Tebet no Planejamento, prévia da Multiplan, demissões na Amazon e o que mais move o mercado
Petróleo e gás natural voltam a subir, após fortes quedas no início do ano; bolsas oscilam perto da estabilidade
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de janeiro de 2023 às 08h01.
Última atualização em 5 de janeiro de 2023 às 10h13.
As sinalizações da ata do Fomc de que os juros americanos permanecerão altos ainda por "algum tempo" para controlar a inflação tiveram efeitos limitados sobre o mercado internacional na última tarde, com bolsas fechando em alta e os juros futuros em queda.
Apesar do tom mais duro da ata, desvalorizações de commodities energéticas, como petróleo e gás natural, estiveram por trás do maior otimismo, com economistas projetando uma menor pressão inflacionária daqui para frente. Em apenas dois dias, o petróleo brent caiu cerca de 10% e o gás natural negociado na Europa, 16%.
Mas o cenário que se desenha nesta quinta-feira, 5, é diferente. Com o petróleo e o gás recuperando parte das últimas perdas nesta manhã, a cautela volta a predominar nas bolsas de valores. Índices de Wall Street, que fecharam o último pregão em alta, operam apenas próximos da estabilidade no mercado de futuros, enquanto bolsas da Europa flertam com a primeira queda do ano.
A condução da política monetária do Fed segue como chave para entender a direção dos mercados em 2023. Mas investidores ainda se dividem entre sobre o ritmo das altas de juros para as próximas reuniões. Enquanto parte do mercado aposta em mais uma elevação de 0,5 ponto percentual em fevereiro, outra, acredita em uma alta mais branda, de 0,25 p.p., que levaria o juro americano ao intervalo de 4,5% e 4,75%.
Com a inflação dando sinais de arrefecimento nos Estados Unidos, a magnitude das altas de juros podem depender dos dados do mercado de trabalho americano. Na véspera, dados de ofertas de vagas referentes ao mês de novembro voltaram a sair acima das expectativas, revelando o maior desafio de empresas em encontrar funcionários -- o que aumenta a pressão por salários e, consequentemente, a inflação.
Nesta quinta, os números de empregos privados de dezembro, compilados pelo Instituto ADP, devem adicionar um novo capítulo a essa história. O consenso é de que 150.000 postos privados tenham sido criados em dezembro ante 127.000 no mês anterior. A divulgação, prevista para às 10h15, deverá ser uma prévia para os dados oficiais do mercado de trabalho americano que serão divulgados na sexta-feira, 6.
Desempenho dos indicadores às 8h (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): + 0,02%
- S&P 500 futuro (Nova York): + 0,05%
- Nasdaq futuro (Nova York): + 0,14%
- FTSE 100 (Londres): + 0,42%
- DAX (Frankfurt): - 0,06%
- CAC 40 (Paris): - 0,15%
- Hang Seng (Hong Kong)*: + 1,25%
Ibovespa tem primeira alta do ano
Enquanto juros e inflação seguem como os principais temas do mercado internacional neste início do ano, no Brasil, nada tem tido mais peso do que as movimentações (e especulações) políticas. Após o início de ano conturbado, com os receios fiscais derrubando o Ibovespa em 5% nos dois primeiros pregões do ano, a bolsa brasileira registrou sua primeira alta de 2023 no último pregão.
O que ajudou foram as declarações de Jean Paul Prates, indicado para a presidência da Petrobras, que afirmou que a estatal manterá a política de paridade internacional de preços. Prates defende a criação de um fundo com dinheiro do governo, para compensar a Petrobras em momentos de crises de preços ou de abastecimento, reduzindo o efeito sobre o consumidor final.
Tebet no Planejamento
Nesta quinta, o principal evento político deverá ser a posse de Simone Tebet no Ministério do Planejamento, considerado o segundo mais importante no campo econômico, atrás apenas da Fazenda, liderada por Fernando Haddad. A expectativa, agora, é para os nomes que irão compor a pasta junto com Tebet. A autonomia da escolha dos nomes, segundo a CNN, foi um dos requisitos para Tebet ter aceitado o cargo.
Prévia da Multiplan
Com a temporada de resultados do quarto trimestre próxima do início, algumas empresas já tem divulgado suas prévias operacionais do período. Na última noite foi a vez da Multiplan, uma das maiores adminsitradoras de shoppings do país.
No trimestre, a companhia registrou R$ 6,3 bilhões em vendas, alta de 12,9% na comparação anual e de 22% se comparado ao mesmo período de 2019, antes da pandemia. Um dos propulsores do resultado foram as vendas da Black Friday, que saltaram 18,9% se comparadas às da Black Friday de 2021. Já as vendas da semana do Natal, que tiveram alta de 12,7%, atingiu nível recorde na empresa. No ano, as vendas dos shoppings da Multiplan subiram 37,1% para R$ 20 bilhões.
Onda de demissões na Amazon
A Amazon informou a demissão 18.000 funcionários, já considerando as reduções de postos de trabalho feitas em novembro. Segundo comunicado publicado no próprio site da empresa, mais desligamentos devem ocorrer no início deste ano. A companhia atribuiu as demissões às "incertezas econômicas" e ao ritmo acelerado de contratações nos últimos anos. A empresa pretende falar com funcionários afastados a partir do próximo dia 18.
A Amazon disse que costuma avisar os funcionários diretamente impactados pelas demissões para só então fazer o comunicado oficial, mas que decidiu se pronunciar sobre o tema pelo fato de a informação ter vazado. A notícia havia sido antecipada na última noite pelo WSJ. As ações da Amazon são negociadas em alta no pré-mercado da Nasdaq.