Mundo

Retrospectiva: os dez principais acontecimentos de 2025 no mundo

Ano foi marcado por julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, tarifaço contra o Brasil, bombardeio na região do Caribe, efeitos do aquecimento global e mais

Escalada de tensões entre EUA e Venezuela no Caribe: um dos principais acontecimentos de 2025 (Reprodução/AFP)

Escalada de tensões entre EUA e Venezuela no Caribe: um dos principais acontecimentos de 2025 (Reprodução/AFP)

Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 08h05.

O ano de 2025 foi palco de acontecimentos que marcaram as políticas nacional e internacional, o clima e zonas de guerra.

Além do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o segundo mandato de Donald Trump com tarifaço contra o Brasil e bombardeio na região do Caribe, o ano ainda teve acordo visando o cessar-fogo em Gaza.

Confira, abaixo, alguns dos principais acontecimentos de 2025.

Principais acontecimentos no mundo em 2025

1. Segundo mandato de Donald Trump: tarifas, guerras comerciais e mais

O presidente Donald Trump assumiu seu segundo mandato nos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2025.

Desde seu retorno à Casa Branca, o republicano adotou uma série de medidas em conformidade com seu lema "America First" ("América Primeiro", em tradução livre). Trump focou em colocar os Estados Unidos em primeiro lugar que "comprou briga" com diferentes nações.

Argumentando que comércio e importações criavam um cenário desfavorável para os EUA, Trump impôs várias ondas de tarifas adicionais aos produtos importados, que variavam segundo os países ou zonas de origem. Também impôs tributos específicos a setores considerados estratégicos (aço, alumínio ou cobre).

Contra o Brasil, Trump foi ainda mais severo com o tarifaço, motivado pelos julgamento e processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que era aliado do republicano. Donald Trump chegou a incluir uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros.

As tarifas implicaram também em negociações com nações como Índia, União Europeia e a China, que marcou o início de uma trégua em um conflito de tarifas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exibe quadro de tarifas em 2 de abril (Brendan Smialowski/AFP)

Ainda contra o Brasil, Trump decidiu aplicar a Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras, como o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O motivo do uso da legislação é punir estrangeiros.

A sanção contra Moraes foi feita após campanha do deputado cassado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros aliados de Bolsonaro terem feito campanha por sanções contra o ministro, alegando que ele estaria tomando decisões arbitrárias.

Em dezembro de 2025, Moraes foi retirado da lista da Magnitsky.

2. Conflito na América Latina

O mais recente e um dos mais preocupantes acontecimentos de 2025 foi a intensificação do conflito na região da Caribe, motivada pela disputa entre Donald Trump e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

A escalada de tensões tem se intensificado desde fevereiro, quando Trump classificou organizações criminosas da Venezuela como terroristas.

Em agosto, os EUA passaram a oferecer uma recompensa de US$ 50 milhões de dólares (cerca de R$ 270 milhões) pela captura de Maduro pois, segundo o governo estadunidense, ele estaria "à frente de um cartel do narcotráfico".

Em setembro, o país estadunidense começou  uma série de ações militares em águas internacionais, com barcos na costa da Venezuela e atacando embarcações no Pacífico.

O país norte-americano mobilizou uma grande frota militar no Caribe, chamada de Operação Lança do Sul, visando atacar o narcotráfico.

Nas últimas semanas, foram realizados mais de 20 ataques no Caribe e no Pacífico contra embarcações, causando mais de 100 mortes.

O Departamento de Justiça americano rejeitou as acusações de execuções "extrajudiciais" feitas por um alto funcionário da ONU e assegurou que esses ataques eram "lícitos", alegando que estavam atingindo narcoterroristas.

Depois de apreender, em 10 de dezembro, um petroleiro que transportava combustível venezuelano, Washington anunciou um "bloqueio total" contra os "petrolerios sancionados" que seguem para a Venezuela ou procedentes do país.

Os EUA apreenderam o segundo navio petroleiro perto da costa da Venezuela no último domingo, 21, realizando apreensões de embarcações sancionadas.

3. Julgamento e condenação de ex-presidente e militares no Brasil

Em setembro de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista e pelos ataques de 8 de janeiro.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, uma organização envolvendo Bolsonaro estava "enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares", e se "desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes".

