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No atual ritmo de vacinação, pandemia acaba em 7 anos (mas antes para o Brasil)

A demora não acontece para todos: os EUA, por exemplo, já aplicam hoje uma em cada quatro doses de vacina da covid-19 no mundo, o que deve fazer o país atingir imunidade de rebanho ainda em 2021

Vacinação no Rio: por contagem da Bloomberg, a pandemia acabaria somente em sete anos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Vacinação no Rio: por contagem da Bloomberg, a pandemia acabaria somente em sete anos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2021 às 12h53.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2021 às 13h50.

Isso porque, até agora, a taxa diária de vacinação se encontra em 4,7 milhões de doses aplicadas por dia, segundo contagem feita pela Bloomberg. Em seu tracker diário com a contagem de vacinados no mundo, a agência aponta que, nesse ritmo, demorariam 6,7 anos para que a humanidade atingisse a chamada "imunidade de rebanho", com 75% da população imunizada.

A demora na vacinação deve afetar muito mais alguns países do que outros. Os países do hemisfério Sul, como na América do Sul, na África e em parte da Ásia estão muito atrás no número de doses diárias aplicadas na comparação com países como EUA, Israel e alguns países da Europa -- embora a vacinação também seja considerada abaixo do esperado nesses lugares.

Israel é o país que mais vacinou percentualmente sua população até agora: chegou a quase 60 doses da vacina aplicadas a cada 100 habitantes (entre primeira e segunda dose). Desse grupo, mais de 37% dos israelenses tomou ao menos a primeira dose.

Israel tem aplicado cerca de 107.000 doses por dia -- número muito menor que o de lugares como EUA, China, Reino Unido, e mesmo o Brasil --, mas tem uma população menor, de 9 milhões de habitantes. O programa de imunização também não tem incluído os palestinos, o que gerou críticas.

O Brasil tem cerca de 1,7% da população imunizada, tendo chegado neste domingo, 7, a mais de 3,5 milhões de vacinados contra o coronavírus, segundo o consórcio de imprensa formado por G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL.

Dessa forma, a média de doses diárias no Brasil é de pouco mais de 230.000 doses, ainda longe das mais de 1 milhão de doses diárias nos EUA e na China. Nesse ritmo, o Brasil demoraria mais de dois anos para vacinar a população.

Mas devido à expertise já acumulada pelo Brasil com o Programa Nacional de Imunização (PNI), que existe desde a década de 70, e a rede capilarizada do SUS, a expectativa é que o Brasil aumente em breve sua taxa de doses diárias.

A velocidade na vacinação deve aumentar com a chegada de novas doses e negociação da compra de outras vacinas (como a Sputnik V, no momento em negociação com o governo federal). O Butantan já começou a produzir mais doses da Coronavac com o insumo vindo da China, e a Fiocruz recebeu insumo neste fim de semana para fazer internamente a vacina de AstraZeneca/Oxford.

Uma das esperanças globais é também a vacina da Johnson & Johnson, que exige somente uma dose.

A velocidade no Brasil -- e no mundo -- também deve aumentar quando a vacina chegar a grupos mais numerosos, como idosos e outros profissionais essenciais para além dos profissionais de saúde, que foram prioritários neste momento.

Cientistas têm apontado que, com entra cerca de 70% e 85% da população vacinada, seria possível reduzir a transmissão do vírus e eventualmente. A Bloomberg tem usado nas estimativas uma taxa de 75% da população imunizada, de acordo com as declarações do infectologista Anthony Fauci, que atua no combate ao coronavírus no governo dos EUA -- primeiro na gestão de Donald Trump e, agora, no governo Joe Biden.

Vacinação contra o coronavírus no mundo, em taxa de doses a cada 100 habitantes: distribuição das vacinas tem sido desigual, mas expectativa é que velocidade de vacinação aumente no mundo nos próximos meses (Our World In Data)

Nos EUA, por exemplo, a taxa diária de doses aplicadas está em média de 1,4 milhão de vacinados por dia. Na prática, os americanos têm aplicado uma em cada quatro doses da vacina no mundo diariamente.

Nesse ritmo -- embora ainda aquém do que deseja o governo americano, que comprou milhões de doses para tentar antecipar sua vacinação --, o país atingiria 75% da população vacinada em dez meses, ou seja, por volta de novembro.

A China é o segundo país que mais vacinou no mundo, com mais de 31 milhões de doses aplicadas. Mas, diante da população de mais de 1 bilhão de habitantes, a China tem ainda uma taxa de somente 2,2 doses a cada 100 habitantes, muito abaixo das 12 doses por 100 habitantes dos EUA ou 18 por 100 habitantes do Reino Unido.

Tudo somado, com exceção talvez de Israel (que já imunizou um terço da população), praticamente nenhum país no mundo está satisfeito com seu atual ritmo de vacinação. No ano passado, analistas do mercado financeiro estimavam um retorno à normalidade mais rápido nos países ricos, já no segundo semestre -- uma demora maior do que isso nos países desenvolvidos pode aprofundar a crise econômica global.

Além disso, na economia globalizada do século 21, será necessário que uma parcela significativa da população mundial se vacina em todos os países para garantir que o vírus não sofra ainda mais mutações nos lugares não vacinados e siga se espalhando para o resto do mundo. Por isso, a Organização Mundial da Saúde afirma que são necessários esforços para que todo o planeta se vacine o mais rápido possível.

Especialistas têm apontado também que, para além da vacinação, é crucial neste momento que os cidadãos continuem seguindo medidas de isolamento, quando possível, e proteção do contágio, sobretudo pelo ar, com uso de máscaras de qualidade e evitando locais fechados. Como a vacinação deve continuar demorando a atingir a todos, na prática, a prevenção é ainda o melhor remédio.

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