Avenged Sevenfold retorna ao Rock in Rio e promete: 'setlist será único para o Brasil'
A EXAME entrevistou o vocalista M. Shadows, que se apresenta com a banda na noite deste domingo
Repórter de POP
Publicado em 15 de setembro de 2024 às 15h43.
Última atualização em 15 de setembro de 2024 às 15h51.
O terceiro dia do Rock in Rio , que completa 40 anos em 2024, vai passar ao som de guitarras: neste domingo, 15, quem sobe ao palco são os artistas e bandas de rock. Mais tarde, o maior e mais aguardado show da noite será da banda de heavy meta l Avenged Sevenfold, headliner.
Formada em 1999, a banda já visitou o Brasil inúmeras vezes e possui uma base de fãs fiel por aqui. O grupo, que conta com o vocalista M. Shadows, os guitarristas Zacky Vengeance e Synyster Gates, o baixista Johnny Christ e o baterista Brooks Wackerman, promete mais um show memorável no festival.
"Não vamos repetir nenhum setlist, estamos preparando algo único para o Brasil. Esse é um país para o qual amamos voltar e reconhecemos uma base de fãs que é muito fiel ao que a gente toca", disse M. Shadows em entrevista exclusiva à EXAME.
Conhecida por suas raízes no metalcore, o Avenged Sevenfold conquistou o reconhecimento da crítica logo no início de sua carreira. Em 2003, lançaram o álbum " Waking the Fallen", pela Hopeless Records, que se destacou no cenário musical. O disco foi elogiado por veículos como a Rolling Stone e a Billboard, sendo considerado um dos melhores álbuns de metalcore da época. Apenas na semana de seu lançamento, vendeu mais de três mil cópias, consolidando a banda como um dos nomes mais promissores do gênero.
Com sucessos como "A Little Piece of Heaven" e "So Far Away", o Avenged Sevenfold promete fechar o primeiro fim de semana do Rock in Rio com um show que, na visão de Shadows, tem tudo para ser memorável. Veja abaixo a entrevista com o cantor:
Veja abaixo a entrevista de M. Shadows, do Avenged Sevenfold
EXAME: Você já esteve no Brasil muitas vezes, inclusive no próprio Rock in Rio. Tem algum motivo especial para voltarem para cá tantas vezes? Algo que só nós temos, por exemplo.
SHADOWS: Há certos lugares no mundo que são muito animados, com muita energia e que nos dão arrepios quando pensamos em shows ao vivo. E eu acho que a América do Sul, especialmente o Brasil, assim como Jacarta e o sudeste da Ásia, são lugares onde, quando vamos, o carinho é enorme.
Claro, além disso o que eu digo pessoalmente é que a comida no Brasil é melhor. Sério, é ótima. E as pessoas também são, eu me sinto muito acolhido no país de vocês. Não é apenas que o público é incrível e aprecia o que fazemos, o que sempre é um ponto positivo, mas também porque estar aí é muito confortável e acolhedor.
E: Fico feliz de saber que te recebemos bem! E me diz, depois de tantos shows, ainda existe esse frio na barriga de se apresentar no Rock in Rio? Qual o peso do festival na carreira de vocês?
S: É uma grande honra e eu ainda fico muito animado com isso, a banda toda fica. Existem alguns shows, poucos, que você pode mencionar nos Estados Unidos e as pessoas vão saber exatamente do que estamos falando e entendem o tamanho do impacto. E o Rock in Rio é um desses. Você pode dizer para qualquer um: "O que você vai fazer em setembro?" e responder: "Vamos tocar no Rock in Rio". Eles vão reagir: "Uau, você vai tocar no Rock in Rio!".
Significa algo muito profundo, é uma honra mesmo, e as pessoas também adoram assistir online. Tem muita gente que conheço que me diz que gostaria de visitar o Brasil, porque parece tão incrível e a produção do show é tão legal. E isso é muito importante. Ser convidado para fazer isso novamente nos deixa super gratos e entendemos o peso dessa responsabilidade.
E: Esse ano o Rock in Rio completa 40 anos desde sua primeira edição, de 1985. Há algum show do festival que tenha marcado você?
S: Bom, eu costumava ter o CD do Iron Maiden ao vivo no Rock in Rio quando era adolescente e eu o ouvia o tempo todo. É realmente um momento especial para mim, onde agora, seja lá quanto tempo foi desde que eles tocaram, nós estamos na posição de sermos os headliners, como um dia eles foram. Às vezes, é inacreditável. Você precisa se beliscar e pensar: "Como eu me tornei aquele garoto que estava no quarto da casa dos meus pais, ouvindo Iron Maiden ao vivo no Rock in Rio sem parar, e agora, aos 42 anos, sou eu que estou no palco principal?". Isso é algo muito especial, e se você não consegue apreciar isso como ser humano, então precisa fazer uma reflexão, porque é algo realmente único.
