Tesla (TSLA34) (Michele Tantussi/Reuters)
Quanto custará para a Tesla (TSLA34) o resultado decepcionante do segundo trimestre de 2022?
Essa é a questão que está deixando muitos investidores da Tesla e analistas do mercado preocupados.
Pois a situação da montadora mais capitalizada do mundo, cujo valor de mercado supera os US$ 700 bilhões, está cada vez mais complicada.
Quando Wall Street retomar as atividades após o feriado do Dia da Independência, deverá avaliar quais efeitos econômicos derivarão da queda de quase 18% das entregas de carros elétricos em relação ao trimestre anterior.
Na última segunda-feira, 4, o BDR da Tesla listado na B3 caiu 1,15%.
O maior produtor mundial de carros elétricos anunciou no último sábado que entregou 254.695 veículos no período entre abril e junho, em comparação com os 310.048 veículos entregues no trimestre anterior.
Analistas esperavam que a Tesla entregasse 295.078 veículos.
No mesmo período do ano passado o número era ainda menor, pouco mais de 200 mil. Ao longo de todo 2021 a Tesla entregou cerca de 1 milhão de veículos.
Boa parte do resultado negativo do segundo trimestre do ano deve-se essencialmente ao fechamento forçado da fábrica de Xangai entre abril e maio, devido à estratégia "zero Covid" do governo chinês.
Uma fábrica que, além disso, é provavelmente a mais lucrativa e eficiente das quatro plantas da Tesla espalhadas pelo mundo (Fremont e Austin nos EUA e Gruenheide na Alemanha são as outras três), graças aos baixos salários e alta produtividade.
Por causa do novo lockdown na China, vários analistas reduziram suas estimativas para cerca de 250.000 ao ano.
E é por isso que valor das ações este ano já sofreu uma forte queda, passando das máximas do dia 5 de novembro de 2021, quando chegou a beirar os US$ 1.222, para US$ 776 no dia 14 de março de 2022, para subir de volta para US$ 1.145 em 4 de abril, até uma nova baixa de US$ 628 registrada no dia 24 de maio.
Hoje a ação da Tesla na Nasdaq está listada em US$ 681,79.
Desde o início do ano, a queda das ações da Tesla foi de 35%, bem acima do índice Nasdaq, que perdeu "apenas" -30%.
O mercado puniu os papéis da Tesla após o anúncio do CEO, Elon Musk, da intenção de comprar o Twitter.
Mas também juntou as ações da montadora de carros elétricos as de outras empresas digitais, como as redes sociais, que estão em forte queda.
O segundo trimestre do ano encerrou a série de trimestre com entregas recordes da Tesla que duravam há quase dois anos.
As metas para 2022 previam a entrega recorde de 1,5-1,6 milhão de carros no ano. Uma alta de 50% em relação a 2021 imposta pessoalmente por Musk.
Mas com os números decepcionantes do 2T22, essa meta poderia ser reduzida para 1,4 milhão.
Além disso, os problemas não resolvidos de interrupções na cadeia de suprimentos também pesam nas perspectivas da Tesla.
Por exemplo, uma interrupção no fornecimento de baterias levou Musk a declarar em 22 de junho que as novas fábricas de Austin e Gruenheide são "fornos que queimam bilhões" porque não produzem o suficiente.
Segundo a mídia alemã, após ser inaugurada em março deste ano, a mega-fábrica de Berlin ficará parada por duas semanas em julho devido a uma série de problemas que causaram uma produção de apenas mil carros elétricos por semana.
Um número que representa um décimo do que o esperado.
E isso gera mais uma dificuldade me atingir as metas do ano.
A boa notícia para os investidores vêm o mês de junho, que foi o mais produtivo da história da empresa. Mas isso não foi o suficiente para compensar as perdas de abril e maio, por causa do lockdown na China.
O enfraquecimento do ritmo de crescimento da economia americana também não ajudará os números da Tesla esse ano.
O próprio Musk, em várias ocasiões, falou abertamente do fato que a economia dos EUA caminha para uma recessão.
Aparentemente, o problema não vai aparecer tão cedo para a Tesla, pois a procura do Model Y ainda é 15-20% superior à oferta. E isso permitiu também reajustar os preços para cima, aumentando a rentabilidade da empresa.
Musk, no entanto, confirmou que vê uma tempestade no horizonte. E isso o levou a anunciar um corte de 10% da força de trabalho, cerca de 10 mil funcionários.
No final de junho, 200 funcionários temporários de uma sede da Tesla na Califórnia, que trabalhavam no sistema de direção assistida (o famoso "piloto automático da Tesla") não tiveram seus contratos renovados.
Como tudo isso não fosse suficiente, Musk está enfrentando uma ação do governo da China, que há algumas semanas proibiu a condução de carros da Tesla nas proximidades de estruturas governamentais ou militares. De fato, uma pre-acusação de espionagem, que poderia ser o prelúdio a maiores restrições.
E, cereja no bolo, um estudo do Bank of America (BOAC34) mostra como o domínio do mercado de carros elétricos por parte da Tesla deixará de existir em 2025.
Em três anos, indica a análise do banco americano, a Tesla vai passar de uma participação de 70% do mercado para apenas 11%.
A maior parte do mercado dos carros elétricos será dividida igualmente entre General Motors (GMCO34) e Ford, ambas com 15%, enquanto a Tesla estará apenas na 15ª posição.
Em conclusão, estão chegando tempos nada fáceis para a Tesla e par seu eclético CEO, Elon Musk.