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Temporada de balanços nos EUA: Citi e Morgan divergem sobre impacto nas ações

Inflação e ameaça de recessão podem impactar resultados das empresas no segundo trimestre

Ações dos EUA caíram neste ano com inflação e temores de uma recessão econômica (MicroStockHub/Getty Images)

Ações dos EUA caíram neste ano com inflação e temores de uma recessão econômica (MicroStockHub/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 11 de julho de 2022 às 13h59.

Última atualização em 11 de julho de 2022 às 14h21.

Os estrategistas do Citigroup e do Morgan Stanley estão divididos sobre o impacto da temporada de balanços nas ações dos Estados Unidos no segundo semestre do ano.

Segundo o Citi, as ações americanas devem se recuperar no restante de 2022, uma vez que os lucros corporativos permanecem resistentes à inflação alta e à desaceleração do crescimento econômico.

“O posicionamento atual em relação ao risco e a resiliência dos lucros no segundo semestre convergem para uma reversão média mais alta no final do ano”, disseram os estrategistas do Citi liderados por Scott T. Chronert. Eles esperam que o S&P 500 termine este ano em 4,2 mil pontos — cerca de 7,7% acima do último fechamento e uma queda de 12% para o ano inteiro.

Essa visão contrasta fortemente com a de Michael J. Wilson do Morgan Stanley, um dos pessimistas mais vocais de Wall Street, que diz que os balanços nos EUA enfrentam outro “grande vento contrário” de um dólar em alta. Ele espera que a recente alta nas ações se dissipe. Wilson diz que o mercado de baixa do S&P 500 continuará e vê o valor justo do índice entre 3,4 mil e 3,5 mil pontos em caso de pouso suave da economia, e 3 mil em uma recessão, o que representaria 23% de queda em relação ao fechamento de sexta-feira.

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Os estrategistas do Citi esperam que a economia americana permaneça resiliente no segundo semestre e dizem que o risco de recessão é mais provável no início ou meados de 2023. Eles apontam que há uma forte correlação entre a trajetória de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o crescimento dos lucros, e no passado tem sido comum que os lucros aumentem à medida que o Fed aperta sua política monetária e se contraiam à medida que o banco central flexibiliza em resposta à fraqueza econômica.

“A disparada da inflação que começou há cerca de um ano tem sido um aspecto sobretudo positivo para o crescimento dos lucros”, escreveram os estrategistas. “Não esperamos um novo paradigma estrutural neste momento, mas achamos que os ventos a favor dos lucros atuais podem continuar no curto prazo.”

As ações dos EUA caíram neste ano com uma mistura tóxica de preços em alta e temores de uma recessão econômica alimentados por um Federal Reserve hawkish (favorável a juros mais altos). O S&P 500 ensaiou uma recuperação depois de cair em um mercado de baixa, mas os ganhos foram limitados por temores de que a temporada de balanços do segundo trimestre, que começa nesta semana, mostre cortes acentuados nas estimativas das empresas em meio a uma deterioração das perspectivas do consumidor.

“Qualquer combinação de desaceleração da atividade econômica, leituras de inflação em desaceleração ou uma pausa na trajetória esperada do Fed desencadearia um final de ano mais forte”, disseram os estrategistas do Citi.

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