Consolidação fiscal italiana prevê entre € 43 bilhões e € 48 bilhões de cortes (Giuseppe Cacace/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2011 às 16h07.
Roma - A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta quarta-feira que o plano de ajuste orçamentário e a reforma tributária aprovados pelo governo italiano em 30 de junho é um bom caminho para que a Itália possa manter a elevada qualificação creditícia de "AA-" que tem atualmente.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, a Fitch considerou que "o governo italiano provavelmente conseguirá reduzir o déficit fiscal como planejou" e, por isso, a agência manteve a perspectiva "estável" para a qualificação da Itália.
"O governo italiano apresentou um ambicioso plano de consolidação fiscal, que equilibraria o orçamento em 2014 e que situaria a relação entre a dívida pública e o PIB em uma trajetória descendente", afirmou a agência de qualificação.
O plano de ajuste orçamentário do governo italiano, que prevê uma economia de entre 43 e 48 bilhões de euros para 2014, será votado nesta quinta-feira no Senado e na sexta-feira na Câmara Baixa.
As fortes pressões dos mercados registradas durante esta semana, vinculadas à incerteza sobre a solvência do país, que tem uma dívida pública superior a 120% do Produto Interno Bruto (PIB), aceleraram a votação do plano de ajuste no Parlamento.
"À despeito dos eventos negativos, a adesão às metas fiscais dispostas pelo governo concordariam com a estabilização do perfil creditício soberano da Itália e a qualificação de 'AA-'", aponta o relatório da Fitch.
A Fitch, a única das três agências internacionais de medição de risco que não havia advertido a Itália sobre um possível rebaixamento de sua avaliação, indicou, no entanto, que um "adiamento material" nas metas fiscais de médio prazo poderia submeter sua qualificação soberana a "pressões para baixo".
"O pronunciado aumento no rendimento dos bônus italianos e de outros governos da zona do euro das últimas semanas reflete uma crise na confiança do mercado nas políticas europeias de resposta à crise da dívida da região, mais do que por razões de deterioração no crédito soberano", indica na nota David Riley, responsável de Qualificações Soberanas Globais da Fitch.
"A Itália está em um bom caminho para alcançar a meta de orçamento para este ano e as medidas adicionais recentemente anunciadas fortalecem a credibilidade em um orçamento equilibrado para 2014", acrescenta.
As outras duas agências de qualificação Standard & Poor's (S&P) e Moody's haviam apontado o fraco crescimento econômico da Itália como fator determinante para uma possível rebaixamento em sua qualificação creditícia diante do elevado nível de endividamento público, que está acima dos 120% do PIB.
A Fitch considerou que o aumento dos níveis de rendimento dos bônus de dívida italiana não impedirá que o país promova uma "redução gradual na relação entre dívida e PIB" durante o período, mas poderá desacelerar este processo.
A agência indica que suas previsões de crescimento para a economia italiana em 2011 são de 0,7%, contra 1,1% apontado pelo governo, e que, apesar disso, ainda espera que o Executivo de Silvio Berlusconi reduza o déficit fiscal para 3,9% do PIB.