1ª Turma do STF em julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista de 2022 ( Gustavo Moreno/STF/Divulgação)

Entre os fatos revelados pelos investigadores está o plano "Punhal Verde e Amarelo", uma trama para assassinar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Após o julgamento, Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado pela 1ª Turma do STF.

Esta é a primeira vez que um ex-presidente foi julgado por um golpe de estado e primeira vez que um ex-comandante do Estado chegou a ser condenado por algum crime.

4. Cessar-fogo em Gaza

Após dois anos do início do conflito na Faixa de Gaza, foi feito um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

A trégua facilitou a retirada parcial das tropas israelenses de Gaza, a troca dos últimos reféns vivos que ainda estavam na região por prisioneiros palestinos detidos em Israel e um aumento do fluxo de ajuda humanitária ao território palestino, embora esta ainda permaneça longe de suprir as necessidades do território, segundo a ONU e várias ONGs.

Israel continua aguardando a entrega do corpo de um refém, o último, antes de iniciar as negociações da segunda fase da trégua. Essa etapa, segundo o plano americano validado pela ONU, deveria levar à desmilitarização de Gaza.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que espera conseguir passar "muito em breve" para a segunda fase, mas ambos os lados seguem trocando acusações de violação da trégua.

As tensões regionais persistem, com bombardeios israelenses contra redutos do movimento xiita Hezbollah no Líbano. O Irã também foi alvo de bombardeios israelenses e americanos contra suas instalações nucleares durante uma guerra de 12 dias com o Estado hebreu em junho, desencadeada por um ataque israelense.

Em setembro, Israel atacou altos funcionários do Hamas em uma operação sem precedentes em Doha, no Catar.

5. Tentativa de paz na Ucrânia

O presidente Donald Trump tentou protagonizar um possível acordo de paz entre a Rússia e aUcrânia. A invasão russa ao país vizinho foi iniciada em fevereiro de 2022.

As negociações com os presidentes  Vladimir Putin e Volodimir Zelensky não resultaram em nada definitivo. 

Em fevereiro, Donald Trump chegou a criticar o presidente ucraniano perante a imprensa no Salão Oval, censurando-lhe a falta de gratidão com os Estados Unidos.

Conversas diretas entre russos e ucranianos e uma cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin em agosto no Alasca terminaram sem avanços concretos e Washington anunciou, em outubro, sanções contra o setor de petróleo russo.

O presidente Donald Trump saúda o presidente Vladimir Putin, no início de reunião de cúpula no Alasca (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

No fim de novembro, aconteceram negociações internacionais com base em um projeto de plano americano.

Em dezembro, ocorreu outro ciclo de negociações com enviados de Trump no qual, segundo a Ucrânia, foram registrados "progressos". No entanto, os diálogos continuam esbarrando na questão dos territórios ucranianos controlados pela Rússia.

6. Um novo papa: Leão XIV

O Papa Francisco morreu em abril de 2025. Robert Francis Prevost foi eleito Papa em 8 de maio, aos 69 anos. O primeiro papa natural dos Estados Unidos foi escolhido após o conclave em Roma. 

A fumaça branca que anunciou a eleição do 267º líder da Igreja Católica elevou-se sobre a Capela Sistina ao final de um breve conclave de cardeais, que durou menos de 24 horas.

Sorridente e discreto, este nativo de Chicago com nacionalidade peruana, classificado entre os cardeais moderados, adotou o nome de Leão XIV.

O novo pontífice, missionário por quase 20 anos no país andino, seguiu a linha de seu antecessor argentino com um forte caráter social, em favor dos pobres, dos migrantes e da ecologia.

No entanto, Leão também fez gestos em direção aos conservadores, como voltar a autorizar a celebração de uma missa tradicionalista no Vaticano após três anos de restrições. Também descartou, a curto prazo, a ordenação de mulheres diáconas ou o reconhecimento do casamento homossexual.

7. Protestos da geração Z

Na América Latina, Ásia ou África, os jovens da geração Z (nascidos após 1995 ) multiplicaram as mobilizações e realizaram protestos por diferentes países, focando contra bloqueio das redes sociais ou corrupção das elites.

No Peru, os jovens se uniram contra a crescente insegurança e a classe política, enquanto no Marrocos se mobilizaram para que as autoridades se comprometessem a realizar ações sociais.

LEIA TAMBÉM: Geração de revoltas? A fúria da Gen Z que derrubou governos pelo mundo

Em outros países, os protestos, reprimidos violentamente, transformaram-se em uma luta mais ampla contra o poder estabelecido.

