A 75ª cerimônia dos Emmy ocorrerá uma semana depois do Globo de Ouro e apenas 24 horas após os Critics Choice Awards. A festa do Oscar está prevista para 10 de março.
As indicações aos Emmy foram anunciadas no começo de julho, apenas uma hora antes de serem rompidas as negociações entre os estúdios e o SAG-AFTRA, desencadeando a greve dos atores.
A série da HBO "Succession", uma crônica obscura e crua sobre uma poderosa família em disputa pelo controle de um império midiático, lidera as indicações em 27 categorias.
Seus principais concorrentes serão a série com pegada 'road movie' "The Last of Us", com 24 indicações, e "The White Lotus", uma sátira sobre a vida dos super-ricos, com 23 indicações.