Dividendos e JCP: empresas antecipam distribuição antes de tributação dos proventos (weerapatkiatdumrong/Thinkstock)
Redação Exame
Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 11h30.
A volta da tributação sobre lucros e dividendos após quase três décadas de isenção acelerou o calendário de distribuição de lucros das companhias listadas na B3. Com a nova alíquota de 10% de Imposto de Renda para quem ganha mais de R$ 50 mil em dividendos prevista para entrar em vigor a partir de janeiro de 2026, empresas com caixa robusto e alavancagem controlada vêm antecipando dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) para remunerar acionistas antes da mudança na regra.
Um levantamento do Itaú BBA contabilizou a distribuição de R$ 124 bilhões em dividendos de outubro até o último dia 16 de dezembro. Mas a cifra aumentou um bocado desde então, com diversas companhias anunciando a aprovação de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) desde então.
Esta semana a Justiça do Distrito Federal decidiu a favor de empresas do Paraná que entraram com uma ação para apurar dividendos com isenção até abril do ano que vem. Ainda que a liminar abra caminho para o tema da extensão do prazo ser discutido no Supremo Tribunal Federal (STF), o ano chega à reta final e as companhias, pelo visto, decidiram se antecipar.
Esta semana, a lista foi engrossada por nomes populares entre os investidores. Relembre os anúncios de proventos mais recentes e quem tem direito a recebê-los.
Os acionistas da WEG (WEGE3) aprovaram nesta sexta-feira, 19, o pagamento de R$ 5,196 bilhões em dividendos, calculados sobre reservas de lucros registradas nas demonstrações financeiras de setembro de 2025. O valor corresponde a R$ 1,238495019 por ação.
Os proventos serão pagos em três parcelas anuais, em agosto de 2026, 2027 e 2028, para os acionistas posicionados em 19 de dezembro de 2025. As ações passam a ser negociadas ex-dividendos a partir de 22 de dezembro.
Na quinta-feira, 17, a BB Seguridade (BBSE3) aprovou a distribuição de R$ 8,72 bilhões em dividendos, referentes ao lucro líquido de 2025. Do total, R$ 4,95 bilhões dizem respeito ao segundo semestre, somando-se aos R$ 3,77 bilhões pagos de forma intercalar em agosto.
O valor estimado por ação é de R$ 2,54996501627, com pagamento previsto em até 60 dias após a divulgação do balanço anual. As datas de pagamento e de negociação ex-dividendos serão informadas junto ao resultado de 2025, previsto para 9 de fevereiro de 2026.
O Bradesco (BBDC3; BBDC4) aprovou nesta quinta-feira, 18, o pagamento de R$ 3,9 bilhões em juros sobre capital próprio complementares, elevando para R$ 14,5 bilhões o total de JCP referentes a 2025, entre valores pagos e a pagar.
O valor bruto é de R$ 0,351190748 por ação ordinária e R$ 0,386309823 por preferencial, com pagamento até 31 de julho de 2026, já líquido de imposto. Terão direito os acionistas posicionados em 29 de dezembro, com ações negociadas ex-JCP a partir do dia 30.
Já o BTG Pactual (BPAC11) anunciou JCP com valor líquido de R$ 0,420769569 por unit, com pagamento em fevereiro de 2026.
A Sabesp (SBSP3) anunciou R$ 1,79 bilhão em JCP, equivalente a R$ 2,63 por ação, com pagamento em abril de 2026. A companhia também aprovou um aumento de capital de R$ 2,81 bilhões, via capitalização de reservas.
A Cemig (CMIG4) aprovou R$ 677,4 milhões em JCP, com pagamento em duas parcelas ao longo de 2026.
Já a Guararapes (GUAR3) anunciou a distribuição de R$ 1,488 bilhão entre dividendos e JCP, o que implica um yield próximo de 28%.
No setor de telecomunicações, a TIM (TIMS3) aprovou R$ 2,21 bilhões em proventos como antecipação da remuneração de 2025, enquanto a Telefônica Brasil (VIVT3) aprovou R$ 350 milhões em JCP, com pagamento até abril de 2026.
Com a mudança na tributação já contratada, o mercado avalia que novos anúncios ainda devem ser feitos nos últimos dias do ano, especialmente entre empresas com reservas de lucros relevantes.