Inteligência Artificial

Testamos a proposta do ChatGPT para substituir o Google: resultados sem anúncios são o ponto alto

Lançado para competir com o Google, o ChatGPT Search tem dificuldades em consultas curtas, como "previsão do tempo para hoje", e frustra usuários que buscam informações imediatas

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 5 de novembro de 2024 às 11h21.

A chegada do ChatGPT Search, produto de busca na internet da OpenAI, trouxe expectativas de que a ferramenta pudesse concorrer diretamente com o Google.

Muitos especialistas e usuários aguardavam essa novidade, principalmente após a implementação de respostas geradas por inteligência artificial no Google ter gerado resultados polêmicos e imprecisos, criando um ambiente de desconfiança. No entanto, depois de testar a nova ferramenta por uma semana inteira, o autor desse texto se vê dividido entre as duas ferramentas, ainda que o Google ainda seja a melhor opção.

Em consultas mais longas e complexas, o ChatGPT Search se destacou ao fornecer respostas diretas e bem formatadas, muitas vezes eliminando a necessidade de percorrer vários anúncios e artigos otimizados para SEO, mas que falham em entregara informação central.

Funciona como um grande caderno de anotações onde os novos tópicos da busca vão se aglomerando em forma de chat, o que torna fácil para percorrer uma ideia e entender um assunto mais complexo.

A ferramenta exibe links de fontes de informação ao lado das respostas, facilitando a verificação de fatos.

Porém, ao buscar consultas de navegação simples, o ChatGPT Search mostra seu ponto fraco. Ao tentar "que horas fecha o cinema" ou "clima em São Paulo", o ChatGPT Search mostrou-se menos eficaz que o Google, mas de funcionamento similar ao Perplexity AI.

Esse tipo de busca representa a maioria das consultas no Google, e muitos usuários nem se dão conta da quantidade de pesquisas rápidas que fazem ao longo do dia. Tutoriais, por exemplo, são uma grande fonte de receitas para sites especializados, que esclarecem dúvidas recorrente dos leitores.

O ChatGPT também mostrou falhas ao trazer datas futuras, como dia para eventos já marcados. Ao que parece, na pergunta "que dia ocorre o Lollapalooza", o ChatGPT Search busca informações antigas em seu banco de dados e informa, por exemplo, a data do último festival, ao invés da data do próximo.

Esses erros revelaram o que alguns especialistas já apontavam: a ferramenta da OpenAI ainda não domina as consultas curtas e diretas, onde o Google se sobressai há anos.

Desafios e promessas do ChatGPT Search

Especialistas apontam dois fatores que podem explicar as limitações do ChatGPT Search. Primeiro, o ChatGPT depende da infraestrutura do Bing, que ainda é considerado inferior ao sistema de busca do Google.

Além disso, modelos de linguagem ampla (LLMs) como o ChatGPT funcionam melhor com perguntas mais elaboradas, onde podem apresentar respostas mais contextualizadas, algo que nem sempre ocorre com termos curtos e isolados.

Um nicho emergente, mas não substituto do Google

Na prática, o ChatGPT Search, ao lado de produtos semelhantes como o Perplexity, ocupa hoje um novo espaço na busca digital, oferecendo respostas que muitas vezes se perdem em páginas tradicionais de pesquisa.

Ainda que seu valor seja reconhecido por trazer informações contextuais mais ricas para perguntas detalhadas, ele não consegue substituir o Google no que este faz de melhor: a navegação simples e rápida pela web.

Assim, Google continua sendo a porta de entrada para a internet. Para a OpenAI, tornar o ChatGPT Search mais confiável para consultas curtas representa uma barreira significativa, mas também uma oportunidade.

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