Glauber Mota, da Revolut: O Brasil é o primeiro país da América Latina onde coloca os pés - na região, o México deve ser o próximo (Revolut/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 2 de maio de 2023 às 00h01.
Há pouco mais de um ano a fintech britânica Revolut anunciou a chegada ao mercado brasileiro e desde então começou a estruturar a operação local: entender as demandas do brasileiro, os serviços mais adequados e testar o faz sentido ou não para iniciar essa jornada.
Para o lançamento nesta terça-feira, 2, bateu o martelo em dois produtos de início: uma conta global com acessos a 27 moedas internacionais e criptomoedas, com a oferta de 90 tokens diferentes.
A Revolut funciona como uma estrutura de superApp, reunindo serviços bancários, investimentos, serviços de câmbio, soluções de adiantamento de salários, além de um marketplace com a oferta de produtos e serviços.
Na última rodada, em julho de 2021, recebeu um valuation de US$ 33 bilhões (mais de R$ 165 bilhões). O aporte foi liderado pelo SoftBank com seu Vision Fund 2 e pela Tiger Global.
A startup foi fundada em 2015 pelos empreendedores Nik Storonsky, CEO da startup, e Vlad Yatsenko, CTO, e ficou conhecida em grande parte pela experiência de uso que oferece. Hoje conta com mais de 29 milhões de clientes distribuídos por mais de 35 países.
O Brasil é o primeiro país da América Latina onde coloca os pés - na região, o México deve ser o próximo. A escolha dos produtos para iniciar a operação está relacionada a alguns fatores.
Com esse posicionamento, a fintech optou por disputar mais o brasileiro que está olhando para oportunidades no exterior do que aquele focado no mercado nacional. No radar, por exemplo, está a oferta de investimentos em bolsa de valores e de contas remuneradas no exterior, ao estilo do que acontece aqui com o CDI.
“Bem ou mal o brasileiro está muito bem servido com contas locais. Tem muita opção e é um mercado, de fato, cheio”, afirma Glauber Mota, CEO da operação local da Revolut. Antes de chegar à fintech, o executivo foi sócio do BTG Pactual (do mesmo grupo da EXAME) e COO (executivo-chefe de Operações) da unidade de varejo digital do banco de investimento.
O caminho também é uma forma de contornar alguns trâmites regulatórios. A fintech ainda está no aguardo da aprovação da SDC (Sociedade de Crédito Direto), um tipo de regulamentação que permite a criação de conta local e a emissão de cartões de crédito.
Com a lançamento, a Revolut vai começar a liberar os acessos os clientes que entraram na lista de espera.
“Nós vamos chamar milhares de pessoas por semana e vai demorar bastante tempo para encerrar a lista”, afirma, sem revelar os números. “Temos um problema para resolver daqui para frente”.
Além da lista, a fintech trabalha com o modelo de convites de amigos, o “member gets member”, um estilo que ficou popular por aqui nos anos iniciais do Nubank.