Bezos investe em startup que quer criar ‘cérebro’ para robôs
Com um aporte de US$ 400 milhões, a startup Physical Intelligence visa criar um software generalista que possa operar diferentes tipos de robôs em variados setores
Redator na Exame
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 11h03.
Última atualização em 5 de novembro de 2024 às 11h27.
A startup de inteligência artificial Physical Intelligence anunciou uma captação de US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões) em uma rodada de investimento liderada por Jeff Bezos , presidente executivo da Amazon, juntamente com os fundos Thrive Capital, Lux Capital, OpenAI, Redpoint Ventures e Bond.
O aporte avalia a empresa em cerca de US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões), excluindo os novos investimentos.Fundada neste ano, a startup já havia levantado US$ 70 milhões (R$ 405 milhões) em investimentos iniciais, mas agora amplia suas ambições com o objetivo de criar um "cérebro" de inteligência artificialpara robôs que seja aplicável em múltiplas plataformas e dispositivos.
De acordo com o The New York Times , diferentemente do modelo tradicional de software para robótica, que é desenvolvido para operar robôs específicos em tarefas delimitadas, a Physical Intelligence busca criar uma inteligência generalista capaz de controlar qualquer robô.
Segundo Karol Hausman, cofundador e CEO da empresa, o objetivo é desenvolver uma "inteligência única" que possa ser integrada a diferentes tipos de robôs, oferecendo flexibilidade e adaptação a diversas atividades. “Não estamos desenvolvendo apenas um cérebro para um robô específico, mas sim uma inteligência generalista capaz de controlar qualquer máquina,” explica Hausman.
Essa abordagem inovadora apresenta desafios significativos. A criação desse tipo de inteligência exige uma vasta quantidade de dados reais sobre interações no mundo físico, dados esses que, em sua maioria, ainda não estão disponíveis.
Para lidar com essa necessidade, a Physical Intelligence está construindo suas próprias bases de dados, contando com os avanços recentes em modelos de inteligência artificial que conseguem interpretar dados visuais. Esse processo permitirá que o software da empresa evolua e execute tarefas diversas, como dobrar roupas, limpar uma mesa ou achatar uma caixa.
Estágio inicial
A equipe fundadora da Physical Intelligence inclui:
- Hausman, ex-cientista de robótica do Google
- Sergey Levine, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley
- Lachy Groom, investidor e ex-executivo da Stripe
Embora os executivos da Physical Intelligence tenham destacado que o software ainda está em um estágio inicial, eles apontam que a evolução futura pode levar a descobertas comparáveis aos avanços dos modelos de linguagem, como o ChatGPT.
No entanto, ainda há incertezas sobre a velocidade desse progresso, uma vez que a área de robótica em inteligência artificial está se tornando cada vez mais concorrida. Outras empresas, como Skild e Figure AI, também estão investindo na criação de sistemas de inteligência artificial para robôs com múltiplas aplicações, e empresas estabelecidas, como a Amazon e Tesla, demonstram interesse crescente em robótica para reduzir custos operacionais e otimizar processos.
A Physical Intelligence aposta que seu modelo π0 pode transformar o setor ao facilitar a integração de robôs em variados ambientes, desde fábricas e armazéns até espaços públicos e residenciais. O software promete não apenas flexibilidade, mas também eficiência, permitindo que as empresas adotem robôs adaptáveis a diferentes tipos de tarefas, sem a necessidade de reprogramação específica para cada função.
Para sustentar o desenvolvimento e a implementação dessa tecnologia, a Physical Intelligence está construindo uma infraestrutura robusta de dados e conta com o apoio de seus investidores para avançar na criação de uma plataforma pioneira.
O sucesso da startup depende de sua capacidade de expandir a escala do software e provar sua eficácia no mercado, onde a competição está em alta.Caso bem-sucedida, a Physical Intelligence poderá redefinir a aplicação da inteligência artificial na robótica, tornando-a mais acessível e eficaz para diversas indústrias e ampliando as possibilidades de automação no cotidiano.