Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito e líder da equipe de transição (Paulo Whitaker/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de novembro de 2022 às 07h43.
Última atualização em 11 de novembro de 2022 às 08h02.
O mercado brasileiro chega para o pregão desta sexta-feira, 11, em clima de preocupação sobre os rumos fiscais do país durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Embora a bolsa e até o dólar tenham, inicialmente, reagido de forma positiva à vitória petista nas eleições, a lua de mel entre Lula e investidores não durou mais de duas semanas.
O sinal de desaprovação se refletiu no último pregão, quando o Ibovespa caiu mais de 3% em sua pior performance do ano, após Lula levantar dúvidas sobre o cuidado que terá com as contas públicas. Em dicurso na sede de transição de seu governo, o presidente eleito atacou o anseio do mercado pela responsabilidade fiscal, chegando a questionar "por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gastos não discutem a questão social deste país?".
As reações no mercado, que leu o discurso como populista, foram imediatas, com queda da bolsa e disparada do dólar e dos juros futuros. Após as reações negativas, Lula minimizou o caso, dizendo que o "o mercado fica nervoso à toa".
Mas para além do discurso, a lupa de investidores está nas discussões sobre a PEC da Transição, negociada entre parlamentares e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin. Segundo o senado Marcelo Castro, relator-geral do orçamento de 2023 a PEC deve ser apresentada nesta sexta e trará detalhes sobre os valores que ficarão de fora do teto de gastos. O início da tramitação, no entanto, deve ficar para a semana que vem.
A PEC, ainda de acordo com Castro, deve propor que os gastos com Bolsa Família fique definitavemente fora do teto, abrindo um espaço de R$ 105 bilhões no orçamento.
A turbulência ainda nas primeiras semanas após o resultado das eleições tem blindado o mercado brasileiro da euforia no exterior. Na quinta-feira, 10, enquanto a bolsa desabava no Brasil, investidores internacionais comemoravam a desaceleração acima da esperada para Índice de Preço ao Consumidor dos Estados Unidos. O dado era considerado uma preça-chave do quebra-cabeça do Federal Reserve, que, apostam os investidores, deverá ser mais brando no controle da inflação a partir de agora.
Expectativas de um aperto monetário mais suave provocaram a disparada de bolsas de Wall Street, com o S&P 500 fechando com mais de 5% de alta e o Nasdaq subindo mais de 7%.
O que explica a forte reação aos dados da Ainda que em menor ímpeto, o clima segue positivo no exterior, com índices futuros de Nova York sinalizando mais um dia de alta e bolsas da Europa voltando a subir.
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Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):
Nenhum índice, no entanto, superou a alta do Hang Seng, de Hong Kong, que disparou 7,74% nesta madrugada. Por lá, além dos efeitos de um Fed mais brando, investidores repercutiram a suavização do controle da covid-19 na China. A boa notícia veio da redução do período de quarentena para viajantes que chegam ao país. Embora o efeito da medida seja economicamente limitado, investidores acreditam que este tenha sido apenas um passo para uma maior flexibilização no país.
O otimismo do mercado chinês também ajudou a impulsionar o preço do minério de ferro, que chegou a disparar 5% em Dalian. Em Singapura, a commodity chegu a subir mais de 8%. Tamanha valorização deve ajudar a puxar as ações da Vale. Nesta manhã, as ADRs da mineradora são negociadas em alta de mais de 2% no pré-mercado americano.
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Além dos ventos macroeconômicos, investidores seguem atentos à renta final da temporada de balanços. Com mais de 90 resultados divulgados na véspera, a tendência é de mais um dia agitado na bolsa, com investidores colocando nos preços os números do terceiro trimestre. Magazine Luíza (MGLU3), Via (VIIA3), Itaú Unibanco (ITUB4), Americanas (AMER3), JBS (JBSS3), Raízen (RAIZ4), brMalls (BRML3), Marfrig (MRFG3), IRB Brasil (IRBR3) e B3 (B3SA3) foram algumas das empresas que divulgaram balanço na última noite.
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