Singha Durbar: incêndio atingiu sede do governo do Nepal em meio a protestos liderados por jovens contra corrupção e desigualdade (Prabin Ranabhat/AFP/Getty Images)

Após distúrbios mortais no Nepal, o primeiro-ministro maoísta K.P. Sharma Oli não teve outra escolha senão renunciar.

Em Madagascar, o movimento levou à derrubada pelo Exército do presidente Andry Rajoelina, que fugiu para o exterior.

Na Tanzânia, os jovens participaram amplamente das manifestações pós-eleitorais, que foram reprimidas com violência.

A bandeira pirata do mangá One Piece (uma caveira com um chapéu de palha), frequentemente empunhada pelos manifestantes, tornou-se um símbolo da luta contra a opressão em vários continentes.

8. IA no foco

Entre vídeos que circulam nas redes sociais, uma tendência que marcou 2025 e deve seguir em 2026 é a inteligência artificial. Gigantes tecnológicos e startups especializadas gastaram somas cada vez mais colossais para financiar o crescimento desenfreado da IA.

De acordo com a consultoria americana Gartner, os gastos globais em IA devem atingir US$ 1,5 trilhão  (R$ 8,1 trilhões) em 2025 (+50% em um ano) e superar US$ 2 trilhões (R$ 10,7 trilhões) no próximo ano.

No entanto, as astronômicas avaliações de mercado do setor levantam temores de uma possível bolha especulativa.

As preocupações levantadas pela IA foram alimentadas por novos exemplos de desinformação, acusações de violação de direitos autorais ou demissões em massa.

9. Roubo "de cinema" no Louvre

Em 19 de outubro, um roubo cinematográfico aconteceu em um dos principais museus do mundo: o Louvre.

Alguns bandidos subiram em um elevador de carga normalmente usado para mudanças e quebraram uma janela. Com uma lixadeira, cortaram as vitrines de exposição e roubaram várias joias da Coroa, avaliadas em 88 milhões de euros (R$ 547 milhões). O assalto durou o total de oito minutos.

Elevador Agilo, da Böcker, foi usado pelos ladrões no roubo de joias no Louvre, em Paris, antes de a quadrilha fugir em menos de dez minutos (Divulgação)

Na hora da fuga, feita numa moto, os criminosos deixaram cair a coroa da imperatriz Eugenie, que foi encontrada danificada.

Três homens suspeitos de integrar o grupo foram rapidamente acusados do crime e presos, mas as joias roubadas ainda não foram recuperadas.

10. Fenômenos climáticos extremos

Inundações, ondas de calor, ciclones, tempestades devastadoras... as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global em decorrência da atividade humana tornam os fenômenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes, mortais e destrutivos, segundo os cientistas.

O furacão Melissa, um dos mais poderosos a atingir o Caribe, devastou regiões inteiras da Jamaica e inundou o Haiti e Cuba.

No sudeste asiático, as Filipinas foram atingidas em menos de dois meses pelos tufões Ragasa, Kalmaegi e Fung-wong. O Vietnã foi assolado por tempestades, inundações e deslizamentos de terra.

tornado-paraná-rio-bonito-iguaçu

Rio Bonito do Iguaçu: mais de mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas (Ari Dias/AEN/Divulgação)

Com o aumento das temperaturas, os incêndios florestais se intensificaram na Europa, onde foi alcançado um número recorde de hectares queimados durante o verão.

No Brasil, o Paraná foi atingindo por um ciclone que devastou a cidade Rio Bonito do Iguaçu, na região Centro-Sul do estado, que teve cercade 90% dos prédios comerciais e residenciais atingidos pelo evento climático. Ao menos 6 pessoas morreram e 400 ficaram feridas na cidade.

Nos Estados Unidos, incêndios provocados por raios causaram, em meados de julho, o fechamento da margem norte do Grand Canyon pelo restante da temporada turística.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpCaribeNicolás MaduroGeração ZProtestosFaixa de GazaUcrâniaRússia

Mais de Mundo

Trump teve 1º ano frenético, enquanto mundo 'aprende' a lidar com ele

Kiev é alvo de forte ataque aéreo da Rússia, dizem autoridades da Ucrânia

Entrada nos EUA: governo Trump vai coletar dados biométricos de estrangeiros

Após ataque de Trump contra terroristas, Nigéria diz estar disposta a novas medidas de segurança