E: Na posição de headliners, tem mais espaço para fazer um show memorável. O que os fãs podem esperar desse show em particular, que será tão diferente dos outros?
S: Acho que será bem equilibrado. Uma coisa que fazemos é observar certos mercados e ver o que estão ouvindo mais. É muito interessante, porque se você olhar para o Spotify, no Brasil ouvem mais "Nightmare" e "Hail to the King". A gente faz essa pesquisa antes, considera o que as pessoas estão ouvindo de específico naquela região para garantir que isso seja representado no show, além da narrativa que estamos tentando mostrar a eles, com algo que se conecte a quem nos ouve.
Não vou dizer que é um trabalho fácil, mas temos muita dedicação em cada show que criamos, em balancear o setlist com as preferências do público para quem vamos tocar com novos álbuns e músicas que estamos criando e divulgando. É um processo delicado, mas faz a apresentação ser única para aquelas pessoas e para o que elas realmente curtem, além de manter as coisas em movimento e prepará-las para o futuro do que está por vir. E posso adiantar que há um futuro promissor por vir!
E: E o fã consegue acompanhar melhor as músicas que ele ama. Mas e os novos lançamentos, como isso entra no show de vocês?
S: É claro que eu quero homenagear o público que pagou o ingresso para me ver. Mas é importante que as bandas de rock não caiam na armadilha de capturar a audiência também só com o que eles gostam. Eu parto do princípio que temos que desafiá-los também. Por isso o equilíbrio e a escolha do setlist é tão importante: parte de manter esse gênero relevante é continuar apresentando coisas novas. No final, aqueles que permanecem apreciam isso.
E: Ou seja, podemos esperar um setlist único para o Brasil?
S: Com certeza. Acabamos de tocar na Europa e fizemos 16 shows, sem repetir o setlist nenhuma única vez. Algumas pessoas adoraram, outras odiaram, mas acho que é uma experiência única essa de nunca saber o que vai acontecer.
O que posso te adiantar é que, no Rock in Rio, teremos muito mais tempo. São duas horas inteiras, podemos realmente explorar algumas coisas e fazer algo especial. Quando você está limitado a uma hora e 15 minutos, é muito mais difícil porque, como você sabe, temos muitas músicas que duram entre oito e onze minutos. Eu adoro cantar e tocar "Save Me", "Cosmic" ou "A Little Piece of Heaven", sei que o público também gosta de ouvir, mas isso ocupa bastante tempo. Com mais tempo isso fica mais fácil, mas é preciso ser inteligente ao decidir onde encaixar essas músicas.
E: "A Little Peace of Heaven" marcou a adolescência de muitos brasileiros, não só com a música mas também com o clipe. Vamos ter essa no setlist, então?
Sim, essa é obrigatória. Mal posso esperar para cantar junto com vocês no palco, aliás, com a plateia.
E: Quando vocês pensam no setlist, vocês também ficam antenados no que as redes sociais andam falando da banda? Ano passado uma música do Avenged viralizou no TikTok, por exemplo. Você observa esses mercados e essas tendências para trazer novas ideias para o show?
Para ser honesto, estou ciente de que a música viralizou no TikTok, mas não tenho muita noção disso. Eu sou mais ativo no Discord, no nosso Discord. Por lá sinto que a interação com os fãs é melhor.
Dito isso, eu assisto sim a algumas coisas, mas tento me afastar de coisas que não vejo como uma visão de longo prazo para a banda. Uma música e um trecho dela pode até ter sido usada por alguns usuários, mas não considero que tivemos um momento viral de verdade no TikTok, a ponto de influenciar o que produzimos e fazemos no Avenged Sevenfold.
Garanto a você que tudo o que fazemos é baseado em fundamentos sólidos. Quando você tem esses momentos virais, eles podem ser instáveis, e você acaba perseguindo coisas que talvez não ajudem a longevidade da banda. Acho que prefiro que aconteça de forma mais natural, sem forçar e sem produzir pensando nessa plataforma, sabe? Parto do princípio que é necessário manter o foco no que é importante e não se distrair com o que acontece nas redes sociais.
E: Para fechar, se você pudesse escolher uma música do Avenged Sevenfold que te lembra do Brasil, qual seria?
Que pergunta difícil! Posso falar duas, uma do Avenged e outra que me lembra do Brasil? Porque preciso muito falar que, quando penso no Brasil, penso em Sepultura e Gojira, porque acho que o Gojira se inspirou bastante no Sepultura.
Penso em "Shepherd of Fire" e em músicas com riffs grandes, onde todo mundo canta junto. Isso é algo que acontece na Itália, na Espanha, no sudeste asiático e na América do Sul, onde você toca um riff e é quase mais alto vindo da plateia do que o som da guitarra.